sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

TIRANDO A PROPAGANDA DESBRAGADA, O QUE FOI ESSE GOVERNO LULA?

por Maria Helena Rubinato

A complexidade do ser humano chega a ser aterradora. Somos todos muito complicados, os singelos, os humildes, os instruídos, os inocentes, os vividos, os jovens, os velhos. Cada um de nós é uma caixinha de surpresas.

Hoje, não há como deixar de citar Lula como exemplo de complexidade. Uma caixinha das mais cheias de nós e fios embaraçados, o todo acentuado pela circunstância de ser 31 de dezembro de 2010 o último dia de seu segundo mandato.

Há quem ache que ele é megalômano. Outros que sua arrogância é tamanha que ele sequer percebe o ridículo em que se coloca, frequentemente exibindo qualidades que não tem, ou criando fatos para constar em sua biografia que são ou inverídicos ou exagerados.

Estive, até bem pouco tempo, entre os que só viam nele o vaidoso irrecuperável, o pavão, o espaçoso que ele é. Mas nos últimos dias passei a ter muita pena dele. O homem Lula está sofrendo uma barbaridade!

Não creio que seja pelo fim do poder, como pensei até pouco tempo atrás. Ele armou tudo de modo a não perder o poder real nem tão cedo e se baseia em qualidades que, pelo visto, Dilma Rousseff cultiva - a gratidão e a lealdade para com os seus. E de Lula ela é devedora, não apenas do mais alto cargo do país, mas de muito mais: de ter se transformado, em tão pouco tempo, naquilo que os americanos chamam de "household name".

Seu sofrimento, a meu ver, é outro. Cada palavra, cada frase que ele diz desde que sua herdeira venceu as eleições, é uma lágrima que verte em silêncio por não ver reconhecidas, pelas pessoas que para ele contam, as qualidades e os feitos que acha que tem ou que acha que realizou.

Podem os jornais do mundo inteiro, e até os nossos, dizer maravilhas dele, isso só não bastaria. A popularidade fantástica, a adoração, nada disso susbtitui o que mais lhe faz falta: o reconhecimento, pelas pessoas que a ele importam, em praça pública, que "Lula é simplesmente sensacional". É disso que se trata. É porque isso lhe falta que ele vem ocupando seus dias em fazer, a si mesmo, os maiores elogios.

Já que "aquelas" pessoas não falam que ele é sublime, ele fala.

Se quisermos ser bem sinceros, veremos que, no fundo, somos todos assim. É muito bom ser amado, mas se aquelas pessoas que mais amamos não nos amam, tudo o mais perde o brilho. Passando do particular para o geral, deve ser a mesma coisa: de que adiantam os aplausos de milhões, se aquele punhado de pessoas cuja opinião mais respeitamos e admiramos continua a nos vaiar?

Penso que não há como julgar todo o governo Lula agora. Seria temerário. Tudo a seu tempo. Ou incorreríamos no mesmo erro dele: julgar sem apoio na realidade.

Por enquanto, eu me limito a ver seu governo como as obras de reforma no Palácio do Planalto: demoradas, carísssimas, e com poquíssimo tempo de uso já precisando ser reformadas.

Creio que por ora só dá para analisar o homem Lula. O pavão que ainda precisa conquistar quem mais admira para poder abrir sua cauda e brilhar com prazer. Quando, e se, até sua voz for considerada linda.

O governo, esse ficará para o porvir.

LULA, O ENGRAÇADINHO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Palácio do Planalto nesta sexta-feira, após cumprir todas as atividades de seu último dia de governo. Na saída, Lula acenou do carro oficial para populares que estavam em frente ao Planalto.

A algumas horas de deixar o cargo, ele disse que poderá sair "correndo" para não repassar a faixa presidencial à sucessora.

"Se ela [Dilma] vacilar eu saio correndo. Quero ver ela correr atrás de mim na Esplanada, atrás daquela faixa. Por isso é que eu me preparei fisicamente, ela disse que parou de andar, então ela vai estar menos preparada do que eu, fisicamente", disse durante solenidade de despedida com servidores do governo e do Palácio do Planalto.

O que todos acham que é uma brincadeira, lá no íntimo de Lula é um desejo verdadeiro, foi o presidente mais apegado ao cargo da história deste país.

O primeiro anúncio do Palácio do Planalto nesta sexta-feira foi a decisão do presidente Lula de negar a extradição do ex-militante italiano Cesare Battisti, preso no Brasil há quatro anos.
O governo italiano tinha declarado que se Lula nao extraditasse Cesare Battisti, o Brasil não seria um destino recomendado aos italianos, pois se trataria de um país que deixa livres, assassinos em suas ruas!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O ASSASSINO BATTISTI PODE SER LIBERTADO POR LULA

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse na quinta-feira que seria inaceitável se o ex-ativista italiano Cesare Battisti não for extraditado pelo Brasil.

A imprensa brasileira informou na quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia decidido não extraditar Battisti, condenado à revelia por assassinatos em seu país. O governo ainda não se pronunciou sobre o caso.

O gabinete de Berlusconi destacou em nota que a possível preocupação com a deterioração do bem-estar de Battisti se ele fosse extraditado para a Itália deve ter influenciado a decisão de Lula, que ele pretende declarar como "incompreensível e inaceitável".

"O presidente Lula terá de explicar a decisão, não apenas ao governo italiano, mas a todos os italianos e em particular às famílias das vítimas", acrescentou.

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou no ano passado que Battisti deveria ser extraditado após ser condenado em seu país por assassinatos cometidos na Itália na década de 1970, quando grupos radicais de extrema esquerda promoveram uma campanha de violência.

Mas a decisão final cabe a Lula, que concedeu a Battisti o status de refugiado em 2009 e encerra seu segundo mandato na Presidência em 1o de janeiro. No começo da semana Lula disse que tomaria uma decisão até sexta-feira. Seus assessores afirmaram na quarta-feira que não havia ainda nenhuma decisão formal.

Mais cedo na quinta-feira, o ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, declarou que as relações do país com o Brasil ficariam seriamente abaladas se Battisti não for extraditado.

"Ninguém deveria imaginar que um 'não' à extradição de Cesare Battisti não teria conseqüências", disse La Russa ao diário Corriere della Sera, em entrevista publicada na quinta-feira.

"Eu consideraria isso um grande dano às relações bilaterais."

La Russa, integrante da ala direitista do governista partido Povo da Liberdade, é considerado um ministro próximo de Berlusconi, mas não está claro o quanto suas opiniões refletem a atual política governamental.

"Até onde eu sei, estou pronto para adotar outras iniciativas", ele declarou. La Russa não deu nenhum exemplo concreto, mas disse que estaria preparado para dar apoio a boicotes não especificados contra o Brasil.

No entanto, ele afirmou que um acordo de cooperação militar com o Brasil, prestes a ser aprovado pelo Parlamento italiano em 11 de janeiro, estava muito avançado para ser afetado.

"É tarde para isso. O governo já fez o que tinha de fazer. O resto cabe ao Parlamento", disse ele.

Battisti fugiu de uma prisão italiana em 1981 e viveu muitos anos na França, mas deixou o país quando o governo francês aprovou sua extradição, em 2006. Ele foi preso depois no Brasil.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MUDAR O NOME DE TUPI PARA LULA É PUXA SAQUISMO DESBRAGADO

O deputado federal e vice-presidente do DEM, Ronaldo Caiado (GO), defendeu nesta quarta-feira, 29, que o Ministério Público Federal (MPF) peça na Justiça uma ação de improbidade administrativa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela mudança do nome do poço Tupi, da Petrobras, para "Lula", anunciada hoje pela estatal.

"Fui informado sobre o gesto do presidente da Petrobras em mudar Tupi para Lula. O que se espera é que o Ministério Público seja no mínimo eficiente, o que é obrigação dele, e encabece a ação pelo descumprimento da Constituição Federal", disse Caiado.

Segundo o parlamentar, o batismo de Lula a uma plataforma de petróleo fere o artigo 37 da Constituição que determina que a publicidade de programas e obras tenham caráter educativo, informativo ou de orientação social e não constem nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores.

"E o presidente da Petrobras (José Sérgio Gabrielli) se acha no direito, em uma ação de ''puxa-saquismo'', de mudar o nome e descumprir a lei", afirmou. "Dizer que é norma que se coloca nome de peixes e da fauna marinha é achar que pode ser maior que a Constituição", completou Caiado.

SEM INAUGURAÇÃO, LULA LANÇA PEDRAS FUNDAMENTAIS

Lula, não tendo nada prá inaugurar, lança pedra fundamental e faz palanque para destilar seu ódiio. Hoje lançou a pedra fundamental da Fiat em Pernambuco e fez mais um discurso revanchista, auto-elogiando sua ignorancia e atacando os governos anteriores, a grande imprensa e todos os brasileiros que não concordam com ele.
Esse homem transpira recalque e raiva! Veja essa frase pinçada do seu discurso: "Amanhã, vou pirraçar no Ceará! Vou anunciar uma refinaria lá!' E essa outra: "Eduardo(gov. de Pernambuco), vc que ganhou o segundo mandato, corre porque 4 anos passa rápido quem nem "disgraça'!"

Assim, em discursos cada dia mais toscos, se despede o presidente de maior complexo de inferioridade da história deste país!
"Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver os problemas da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México", afirmou Lula nesta quarta-feira na Bahia, em sua última viagem oficial como presidente.

A afirmação acima, se compara àquela piada em que o sujeito foi cortar o galho da árvore e se sentou na ponta do galho. Total desequilíbrio!

O seu programa "Minha Casa, Minha Vida" que prometia 1 milhão de casas, fez pouco mais de 200 mil unidades em todo o país. E já tem leilão de casa desse programa na Caixa Econômica Federal por inadimplencia!

Lula fez o oposto do óbvio em boa parte de sua gestão. Na educação, deu prioridade à multiplicação de faculdades e à ampliação de matrículas em cursos universitários. Fez muito barulho com esse tipo de ação, realizável sem esforço e muito rentável politicamente.

Mas deixou em plano inferior questões muito mais urgentes. A educação fundamental continua muito ruim, a taxa de analfabetismo funcional pouco variou (cerca de um quinto dos brasileiros com 15 anos ou mais) e o acesso ao nível médio permanece afunilado. Tudo isso tem sido confirmado pelo IBGE e pelo fracasso dos estudantes brasileiros nos testes internacionais.

Lula também não fez o óbvio em relação ao sistema político. A liberdade de imprensa é obviamente essencial à democracia, mas o governo petista várias vezes tentou restringi-la. No primeiro mandato, o presidente mandou ao Congresso um projeto de censura (essa palavra resume bem o propósito). A tentativa foi repelida e ele negou sua responsabilidade. O Executivo, segundo ele, apenas enviou ao Legislativo um projeto concebido fora do governo. Não haveria uma desculpa menos grotesca?

"Eu saio da presidência, mas não pensem que vão se livrar de mim, porque vou estar nas ruas desses país para ajudar a resolver os problemas do Brasil."- disse Lula.

Apesar das pesquisas dizerem que Lula tem aprovação recorde. Não se vê a correspondencia disso nas ruas. Ninguém está preocupado com a saída dele e muito menos se encontrará gente disposta a derramar uma lágrima sequer!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LARGA O OSSO!

Miriam Leitão, O Globo

Não faz sentido agradecer a um governante pelo respeito às regras democráticas. É obrigação. Portanto, não estou entre os que exaltam o presidente Lula pelo fato de ele não ter tentado permanecer. Até ele vê assim. "Se você pede o terceiro mandato, quer o quarto, se pode pedir o quarto e por que não o quinto? Aí você está criando uma ditadurazinha", disse ontem Lula aos jornalistas.

Houve artigos nesses dias de balanço que ressaltaram, como um dos grandes méritos do presidente Lula, o de ter respeitado as regras democráticas e de não ter pleiteado um terceiro mandato. Como se tivesse dependido unicamente de sua vontade. Teria que ser feita uma emenda à constituição e isso, certamente, detonaria uma reação forte da sociedade.

O Brasil não é a Venezuela. Passamos por caminhos diferentes. Com todos os defeitos que tem o sistema político brasileiro, a democracia aqui foi uma dolorosa conquista. Minha convicção é que mesmo sendo um governante popular, ao fim do mandato, Lula poderia ter sido derrotado em sua tentativa de mais um mandato.

Uma reeleição é comum em inúmeras democracias, um terceiro mandato já é um continuísmo intolerável. O presidente Hugo Chávez manipulou as instituições e minou a democracia, por isso tem conseguido a reeleição perpétua, a "ditadurazinha".

Outro mérito de Lula teria sido o de ter mantido a política econômica do governo anterior. Foi de fato importante: para o país, para a estabilidade econômica, mas principalmente para ele mesmo. Dificilmente Lula teria conseguido mais um mandato em 2006 se a inflação tivesse voltado a subir. Se o escândalo do Mensalão tivesse encontrado o país com patamares altos de inflação, certamente a história teria sido outra.

As tentativas de confundir o que foi o caso de corrupção foram tantas, que é preciso lembrar. O Mensalão não foi o único escândalo no governo do partido que, durante 20 anos, se apresentou como sendo o guardião da ética na política, mas sem dúvida foi o pior. A corrupção foi confirmada na CPI, na investigação do Ministério Público, no voto do ministro Joaquim Barbosa e na aceitação do voto pelo plenário do Supremo Tribunal Federal.

Dinheiro sem origem comprovada era distribuído a deputados da base governamental, num esquema alimentado por um publicitário que prestava serviços ao governo, e o denunciante foi um deputado da base parlamentar. Até o publicitário da campanha de Lula em 2002, Duda Mendonça, admitiu no Congresso ter recebido em dinheiro vivo ou em contas no exterior. Lula se debate contra os fatos mudando as versões há cinco anos. Primeiro, disse que foi um fato banal. Depois, se disse traído. Distanciou-se do PT. Mais recentemente, alegou que foi uma tentativa de golpe da oposição, e depois, que foi um caso de erro da imprensa como o da Escola Base.

A verdade é que foi um caso espantosamente grave de corrupção. Se ele tivesse explodido no meio de uma economia desorganizada pela volta da inflação, certamente, Lula não teria tido condições políticas de conquistar mais um mandato.

OS FILHOS DE LULA

da Folha de São Paulo

Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas holdings --sociedades criadas para administrar grupos de empresas--, a LLCS Participações e a LLF Participações.

Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas.

A Folha constatou, porém, que apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários.

Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões, e seu capital registrado é de R$ 5,2 milhões. Ela tem como sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%.

As demais cinco empresas não funcionam nos endereços informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São Paulo. São, por assim dizer, empreendimentos que ainda não saíram do papel.

As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se preparam para atuar nos ramos de entretenimento, tecnologia da informação e promoção de eventos esportivos.

São segmentos em alta na economia, que ganharam impulso do governo federal --Lula, por exemplo, foi padrinho das candidaturas vitoriosas do Brasil para organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

SÓCIOS

Na maioria desses negócios, Lulinha e Luís Cláudio têm como sócios pessoas próximas de Lula.

Um dos mais novos empreendimentos da dupla, a holding LLCS, por exemplo, foi registrada no endereço da empresa Bilmaker 600, na qual os dois não têm participação societária.

A Bilmaker tem como controlador o engenheiro Glaucos da Costamarques, 70, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula.

Os outros sócios da Bilmaker, Otavio Ramos e Fabio Tsukamoto, são sócios de Luís Cláudio, filho do presidente, na ZLT 500, empresa de produção e promoção de eventos esportivos.

Assim como a holding, a ZLT também só existe no papel. Está registrada num endereço no Morumbi onde há só uma casa abandonada.

Criada em julho, a ZLT tem ainda como sócio José Antonio Fragoas Zuffo, empresário da região do ABC.

Sócio na Bilmaker e na ZLT, Otávio Ramos disse à Folha que não sabia que os filhos de Lula haviam registrado uma empresa na sede da Bilmaker.

"Isso me preocupa. Vou ligar para eles. Não sabia nem da existência dessa holding. Não sei nem do que se trata nem quero saber", disse.

Ramos afirmou que a empresa não faz negócios com o governo para não gerar especulações. "Somos amigos deles e já iriam ver maldade." A Bilmaker, disse, é uma empresa de exportação e importação de "qualquer coisa".

A outra holding criada pelos filhos de Lula neste ano, a LLF, foi registrada no prédio da PlayTV, emissora de jogos on-line.

Os programas da PlayTV só são veiculados na Sky, que distribui o canal como cortesia, e pela OiTV. A PlayTV é controlada pela Gamecorp, o maior dos empreendimentos de Lulinha.

A Folha acompanhou um dia de programação e não viu anúncios publicitários.

Inaugurada em dezembro de 2004, a Gamecorp recebeu injeção de R$ 5 milhões da telefônica Telemar (hoje Oi), num negócio investigado pela Polícia Federal há três anos --sem resultados.

Quando se soube em 2006 que a Oi, então Telemar, havia se associado à Gamecorp, o presidente Lula disse à Folha que seu filho era o "Ronaldinho" dos negócios.

"Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", afirmou. No final de 2009, a empresa tinha capital negativo.

G4

Meses antes de a Gamecorp ser constituída, Fábio Luís se tornou sócio da G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, tendo como parceiros filhos de um velho amigo de Lula, Jacó Bittar, fundador do PT e ex-prefeito de Campinas, hoje no PSB.

Foi por meio da G4 que Lulinha virou sócio de outra empresa, a BR4 Participações, criada em 2004, e que, três anos depois, ganhou como sócio Jonas Leite Filho, sobrinho do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB).

Jonas Leite é conhecido pelo projeto que criou a versão da Bíblia lida pelo apresentador Cid Moreira, da TV Globo, um sucesso de vendas. A BR4 é, por sua vez, acionista da Gamecorp.

OUTRO LADO

Lulinha disse à Folha que sua evolução patrimonial nos últimos oito anos está de acordo com suas atividades profissionais e com seus ganhos.

O mesmo afirmou o seu irmão Luís Cláudio. "É público e notório: trabalho com futebol e tive o retorno compatível com a minha atividade profissional em grandes clubes do país, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos", afirmou.

Luís Cláudio disse que a LLCS foi registrada no endereço de outra empresa porque o negócio está no início.

"Ainda estou procurando um local definitivo para a sede. Por ora, ela possui apenas um endereço de referência, que poderá se tornar definitivo caso eu consiga locar uma sala da Bilmaker, gerida por grandes amigos meus."

Com relação à outra holding inaugurada pelos dois em agosto deste ano, a LLF, Luís Cláudio disse que caberia ao irmão responder, o que não foi feito.

Sobre outra empresa criada no papel, a ZLT 500 Sports, Luís Cláudio disse que ela "irá atuar também no ramo esportivo, mais especificamente, na área de gestão de eventos esportivos".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FERNANDO HENRIQUE DIZ QUE NÃO COMPREENDE DILMA


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou não ter "imaginação suficiente" para completar lacunas no raciocínio da próxima ocupante do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff.

"Tenho dificuldade mesmo. Você sabe que eu sou curto de inteligência, às vezes eu não consigo. Ela não termina o raciocínio, e eu não tenho imaginação suficiente para saber o que ela ia dizer", disse, em tom de brincadeira, após ser questionado por Diogo Mainardi, um dos entrevistadores do programa "Manhattan Connection".

A entrevista foi ao ar na noite de domingo (26), no canal GNT.

Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro, Dilma sairá com vantagem na largada, segundo FHC: "Vai pegar uma economia em bom momento", embora se depare com "uma situação fiscal bastante difícil também".

Antes de discorrer sobre o país que Dilma herdará, o tucano elogiou sua própria gestão.

"Eu mudei o Brasil. Vamos dizer com clareza, sem falsa modéstia. O Brasil era um antes da consolidação da economia e passou a ser outro."

Quando Lula assumiu, em 2003, a situação do país era menos dócil. Mas a culpa, para FHC, é do próprio petista. "O ano que ele pegou piorou por causa dele. Por causa do medo que os mercados tinham do que ele dizia que ia fazer e que, para a sorte de todos nós, não fez."

FHC criticou um dossiê com gastos dele e de sua mulher, Ruth Cardoso, morta em 2008, montado sob comando da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.

O dossiê com dados sigilosos, que veio à tona na crise dos cartões corporativos, era um "banco de dados", segundo Dilma e Erenice --ainda braço direito da petista, ela tombou dois anos depois, na esteira de acusações de lobby na Casa Civil envolvendo seu filho.

"Realmente grave aquilo, porque ela [Dilma] telefonou para a Ruth e disse que não estava fazendo nada", reclamou o ex-presidente.

Na época, o Congresso sinalizou que poderia investigar transações de Lula e familiares com cartões corporativos. Para FHC, esses são os gastos "que nunca foram explicados".

Os entrevistadores pediram que FHC indicasse um livro a Dilma. Aconselhou "A Democracia na América" (1835), do historiador francês Alexis de Tocqueville. "Ela já deve ter lido", disse.

RECUPERANDO O BEM ESTAR


Apenas as pessoas mais controladas conseguem não exagerar no prato nas ceias de Natal. Para se recuperar das guloseimas nem sempre saudáveis deste fim de semana de festas, uma opção é pegar leve nesta segunda-feira.

Confira abaixo uma receita de salada com alface, radichio, uvas verdes, amêndoas e queijo brie. A receita é sugestão do restaurante Blú Bistrô.

Salada Rústica

Ingredientes
1 pé de alface crespa
1 pé de alface roxa
1 pé de radichio
1 pé de alface americana
300g de queijo brie em fatia.
150g de uva verde.
50g de amêndoas laminadas.
200ml de azeite extra virgem.
Suco de 02 limões siciliano.

Modo de preparo
Lavar bem todas as folhas, em seguida cortá-las com as mãos em pedaços médios misturando-as em um recipiente e reserve Cortar a uva ao meio e retirar as sementes. Colocar o queijo brie para gratinar no forno pré-aquecido de 200°c à 220°c. Em um recipiente colocar todas as folhas. Tempere com azeite e o suco de limão siciliano. Acerte os temperos com sal e pimenta a gosto. Em seguida colocar em uma travessa de salada. Finalizar com o brie gratinado em cima.

MAU SINAL: NO ENSAIO DA POSSE, O CARRO FERVEU!


Seis mulheres vão ser destacadas para integrar o círculo de segurança mais próximo da presidente eleita, Dilma Rousseff, no desfile e solenidade de posse em 1 de janeiro.

No ensaio do desfile, promovido ontem à tarde pelo Gabinete de Segurança Institucional na Esplanada dos Ministérios, as seis acompanharam o Rolls-Royce em que a presidente deverá desfilar da Catedral de Brasília até o Palácio do Planalto.

Esta é a primeira vez em que o círculo da segurança presidencial será formado por mulheres, e não por homens. O ensaio começou às 14h45m e terminou mais de três horas depois.

Logo no início da simulação do desfile, o Rolls-Royce, carro utilizado em todas as posses dos últimos presidentes eleitos, teve superaquecimento do motor e o ensaio foi interrompido por alguns minutos. Um dos mecânicos disse que o problema, rapidamente corrigido, foi provocado por excesso de aditivo na água do radiador.

A diretora de Relações Públicas do Senado, Juliana Guaracy, fez o papel de Dilma na 1par etapa do desfile. Ela usou óculos escuros e, numa tentativa de dar verossimilhança ao treino, até acenou para o público.

O Rolls-Royce, com batedores de moto à frente e guardas do Batalhão da Independência atrás, desfilou da Catedral até o Congresso e depois seguiu para o Palácio do Planalto.

No Palácio, uma outra mulher fez o papel de Dilma. Ela foi recebida por um homem, que interpretava Lula, e os dois subiram juntos a rampa.

Se fizer sol no dia da posse, Dilma desfilará em carro aberto. Se chover, ela será conduzida com a capota fechada. O carro será seguido por um Cadillac que conduzirá o vice-presidente Michel Temer e a mulher dele.

sábado, 25 de dezembro de 2010

ENGANADOR E ILUSIONISTA, ATÉ O FIM


No seu último e mais longo pronunciamento em rede nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu dos brasileiros elencando uma série de dados inflados sobre a sua gestão.

O petista afirma que o salário mínimo no seu governo teve ganho real de 67%, cifra mais modesta do que os 74% citados pela presidente eleita Dilma Rousseff durante a campanha para o Planalto, mas também enganosa.

De 2003 a 2010, o mínimo teve oito reajustes, que ao todo chegaram a 53,5% acima da inflação acumulada.

Na campanha de 2002, Lula havia prometido duplicar o poder de compra do mínimo em quatro anos.

Ao falar sobre educação, o presidente também citou dados distorcidos sobre o Orçamento, afirmando que o gasto na área triplicou. Para chegar a esse resultado, o presidente ignorou a inflação acumulada no período.

O presidente também repetiu discurso propalado pelo Ministério da Educação segundo o qual foram criadas 14 universidades federais em seu governo. Dessas, apenas cinco são de fato novas. As demais são resultado de ampliação, fusão ou desmembramento de instituições de ensino que já existiam.

Ao falar sobre pobreza, o presidente disse ter promovido "a maior ascensão social de todos os tempos".

Não há estatísticas que compreendam períodos mais remotos, mas estudo de Sonia Rocha publicado em 2000 pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calculou que a proporção de pobres na década de 1970 caiu praticamente à metade, de 68,3% para 35,3%.

Com outra metodologia, o pesquisador Marcelo Néri, da FGV, estimou a queda da participação das classes D e E na população de 55% em 2003 para 39% em 2009.

Além de elencar feitos do governo, Lula afirmou que os brasileiros conseguiram afugentar "a onda de fracasso que pairava sobre o país".

"Se governamos bem foi, principalmente, porque conseguimos nos livrar da maldição elitista que fazia com que os dirigentes políticos deste grande país governassem apenas para um terço da população", afirmou, criticando seus antecessores.

Lula também pediu que os brasileiros apoiem Dilma como o apoiaram e que não perguntem sobre o futuro dele. Em tom emocional, diz que vai viver "a vida das ruas".

O pronunciamento foi gravado na segunda-feira na biblioteca do Palácio da Alvorada. A fala foi escrita pelo publicitário João Santana, que fez a campanha de Dilma, e revisada pelo ministro Franklin Martins (Comunicação) e pelo próprio Lula, que também deram sugestões.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

REZEM


Ao lançar cinco ordens de serviço e inaugurar um trecho inacabado da Ferrovia Norte Sul, em Goiás, na tarde desta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu apoio a sua sucessora e orações para que a presidente eleita, Dilma Rousseff, possa ter saúde e governar bem:

- Temos que fazer nossa reza para para que a Dilma tenha saúde e faça mais e melhor do que a gente fez - pediu Lula, dizendo que ela pode "acelerar um pouquinho" o ritmo do atual governo.

Mesmo depois de fechado o ministério Dilma, com uma forte presença de sua equipe, Lula voltou a dar pitaco na formação da futura equipe. Ele disse esperar que o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, seja mantido na equipe do futuro ministro já "escolhido" por Dilma , o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM).

Em seu discurso durante o evento, que começou com duas horas de atraso, o presidente Lula disse que nunca antes na história desse país o governo investiu tanto em infraestrutura. E agora, sem precisar pagar propina para liberar os recursos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

VELHO CABRA MACHO


Futuro ministro do Turismo pediu à Câmara ressarcimento de mais de R$ 2 mil de despesas em um motel

Adriana Vasconcelos

Envolvido num escândalo sexual que surpreendeu a todos pelo inusitado, se depender da cúpula do PMDB, da equipe de transição e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o casmurro futuro ministro do Turismo, Pedro Novais (PMDB-MA), dificilmente perderá o posto na equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff.

A orientação de Dilma é esperar os desdobramentos da denúncia divulgada ontem, pelo jornal "O Estado de S.Paulo", mostrando que o deputado maranhense, de 80 anos, teria pedido ressarcimento à Câmara de R$ 2.156 de despesas relativas a uma festa para 15 casais na suíte Bahamas do Motel Caribe, em São Luís. Segundo relato de funcionários do motel — que descreveram Pedro Novais —, a festa foi em junho passado.

Embora eleito pelo Maranhão, Novais vive atualmente no Rio. Em suas prestações de contas da verba indenizatória de R$ 32 mil por mês a que tem direito, além do salário, ele também apresentou gastos de R$ 22 mil com diárias do caríssimo Hotel Emiliano, um dos mais luxuosos de São Paulo. Essas despesas ocorreram entre setembro do ano passado até agora. Só este mês, o deputado teria gasto R$ 5,1 mil no estabelecimento.

O líder da bancada peemedebista, Henrique Eduardo Alves (PE), minimizou o fato:

— Ninguém vai falar nada com Dilma. Ele está esclarecendo tudo de maneira consistente.

E, sem querer comprar briga com ninguém, Marco Maia admitiu estar mais preocupado atualmente com a construção de um acordo para viabilizar sua própria candidatura à reeleição para a Mesa da Casa, em fevereiro:

— Vamos ouvir todas as pessoas e a partir daí analisar (o caso). Não temos preocupação com essa matéria, até porque todas as despesas (de parlamentares) são rigorosamente tratadas. Temos instrumentos para agir.

Na nota divulgada, porém, o futuro ministro Pedro Novais se diz indignado, diz ser marido fiel, mas pouco explica sobre a inclusão da nota fiscal do motel entre suas despesas. Alega apenas que teria sido apresentada por engano por sua assessoria, sem mencionar o funcionário responsável pelo erro.

Ele negou ainda ter estado no citado estabelecimento, onde o preço da suíte mais cara, chamada de Bahamas, custa R$ 392 por 24 horas de uso.

Tampouco a nota cita as declarações da gerente do motel, ouvida pelo jornal "O Estado de S.Paulo", que confirmou que o deputado havia reservado a suíte mais cara disponível no estabelecimento para oferecer um jantar para amigos.

A moça, que se identificou apenas como Scheila, admitiu ainda que se lembrava do "senhor" que havia feito a reserva e seria amigo do dono do motel, cuja razão social é Hotel Pousada Caribe Ltda.

Ela contou que a festa teria ocorrido à noite, com a participação de vários casais, o que acabou encarecendo a conta final, uma vez que o preço da diária é por casal.

"Indignei-me como parlamentar e homem público, mas, acima de tudo, como cidadão e marido. A acusação leviana tenta atingir minha moral e a firmeza de minha vida familiar. Sou casado há 35 anos. Na noite de 28 de junho, data da emissão da nota fiscal pelo referido estabelecimento, estava em casa, ao lado de minha mulher Maria Helena", destacou o deputado na nota.

E acrescentou: "Como informei ontem ao jornal "O Estado de S.Paulo", a nota fiscal foi indevidamente apresentada ao departamento da Câmara para ressarcimento, por erro de minha assessoria. Só fui alertado deste erro ontem (anteontem) e ele está sendo prontamente corrigido. Não posso aceitar que essa falha seja usada para acusações irresponsáveis à minha pessoa".

Na sede do governo de transição, o episódio foi recebido com constrangimento. O fato está sendo encarado como um problema do PMDB, que indicou o parlamentar para a equipe ministerial e terá de se responsabilizar por ele.

Nos bastidores, o que se comenta é que a presidente eleita vai aguardar os desdobramentos. Ou seja, o deputado, que é aliado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está mantido no cargo.

COMEÇANDO MAL


A futura ministra da Pesca, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), gastou mais de R$ 4.000 em verba indenizatória do Senado com pagamento de diárias de um hotel em Brasília enquanto recebia auxílio-moradia, o que é irregular.

O Senado informou que o uso da verba indenizatória para essa finalidade não é permitido, uma vez que os senadores já recebem um benefício para custear despesas com moradia em Brasília no valor de R$ 3.800 mensais. Ou seja, ela recebeu duas vezes pela mesma despesa.

Após ser procurada ontem, Ideli, há oito anos no Senado, disse por meio de nota ter havido um erro da sua assessoria e mandou devolver o dinheiro aos cofres públicos.

A petista pediu ainda ao Senado que apague a informação sobre o gasto no site da Casa, onde ficam registradas todas as despesas dos senadores com a verba indenizatória, após o ressarcimento.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MINISTERINHO DO GOVERNINHO


Elio Gaspari, O Globo

Na melhor das hipóteses, Dilma Rousseff compôs um ministério de continuidade buscando talentos no segundo escalão. Na pior, apresentou uma promessa medíocre.

Fez sua campanha prometendo desenvoltura na Educação e na Saúde. Manteve na Educação um titular franqueado por seu "Grande Mestre" e nomeou para a Saúde, credenciado pelo aparelho do PT, um infectologista vindo da pasta da Articulação Política, contaminado pelas febres inerentes ao cargo.

A nobiliarquia ministerial tem 35 marqueses e três duques que realmente contam: Fazenda (com a Receita), Justiça (com a polícia) e a Casa Civil, com o resto.

Dos três, Guido Mantega é aquele que traz melhor desempenho. Pode não ser muita coisa, mas é alguma coisa. Na Justiça, José Eduardo Cardozo prenuncia um comissariado movido pela obsessão de uma reforma política destinada a empurrar o voto de lista e o financiamento público (leia-se "pelo público") das campanhas eleitorais. Por enquanto, o principal objetivo dessa mobilização é erguer uma bandeira sob cuja sombra espera-se criar um arcabouço teórico que justifique a absolvição da quadrilha do mensalão.

Antonio Palocci chegará à Casa Civil com dois sucessos: a estabilização econômica durante o surto de terrorismo financeiro de 2002/2003 e uma espetacular dispensa pelo Supremo Tribunal Federal no caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo.

Irmanados na fé petista, Dilma e Palocci tendem a formar uma poderosa dupla. Não se deve esquecer, contudo, que a futura presidente assumiu de fato a Casa Civil em novembro de 2005, quando enfrentou o último canto daquilo que se denominava ekipekonômica. Diante de um plano de ajuste fiscal de longo prazo, concebido nos ministérios da Fazenda (Palocci) e Planejamento (Paulo Bernardo), ela mostrou a que viera. Detonou o trabalho ("rudimentar") e calou o contraditório: "Esse debate é absolutamente desqualificado, não há autorização do governo para que ele ocorra."

Com esse episódio, fechou um ciclo iniciado nos anos 90, por meio do qual a ekipekonômica emparedava o governo com planos, entrevistas e artigos de notáveis. Na verdade, não foi Dilma Rousseff quem prevaleceu. Ela apenas vocalizou a posição de Nosso Guia e tanto Palocci como Paulo Bernardo entenderam.

A boa notícia, ou pelo menos o depósito de esperanças, está numa trinca da bancada de feminina: Miriam Belchior (Planejamento), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente). Elas têm a característica que identificava Dilma Rousseff em 2002, ao ser chamada para o Ministério de Minas e Energia. Acumulam currículos e, no caso das duas primeiras, militância petista.

Foi fácil para Dilma Rousseff compor um ministério que representa a continuidade do projeto de poder de Lula. Fica faltando definir o papel de Nosso Guia a partir de 2 de janeiro, quando retornará ao mundo onde os sinais de trânsito podem estar fechados, portas não abrem sozinhas e, como já percebeu, as pastilhas Valda de Guido Mantega vão para Dilma.

Depois de todo o esforço de composição do ministério, o governo de Dilma Rousseff continua onde sempre esteve: qual o papel de Lula, o pau do circo, que não está em lugar nenhum, mas deu a todos os lugares onde estão?


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

VAI LARGAR O OSSO, OU NÃO?


Editorial do Estadão

Dilma Vana Rousseff é o nome que aparece no diploma emitido semana passada pela Justiça Eleitoral para certificar a sua eleição a presidente da República. Mas é como se o documento contivesse também, sobreposto, o nome de seu patrono Luiz Inácio Lula da Silva. Ninguém melhor do que ela há de saber que a fantástica popularidade do inventor de sua candidatura foi o que decidiu, muito mais do que qualquer outro fator ou soma de fatores, a sorte da sucessão.

Caso Dilma fosse acometida de um hipotético surto de amnésia, ou de um implausível acesso de soberba, lá estaria ele de prontidão para trazê-la de volta à realidade. Afinal, de própria voz ou por interposta pessoa, é o que já vem fazendo, embora até hoje a eleita não tenha perdido uma única oportunidade, nas suas manifestações públicas, de enaltecer o seu demiurgo. "Sei da responsabilidade de suceder a um governante da estatura do presidente Lula", disse ela, por exemplo, na breve fala da diplomação.

Sem contar os atos. Ele indicou expressamente ou aprovou a escolha de 12 dos 23 ministros de Dilma anunciados até o último fim de semana. Diante disso, o normal seria o presidente retribuir. Poderia dizer, talvez, que os seus muitos planos para o futuro excluem o regresso ao Planalto, tamanha a sua convicção de que a sucessora terminará o seu mandato com um saldo de realizações mais do que suficiente para credenciá-la a um segundo período de governo. Ou poderia simplesmente não responder a perguntas sobre o assunto. Não lhe faltariam palavras para driblá-las.

Em vez disso, sem a mais remota preocupação com a autoestima e a imagem política daquela a quem costuma se referir pelo carinhoso (ou, antes, condescendente) diminutivo Dilminha, Lula falou do cenário eleitoral de 2014 com uma insopitável naturalidade. Não foi um escorregão nem um gesto isolado.

Domingo, o jornal O Globo publicou uma entrevista com o ainda chefe de gabinete do presidente e futuro secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, em que ele diz textualmente: "Num cenário de a Dilma fazer um governo bom, é evidente que ela vai à reeleição. Se houver dificuldades e ele (Lula) for a solução para a gente ter uma vitória, ele pode voltar."

A sintonia de Carvalho com o chefe pode ser avaliada pouco depois, quando a RedeTV! levou ao ar a figura do próprio Lula dizendo que "a gente nunca pode dizer não" (a uma recandidatura). Não pode, explicou, "porque eu sou vivo, sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária". Muito vivo, apressou-se a moderar a assertiva de que, graças ao seu fabuloso patrimônio, ele sempre pode dizer sim, lembrando que "é muito difícil dar qualquer palpite agora".

Ainda assim, não resistiu a produzir de um mesmo fôlego a clássica emenda pior do que o soneto: "Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e quando chegar a hora a gente vê o que vai acontecer." Esse Lula, que não se dá ao trabalho de manter as aparências para mostrar um simulacro de respeito pela afilhada, mas, longe disso, avisa que será o seu tutor no Planalto - e, conforme as circunstâncias, poderá desconvidá-la à reeleição - é o artigo original. A contrafação é o Lula que quer "tirar tudo da Presidência de dentro de mim" para "voltar a ser um cidadão mais próximo da normalidade possível".

Se lhe perguntassem quem garante que ele não dará o dito pelo não dito - e se ele fosse responder com a verdade sobre a vontade de poder que tem dentro de si -, só lhe restaria responder "La garantía soy yo". Porque, a julgar por seu comportamento desde as eleições, é pura lábia de vendedor de produtos pirateados ele prometer que ensinará "como um ex-presidente tem que se portar". Lula, que ensinou na campanha como um presidente não tem que se portar, já trata de preparar o terreno para 2014.

De outro modo não se explica por que, no ocaso de seu governo, mandou gastar R$ 20 milhões em peças publicitárias para 325 jornais, revistas e emissoras de rádio e TV, celebrando os seus feitos. Não será surpresa se ele ainda vier a ter um programa radiofônico semanal chamado Café com o ex-presidente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

WIKILEAKS ENTREGA ZÉ DIRCEU


À beira da cassação no Congresso, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu teria afirmado a um emissário dos Estados Unidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "que não faz muito por iniciativa própria", deveria ter "prestado atenção" ao cultivo de "fontes legítimas de financiamento" das eleições de 2002.

Para Dirceu, que em outra conversa admitiu caixa dois em suas campanhas eleitorais, Lula deveria ter atraído o PMDB para o governo logo no princípio. A estratégia foi feita na campanha da presidente eleita Dilma Rousseff.

O petista admitiu "que as lideranças do PT pós-2002 vieram com um esquema ilegal de financiamento ‘louco e perverso’ que está no centro das investigações correntes como resposta às pressões dos pequenos e mercenários partidos aliados, PTB, PL e PP, e da campanha de 2002 do marqueteiro Duda Mendonça", escreveu o embaixador John Danilovich, em telegrama ao Departamento de Estado em 19 de agosto de 2005.

O documento foi divulgado ao GLOBO pelo grupo WikiLeaks.

Segundo Danilovich, Dirceu era personagem "quente demais" para que fosse visitado por uma missão oficial. Por isso, a visita a seu apartamento em Brasília foi feita pelo assessor especial William Perry, a quem Dirceu já conhecia havia anos. Os dois se encontraram para um café da manhã em 17 de agosto.

A Perry, Dirceu falou mal do ex-presidente do partido, o deputado José Genoino, e do governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que assumira a presidência interina do PT em meio à crise do mensalão.

Dirceu chega a dizer que o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares não é seu "cara". Delúbio foi expulso do PT como um dos únicos punidos no caso.

Embora o ex-ministro tenha negado participação no esquema, o embaixador não se convenceu: "Dirceu se dissocia totalmente de qualquer culpa e sustenta o ‘eu não sabia’", escreve ele, dizendo que "compartilha do mesmo ceticismo" da imprensa e de políticos, que consideram essas posições como "ridículas" diante do poder que o ex-ministro exercia no PT e no governo.

Sobre o PMDB, Danilovich reporta que o presidente Lula, na opinião de Dirceu, deveria ter trazido o partido, assim como outras legendas maiores, desde o princípio do governo, com cargos ministeriais. Na ocasião, o ex-ministro avalia que Lula não está lidando habilmente com a crise política.

Ao amigo americano, Dirceu se mostra desanimado com o futuro político tanto seu quanto de Lula. Diz que, caso Lula "fique deprimido", nem concorrerá à reeleição e que, caso concorra, perderá. Diz estar "resignado" com a cassação iminente. O ex-ministro diz ainda que pensa em passar um período nos EUA, estudando inglês e escrevendo um livro.

"Contudo, não podemos deixar-nos crer que esse camaleão cruel e brilhante está disposto a ir tão silenciosamente noite adentro. Não ainda", comenta o embaixador.

Outro telegrama, de 13 de outubro de 2005, reporta um almoço entre Dirceu, amigos e um diplomata do Consulado Geral de São Paulo no dia em que o PT elegia sua nova direção. Nele, Dirceu confirma o uso de caixa dois em campanhas pessoais e diz que todos os políticos brasileiros usam a prática.

"Dirceu não parece muito interessado em discutir a reforma política", mas "reconheceu que os candidatos, inclusive Lula, têm de usar a reforma como tema de campanha", escreve o diplomata Arnold Vela, revelando a conversa com o ex-ministro.

"Dirceu admitiu que ele mesmo habitualmente gasta duas vezes mais do que reporta em sua própria campanha e que todos os políticos brasileiros empregam alguma forma de ‘caixa dois’ (recursos não contabilizados)", continua o americano.

Nesse ponto, Dirceu, que alega inocência no caso do mensalão, diz que o governo não o está ajudando muito, mas que também não precisa de "favores" de Lula.

Na opinião do ex-ministro, seu julgamento no Congresso é "puramente político", lembrando que não estava no exercício do mandato quando ocorreu o mensalão. "Sua estratégia agora será manter a cabeça baixa e trabalhar para sustentar a influência que detém dentro do partido", conclui o diplomata.

LULA NO TÚNEL DO TEMPO


Na tarde de domingo(ontem), a minha pequena Amayi me chama: "Pai, venha ver o Lula de barba preta!'

Curioso, atendo o chamado e me surpreendo com o SBT reprisando uma entrevista de Lula, no Programa Silvio Santos, feita em 1989, ano da primeira candidatura de Lula à presidencia e também, da sua primeira derrota.

A entrevista foi reprisada na íntegra, sem cortes. A princípio, pensei em dar de ombros, mas ao ouvir um trecho, me interessei e resolvi ver para constatar algumas contradições a respeito de Lula.

Dizem que o Lula de 2002, que venceu as eleições, era diferente do Lula de 1989, que foi derrotado. Vendo a entrevista, a única diferença notável, é a que Amayi apontou: o Lula de 1989 tinha barba preta e o Lula de agora tem barba branca.

O discurso é o mesmo, as bravatas as mesmas, só que naquela época as pessoas tinham a dúvida de que ele faria realmente o que falava. Hoje, sabemos que Lula mais fala do que faz.

Num trecho, Lula afirma que a causa da violencia e da criminalidade era a miséria do povo brasileiro e que o dia que se colocasse na mesa do povo, um café da manhã, um almoço e um jantar, acabaria a violência! Uma senhora da platéia, inconformada, pergunta a Lula o que fará para acabar com o tráfico de drogas e emenda: " A violencia no Brasil vem do tráfico de drogas, não é falta de comida como você fala!" Lula pego no contra pé, não contesta a mulher e desfia uma teoria de combate às drogas, que sabemos hoje, qual o resultado, ou seja nada!

Décio Pitinini, pergunta a Lula, sobre o desempenho do PT nas prefeituras que tinha conquistado. Na época, prefeituras eram o máximo do poder executivo que o PT tinha conseguido chegar. A prefeita Luiza Erundina, em São Paulo vivia momentos péssimos na administração da cidade e em Santos, outra prefeitura do PT, não era diferente. Pois Lula, respondeu exatamente como faz hoje, jogando a culpa nos governos anteriores e dizendo que haveria um salto de qualidade na administração petista. Todo mundo sabe que Erundina fracassou na prefeitura de São Paulo e práticamente vive um ostracismo na política. Mas, como hoje, Lula já não dava o braço a torcer, mesmo diante do óbvio.

Sergio Malandro, diz a Lula que as dificuldades da época, transformavam a presidencia da República num imenso abacaxi. Inclusive, conhecia gente inteligente, que tinha desistido de concorrer( Silvio Santos tinha acabado de retirar sua candidatura à presidencia, depois de ter alimentado uma grande expectativa), por que então, ele, Lula, queria descascar esse abacaxi? Presidente da República fica rico, Lula?

A resposta de Lula foi a conhecida enrolação, mas e hoje, será que Lula ficou rico? O tempo dirá!

Talvez tenha sido uma homenagem de Silvio Santos ao presidente que sai, ou mesmo um agradecimento pelo Banco Panamericano.

O caso Banco Panamericano pode ser uma jogada do PT para controlar o SBT. Como a Caixa Economica Federal está metida no negócio, possui 49% das ações do Panamericano, basta que Silvio Santos declare que não pode pagar o empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito, para que o mesmo assuma a propriedade do SBT. Seria a ponte para passar o controle à CEF, ou seja, ao governo petista que usaria o SBT como mais uma tv "educativa" para se perenizar no governo do Brasil por anos a fio.


domingo, 19 de dezembro de 2010

VITÓRIA DE PIRRO

Em breve o presidente Lula deixará o cargo após oito anos com o Estado se apropriando de cerca de 37% de tudo o que o Brasil tiver produzido em 2010. Será mais um recorde de "nunca antes na história deste país".

Se confirmada a expectativa de crescimento da economia de 7,5% neste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) de 2010 chegará a R$ 3,42 trilhões. Com a arrecadação estimada em R$ 1,27 trilhão, ela equivalerá a 37,1% do PIB.

No período pós-democratização, o governo Lula terá sido o que mais aumentou o peso dos impostos sobre a sociedade: 4,5 pontos percentuais a mais em oito anos.

Nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, o aumento foi de quatro pontos (de 28,6% para 32,6%), segundo série estatística do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

Mesmo tendo acelerado a arrecadação como proporção do PIB, Lula (na média de sete anos, até 2009) não ultrapassou FHC nos investimentos em infraestrutura.

Apesar dos PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) 1 e 2, ambos os governos investiram o mesmo: uma média de 0,7% do PIB.

Com o resultado de 2010, é provável que Lula supere a média de FHC, mas por pouco. Ela passaria a 0,76%.

Quase a totalidade do aumento da carga tributária sob Lula foi destinada a gastos correntes, que se tornaram obrigatórios e permanentes.

Por conta desse "engessamento" do gasto, no momento em que se discute a necessidade de cortes (e a presidente eleita, Dilma Rousseff, prometeu fazê-lo) é pequena a margem para contenção.

Se fosse entregar o governo a Serra, poderia se pensar que Lula estava se vingando da derrota, mas como venceu e vai entregar à candidata que construiu, Dilma parece que obteve uma vitória de Pirro( aquela batalha que os gregos venceram à custa da destruição do próprio exército).

sábado, 18 de dezembro de 2010

LULA FAZ PRIVATIZAÇÃO COM PREJUÍZO PARA O BRASIL


Lula enrola o rabo e senta em cima. Além de privatizar as usinas elétricas, o faz com prejuízo para o Brasil. Ele mandou sua candidata acusar Serra durante a campanha daquilo que ele está fazendo com extrema incompetencia: privatizar!

O último leilão de energia elétrica do governo Lula seguiu a tendência das últimas disputas e deixou o mercado boquiaberto. O preço oferecido pelo grupo vencedor para levar a Hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso, é o menor desde que o novo modelo elétrico foi adotado, em 2004: R$ 58,35 o megawatt hora (MWh), com deságio de 32,9%.

As usinas do Rio Madeira e de Belo Monte já haviam apresentado preços extremamente baixos. A Hidrelétrica de Santo Antônio foi arrematada por R$ 78,87 o MWh; Jirau, R$ 71,4; e Belo Monte, R$ 77,97. Todas elas foram arrematadas por parcerias entre empresas públicas e privadas. No caso de Teles Pires, cuja capacidade instalada é de 1.820 MW, o consórcio vencedor é formado pelas empresas privadas Neoenergia (50,1%) e Odebrecht (0,9%) e as estatais Furnas (24,5%) e Eletrosul (24,5%).

"O valor do MWh da usina é o mais barato entre todos os empreendimentos hidrelétricos já negociados nos leilões de energia nova", afirma o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ao lado do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, e do presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado, ele comemorou o resultado e o encerramento deste ciclo. "Neste ano, foram contratados 17.050 MW de energia renovável." Durante todo o governo Lula, foram comprados 57 mil MW, sendo 70% desse montante de energia renovável.

O entusiasmo de Tolmasquim, no entanto, não comoveu os analistas e especialistas do setor elétrico. "Para mim, esse preço é o mais alto da história, pois vai provocar prejuízos no futuro. Estamos afastando o investidor privado do setor elétrico e deixando tudo para as estatais, que têm limite de investimentos", afirma o analista da Ativa Corretora, Ricardo Corrêa. Pelos cálculos dele, com o valor aceito pela usina, o retorno do investimento - de R$ 3,3 bilhões - deve ficar em torno de 6%. "É muito baixo. Com base nos últimos leilões, esperava algo em torno de 9%."

O diretor executivo da Andrade & Canelas, Silvio Areco, também se surpreendeu com o preço da disputa. "É um sinal de preço distorcido e irreal." Na avaliação dele, a explicação para os valores apresentados está no apetite da Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola e pelo fundo de pensão Previ, em crescer no Brasil. "A empresa tem dinheiro em caixa. Não precisa se endividar para investir." Além disso, completa ele, a empresa está associada a duas estatais que podem ser agressivas em termos de rentabilidade.

Além de Teles Pires, o leilão negociou energia da Hidrelétrica Santo Antônio do Jari, no Amapá, de 300 MW. O preço ficou em R$ 104 o MWh. Duas outras usinas - Estreito Parnaíba (56 MW) e Cachoeira (63 MW) - não tiveram propostas de investidores. No total, o leilão negociou R$ 17,13 bilhões em contratos de 30 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NÃO EXISTE OPOSIÇÃO


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito a amigos que está na hora de revermos uma antiga certeza na hora de analisarmos nosso sistema político, a de que o país não tem partidos organizados, e por isso as negociações são feitas pontualmente, de acordo com interesses fisiológicos ou de grupos.

Segundo ele, o país já tem um partido organizado organicamente, e este partido é o PT. Essa constatação de Fernando Henrique fica mais confirmada ainda quando se lê que os oito governadores do PSDB, seu partido, decidiram que não farão oposição ao governo Dilma, atrás das verbas que o governo federal pode distribuir aos estados.

Um dos feitos do PSDB na recente eleição, em que foi derrotado pela terceira vez consecutiva para a presidência da República, foi justamente ter sido o partido que mais governadores elegeu, especialmente mantendo o comando dos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, o que demonstraria sua força política.

Ora, se esses oito governadores abrem mão de fazer oposição, numa estratégia orquestrada pela direção nacional do partido, o que esperar?

Essa estratégia de neutralidade, aliás, já foi tentada durante os oito anos do governo Lula, e deu no que deu.

Os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, passaram seus mandatos tendo uma atuação generosa com o governo central, num cálculo de aproveitar um bom relacionamento para obter favores federais que beneficiassem suas gestões estaduais.

Desse ponto de vista deu certo, os dois fizeram governos muito bem avaliados. Mas não se identificaram junto ao eleitorado como políticos de oposição.

Ambos apareciam ao lado de Lula como se fossem seus correligionários, e Serra tentou até mesmo confundir o eleitorado mostrando-se com de Lula no programa de propaganda eleitoral da televisão, querendo passar a idéia de que Lula não se incomodaria com sua vitória.

Ambos, em momentos distintos da disputa eleitoral, sentiram a mão pesada de Lula e do PT.

O ex-governador de Minas sentiu também a objetividade do PT como partido, ao ver vetado a nível nacional o acordo regional que fizera com o então prefeito Fernando Pimentel.

Nem Lula nem o PT, quando foi preciso, fingiram neutralidade ou tentaram aparentar generosidade com os adversários políticos.

É disso que trata Fernando Henrique quando diz que o único partido organizado que temos no país é o PT.

O PT é a pneumonia da política nacional e os outros partidos são apenas resfriados.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

LULA TERMINA INFIEL Á VERDADE

Fiel a seu costume de contar a história à sua maneira, sem o mínimo compromisso com os fatos e a verdade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez falou sobre a "herança maldita" recebida em 2003, ao iniciar seu primeiro mandato. Desta vez, o rosário de inverdades foi desfiado perante o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O evento foi uma das várias despedidas programadas pelo presidente para este mês. De novo ele falou sobre o País quebrado e sobre o mau estado da economia no momento da transição do governo. De novo ele se entregou a uma de suas atividades prediletas, a autolouvação despudorada, atribuindo a si e a seu governo a inauguração de uma economia com fundamentos sólidos, estabilidade e previsibilidade. As pessoas informadas e capazes de discernimento conhecem os fatos, mas talvez valha a pena recordá-los mais uma vez, para benefício dos mais jovens e dos vitimados pela propaganda petista.

A primeira informação escamoteada pelo presidente Lula e pela companheirada é a origem da crise inflacionária e cambial de 2002. Os problemas surgiram quando as pesquisas mostraram o crescimento da candidatura petista. Não surgiram do nada e muito menos de uma perversa maquinação dos adversários. Os mercados simplesmente reagiram às insistentes ameaças, costumeiras no discurso petista, de calote na dívida pública e de outras lambanças na política econômica. Figuras importantes do partido haviam apoiado um irresponsável plebiscito sobre a dívida e mais de uma vez haviam proposto uma "renegociação" dos compromissos do Tesouro.

Tinha sólidos motivos quem decidiu fugir do risco proclamado pelos próprios petistas. A especulação cambial e a instabilidade de preços foram o resultado natural desses temores. A Carta ao Povo Brasileiro, com promessas de seriedade, foi o reconhecimento do vínculo entre a insegurança dos mercados e as bandeiras petistas.

Essas bandeiras não foram inventadas pelas fantasmagóricas elites citadas pelo presidente nas perorações mais furiosas. São componentes de uma longa história. Petistas apoiaram algumas das piores decisões econômicas dos últimos 30 anos. Uma de suas figuras mais notórias aplaudiu entre lágrimas uma das mais desastradas experiências dos anos 80, o congelamento de preços do Plano Cruzado. Nenhum petista ensaiou uma discussão séria quando os erros se tornaram mais que evidentes e o plano começou a esboroar-se.

Naquele período, como nos anos seguintes, petistas continuaram pregando o calote da dívida externa. Ao mesmo tempo, torpedearam todas as tentativas importantes de reordenação política e econômica e resistiram a assinar a Constituição.

O PT combateu as inovações do Plano Real. Foi contra a desindexação de preços e salários. Resistiu ao saneamento das finanças estaduais e municipais. Combateu - como já vinha combatendo - a privatização de velhas estatais, mesmo quando não havia a mínima razão estratégica para manter aquelas empresas sob o controle do Tesouro. Criticou a Lei de Responsabilidade Fiscal e atacou todas as iniciativas de ajuste das contas públicas.

A economia foi retirada do caos e seus fundamentos foram consertados, nos anos 90, contra a vontade do PT. O saneamento e a privatização de bancos estaduais permitiram o resgate da política monetária. Graças a isso foi possível, em 2003, conter o surto inflacionário em poucos meses. O Banco Central simplesmente manejou ferramentas forjadas na administração anterior.

Todos os princípios e instrumentos de política econômica essenciais à estabilidade nos últimos oito anos são componentes dessa herança mais que bendita. Se os tivesse abandonado há mais tempo, o governo Lula teria sido não só um fracasso, mas um desastre. Mas a fidelidade aos princípios do governo FHC nunca foi total. O inchaço da administração, o loteamento de cargos, a desmoralização das agências de regulação e o desperdício são partes da herança deixada à sucessora do presidente Lula, além de compromissos irresponsáveis, como o de um trem-bala mal concebido e contestado econômica e tecnicamente. Esse legado não será descoberto aos poucos. Já é bem conhecido.

BALANÇO DE LULA É CAÔ

A 15 dias do fim de seus oito anos de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou em cartório as realizações de seu governo. Não ficou só nisso. Diante do presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, Rogério Bacellar, o presidente e 37 ministros assinaram os seis volumes com o balanço dos dois mandatos contendo até mesmo obras que sequer começaram, como a usina de Belo Monte e o trem-bala.

Em cerimônia organizada com pompa para marcar a despedida de Lula, realizada no Palácio do Planalto com a presença de cerca de 700 pessoas, incluindo a presidente eleita, Dilma Rousseff, todos os ministros e quase todos os ex-ministros, como José Dirceu, além de governadores, prefeitos e congressistas, o atual governo registrou também grandes obras de infraestrutura não terminadas, como as Ferrovias Norte-Sul e Transnordestina e as hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio.

As obras da hidrelétrica de Belo Monte deverão ser iniciadas em março, segundo o próprio presidente, ou em abril, de acordo com a Eletronorte. O atual governo concedeu a licença prévia para a usina que aguardava o documento havia vinte anos.

O Trem-Bala, que vai ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, não teve ainda nem o leilão, antes marcado para o dia 29 de novembro. A pedido dos próprios empresários - e com poucos candidatos a disputar a licitação - o pregão do empreendimento foi adiado para abril.

"Esta prestação de contas é menos para engrandecer o que nós fizemos e mais dar uma fotografia à sociedade brasileira, para que ela, vendo o que foi feito, perceba também o que não foi feito e o que precisa ser feito", justificou o presidente.

Um resumo dos seis volumes registrados em cartório foi distribuído num livro de 310 páginas, feito pela Secretaria da Comunicação Social da Presidência. O mesmo material foi posto em dois endereços da internet, para que possa ser consultado pelo público: www.balancodegoverno.presidencia.gov.br e https://i3gov.planejamento.gov.br/COI.

Recorrendo ao recorrente bordão de seu mandato, Lula afirmou que muitos perceberão, ao ler o material, que a frase "nunca antes na história desse País" não é sem sentido nem demonstra que ele e seu governo estão "descobrindo o Brasil", apenas que o seu governo está "fazendo o que outros não fizeram".

Lula admitiu que o desejo dos governantes é receber elogios. "Nós, governantes, gostaríamos que todos os dias tivesse uma manchete favorável. Mas não tem. É por isso que eu ando muito, é para fazer um contraponto. Eu leio o jornal, eu não vejo matéria favorável a mim, eu falo: vamos viajar o Brasil para que eu mesmo fale bem de mim."

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

POÇO SEM FUNDO

De acordo com denúncia do jornal “O Estado de S. Paulo”, o senador sem voto Gim Argello (PTB-DF), suplente de Joaquim Roriz e herdeiro da cadeira na Casa pela renúncia do titular para escapar de uma cassação, teria apresentado emendas para beneficiar entidades fantasmas.

Argello reagiu, mas, cauteloso, renunciou à relatoria da peça orçamentária do ano que vem, na tentativa de sair de cena. Não é certo que conseguirá.

Um pouco mais de atenção a essas emendas mostrou que há uma farra na destinação de muito dinheiro a ONGs e entidades, existentes ou não, de companheiros de partido, de preferência via Ministério da Cultura e Ministério do Turismo. É o caso da senadora, em contagem regressiva para se despedir do Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), sucessora de Argello na comissão.

Tão logo noticiou-se que Salvatti também favorecera, com emendas individuais, companheiros petistas de Santa Catarina, ela preferiu também largar o posto, substituída por outra senadora, também do PT, Serys Slhessarenko (MT).

Mas não demorou muito para se saber, por meio da revista “Veja”, que uma assessora da parlamentar, Liane Maria Muhlenber, mantinha um instituto beneficiário de emendas para financiar eventos culturais, apresentadas por companheiros deputados petistas - como Jilmar Tato (SP).

Parece um poço sem fundo. Apenas para os setores de cultura e turismo, este ano, foram destinados R$ 2,7 bilhões em emendas para entidades sem fins lucrativos, calcula Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas.

O próprio Castelo Branco afirma que o controle dessas despesas bancadas com dinheiro do contribuinte é muito falho - “um queijo suíço”.

O mesmo acontece com projetos de investimento. O novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Benjamin Zymler, pretende, com razão, voltar a fiscalização do tribunal, braço do Congresso, também para projetos orçados em menos de R$ 20 milhões, hoje livres de qualquer controle. Sucede que, somados, estes projetos chegam a R$ 24 bilhões - quase dois programas anuais da Bolsa Família.

Entende-se por que, quase duas décadas depois, “anões” voltam a se materializar no Congresso. Repete-se a conhecida distorção: falta Estado onde ele é necessário - para tomar conta do dinheiro do contribuinte, por exemplo - e sobra em áreas em que ele só atrapalha - na burocracia, no excesso de impostos etc.

SE MERECEM!


O deputado Ciro Gomes (PSB) tende mais a aceitar o futuro Ministério dos Portos e Aeroportos do que a Integração Nacional ou a Saúde, informaram amigos muito próximos a ele. O deputado está fora do País, mas deve retornar nos próximos dias, quando dará uma resposta à presidente eleita, Dilma Rousseff.

Com o início da formação do ministério, o deputado tomou a decisão de viajar para a Europa. De acordo com assessores e amigos, a intenção foi justamente ficar longe do burburinho e das fofocas que envolveriam a formação da equipe de Dilma. A princípio, a ideia de Ciro Gomes era não aceitar nenhum cargo. Mas, ao receber o convite feito pela presidente eleita, o deputado acabou mudando de opinião.

A opção pelo futuro Ministério de Portos e Aeroportos teria dois motivos. Primeiro, porque será uma pasta com muita verba e grande visibilidade internacional até 2014, quando será realizada no País a Copa do Mundo. E Ciro quer se mostrar como um gestor capaz de pôr fim ao risco de caos nos aeroportos brasileiros por qualquer motivo, principalmente nas férias ou em feriados mais longos.

Ele sempre faz isso quando perde uma eleição ou é preterido, viaja, inventa curso no exterior e depois volta com a mesma ladainha. Quando Lula o tirou da disputa presidencial, rodou sua "metralhadora" verbal contra todos desse governo. Agora faz "u" doce na hora de escolher cargo, ambos, ele e Lula, se merecem.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DILMA VAI PRIVATIZAR AEROPORTOS


Depois de acusarem o PSDB de privatizador, o governo Dilma vai privatizar os aeroportos. Mas o melhor de tudo é ver os órgãos de esquerda dando a notícia. Veja a seguir o editorial do jornal do PCO, comunista até a raiz do cabelo, falando sobre o assunto:


"Apesar de toda demagogia utilizada durante as eleições contra as... privatizações, o governo Lula, mesmo antes de sair de cena, já aprovou novo modelo para a entrega dos aeroportos brasileiros.

Na última quarta-feira, dia oito, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) aprovou novo modelo de “concessão” de aeroportos no País. Esta concessão irá permitir que empresas privadas administrem os aeroportos no Brasil.

O primeiro alvo será o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. O aeroporto está em fase de construção e a licitação vai incluir parte desta construção, da manutenção e administração do aeroporto.

O modelo de concessão vai ser um verdadeiro presente para os capitalistas. Quem ganhar a licitação terá o direito de explorar o aeroporto por no mínimo 28 anos, podendo este prazo ser prorrogado por mais cinco anos, por uma única vez.

No caso do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a licitação ocorrerá em leilão a ser realizado na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa). As condições para participação no leilão, entretanto, ainda não foram divulgadas.

Este modelo aprovado para este aeroporto será a base utilizada pelo governo para entregar aeroportos brasileiros de maior porte como o Galeão no Rio de Janeiro e o aeroporto de Cumbica e o de Congonhas em São Paulo que recebem os maiores contingentes de passageiros e cargas, ou seja, os mais lucrativos para exploração. É preciso ressaltar que parte da verba para dar início à construção do aeroporto será de dinheiro público.

A privatização dos aeroportos é uma das medidas do plano de austeridade que o PT no governo Dilma vai implantar em larga escala no próximo ano. Vai ser um verdadeiro retrocesso para a economia brasileira uma vez que mais um setor vai ficar sob o interesse do capital privado o que vai provocar aumento dos custos e sucateamento do serviço para a população, além de demissões em massa etc.


13.12.2010

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Fonte: www.pco.org.br

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

QUEM É O SEM VERGONHA NESSA HISTÓRIA?


Enquanto Ciro Gomes escolhe se quer ser ministro da Integração Nacional do governo Dilma ou ministro da Secretaria Especial de Portos, que cuidará também da aviação civil, não custa relembrar o que ele disse em abril último (não faz tanto tempo assim) quando se convenceu de que lhe faltaria o apoio do seu partido (PSB) para sair candidato a presidente da República.

Ciro falou, primeiro, para Eduardo Oinegue, do portal IG. Depois para o SBT, Folha de S. Paulo e outros jornais e emissoras de televisão que o procuraram.

“Lula está navegando na maionese. Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República. Pior: ninguém chega para ele e diz ‘Presidente, tenha calma’. No primeiro mandato eu cumpria esse papel de conselheiro, a Dilma, que é uma pessoa valorosa, fazia isso, o Márcio Thomaz Bastos fazia isso. Agora ninguém faz”.

“Minha sensação agora é que o Serra vai ganhar esta eleição. Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais preparado, mais legítimo, mais capaz. Mais capaz inclusive de trair o conservadorismo e enfrentar a crise que conheceremos em um ou dois anos.”

[Eduardo Campos e Roberto Amaral, dirigentes do PSB] “não estão no nível que a História impõe a eles”.

“Sabe os aloprados do PT que tentaram comprar um dossiê contra os tucanos em 2006? Veremos algo assim de novo. Vai ser uma merda”.

“Em 2011 ou 2012, o Brasil vai enfrentar uma crise fiscal, uma crise cambial. Como estamos numa fase econômica e aparentemente boa, a discussão fica escondida. Mas precisa ser feita. Como o PT, apoiado pelo PMDB, vai conseguir enfrentar esta crise? Dilma não aguenta. Serra tem mais chances de conseguir”.

“Não me peçam para ir à televisão declarar o meu voto, que eu não vou. Sei lá. Vai ver viajo, vou virar intelectual. Vou fazer outra coisa”.

domingo, 12 de dezembro de 2010

TOMA, QUE O FILHO É TEU

Quando receber a faixa presidencial, no dia 1º de janeiro, a presidente eleita, Dilma Rousseff, não herdará do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, somente a redução da pobreza, a estabilidade econômica e o aumento do poder aquisitivo da população. Ela também terá pela frente alguns desafios que Lula não conseguiu vencer, embora tenham sido promessas de campanha em 2002 e 2006.


Os maiores gargalos estão no planejamento do país a médio e longo prazo e na baixa qualidade da educação, apontam os especialistas.


Nas duas eleições em que saiu vencedor, o então candidato Lula prometeu preparar o país para o futuro, por meio de obras de infraestrutura. Em 2006, o presidente assegurou que o país daria "um verdadeiro salto de qualidade" e investiria "em capacitação tecnológica e infraestrutura voltada para o escoamento da produção". Diretamente ligado ao setor, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, está longe de ser concluído.


Estudo do banco norte-americano Morgan Stanley aponta uma realidade preocupante para os brasileiros. O levantamento mostra que o país precisará dobrar o volume de investimentos em infraestrutura se quiser manter um crescimento sustentável de 5% ao ano na próxima década.
Significa dizer que o avanço do país poderá ser barrado se a energia, os portos, as ferrovias e rodovias e os aeroportos não receberem investimentos.


"De que adianta ter mercado querendo comprar nossos produtos e não termos condição de entregar?", questiona o professor Hélvio de Avelar, do departamento de Administração da PUC Minas.


"A minha perspectiva do Brasil, a médio prazo, é muito ruim. É muito preocupante", sentencia o cientista político Gilberto José de Barros.


A julgar pelo orçamento de 2011, preparado pela equipe de Lula e a ser executado por Dilma, os investimentos em infraestrutura continuarão em baixa. Na casa dos R$ 48 bilhões, os valores não representarão mais que 1,33% do Produto Interno Bruto (PIB). Os números se tornam ainda mais reduzidos quando levadas em consideração a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, eventos a serem sediados pelo país.


VIOLÊNCIA. Em 2002, Lula também prometeu combater a violência, em um esforço concentrado com governadores, e cuidar das fronteiras do país. Em campanha, o então candidato chegou a afirmar que havia uma "nuvem ameaçadora" e defendeu uma "política de segurança pública muito mais vigorosa e eficiente".


Entretanto, Gilberto José de Barros aponta que as promessas não foram colocadas em prática. "Não só não existe uma política nacional de combate à violência, como também não houve investimentos na inteligência da Polícia Federal, no que se refere à segurança da fronteira. Armas e drogas continuam entrando, além dos produtos piratas", critica.


CUSTO DE VIDA. Recentemente, o próprio Lula fez uma espécie de "mea-culpa", ao se admitir frustrado com o preço do gás de cozinha. "Vou sair com uma dívida e é importante a imprensa publicar: desde 2004, eu gostaria que a gente tivesse reduzido o preço do gás de cozinha", afirmou Lula, culpando a Petrobras pelo insucesso.


O governo também tentou, mas não conseguir vencer as empresas de telefonia, na luta para diminuir o valor da conta mensal do telefone fixo.
Embora o reconhecimento dos avanços do governo Lula no campo social seja quase unânime, o presidente ainda não conseguiu acabar com uma realidade: a miséria. Tanto que o tema foi promessa de campanha de Dilma Rousseff.

UM GOVERNO QUE JÁ NASCE CANSADO


Miriam Leitão

Há mais esperanças na economia do que na política, no primeiro ano do governo Dilma. Apesar de o país crescer menos em 2011 do que em 2010, como esta coluna registrou ontem, na política não há qualquer sinal de novo. A formação do governo repete as mesmas velhas e gastas fórmulas de negociação e há muita figurinha repetida. O governo já nasce cansado.

A forma como a presidente eleita constituiu seu governo até agora repete os mesmos métodos e equívocos de governos anteriores. O mais relevante é o de não ter qualquer ideia que costure e justifique a aliança.

Quando David Cameron, do Partido Conservador, e Nick Clegg, do Partido Liberal Democrata, decidiram fazer um governo de coalizão na Inglaterra, o primeiro movimento foi discutir um programa comum. Havia vários pontos de enorme divergência entre eles, inclusive sobre cortes de gastos. Cada um cedeu e depois foram sendo escolhidos os nomes. Quando o ministro era de um partido, se sabia o que significava. O ministro do Tesouro ser conservador era sinal de corte maior, o de Meio Ambiente ser liberal-democrata significava que o país continuaria defendendo o combate às mudanças climáticas.

No Brasil, o que significam as escolhas? Em termos de escolhas de políticas públicas há um ou outro ministro que se pode dizer que tem algum significado, mas no geral o que se vê é ou uma enorme mesmice ou algo ainda mais equivocado.

O fato de o governo ter vencido a eleição significa apenas que as mesmas forças políticas governarão, mas não as mesmas pessoas.

O que dizer de o mesmo Edison Lobão nas Minas e Energia? Ele chegou lá sem entender coisa nenhuma de nada do tema, escolhido pelo presidente do Senado, José Sarney, e seu único mérito, aos olhos da presidente eleita, deve ter sido o de fazer exatamente o que ela determinava. Da Casa Civil, continuou sendo a ministra das Minas e Energia.

E que tal Pedro Novais no Ministério do Turismo? Significa apenas que Sarney consegue ter dois homens de confiança no governo. Mais uma vez se dá mais importância ao ex-presidente do que ele tem de fato. Ele não tem controle sobre o PMDB. Portanto, Dilma será mais um chefe de governo a superestimar a influência de Sarney sobre a legenda. Até quando uma pessoa conseguirá enganar tantos?

Num país que será sede de vários eventos importantes, o melhor seria ter escolhido alguém com juventude, dinamismo, e capacidade de visão para a área, e não uma pessoa que sai do bolso do colete do ex-presidente.

Alfredo Nascimento de volta ao Ministério dos Transportes, o que pode significar? Deve fazer a alegria de todos os lobbies já organizados nessa sempre tumultuada pasta. Além disso, sabe-se que o governo, para ajudá-lo na eleição, forçou o asfaltamento da BR-319, na Amazônia, apesar de todas as suas controvérsias. Mesmo assim, ele foi derrotado. Isso o credencia a ser premiado com a volta ao mesmo ministério que deixou para se candidatar.

Garibaldi Alves, na Previdência, Wagner Rossi, na Agricultura, Moreira Franco, na Secretaria de Assuntos Estratégicos, não representam ideia alguma.

Garibaldi não sabia nem do tamanho do rombo da Previdência, Rossi já era uma nulidade na Agricultura, desconhece-se qualquer pendor de Moreira Franco para o pensamento estratégico. De vez em quando se diz que sua secretaria será recheada com outras funções, que ele vai formular ideias para o saneamento, e que passaria a também cuidar da regulamentação da Lei de Resíduos Sólidos.

Aí fica mais esquisito ainda. A Lei demorou 20 anos para ser aprovada, tem um impacto importante nas empresas, que passarão a partir de agora a ter que investir em coisas como logística reversa. Não pode ser vista como um penduricalho na vazia Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Saneamento, que tem sido a vergonha nacional e área na qual o desempenho do governo Lula foi pífio, não pode ser dividido ao meio, para que alguém no palácio “pense” o tema e alhures outro alguém execute.

O ministro Guido Mantega foi bem quando não teve ideias próprias e tocou por inércia a conformação do ministério deixado por seu antecessor. Liberado pela crise econômica, fez um grande estrago: aumentou gastos, transferiu montanhas de dinheiro para o BNDES, confundiu indicadores, escolheu setores para as benesses do Estado, deu razão aos gastadores.

Ao ser confirmado, mudou duas coisas: o discurso e a pessoa a quem entrega a sua lata de pastilha para garganta. Se a mudança do destinatário da lata de pastilha é real — pelo menos Lula registrou — a mudança de pensamento é mais improvável.

Para uma pessoa que durante toda a campanha disse que escolheria técnicos com vinculação política, mas sobretudo com capacidade comprovada, a presidente eleita deixa muito a desejar até agora.

Pior, ela ficou prisioneira do mesmo jogo político-partidário menor de toma lá dá cá, de cota do PMDB, cota de Sarney, cota do PT, cota do Lula. Existe até uma cota Dilma, como se ela não fosse passar a ser a partir do dia primeiro a presidente de todos os brasileiros.

O PIB do Brasil crescerá no ano que vem, menos do que no ano anterior, mas mais do que no primeiro ano do governo Lula, como disse aqui ontem. Mas com esses primeiros movimentos o que Dilma conseguiu na formação dos ministérios é a consolidação de práticas, escolhas, critérios e nomes do que há de mais antigo na política brasileira. Nunca antes um governo nasceu tão velho.