domingo, 30 de janeiro de 2011

O CARA NÃO SABE O QUE É RIDÍCULO!


Desde quando ex-presidente inaugura obras? Nunca antes na história desse país!

Bem dito, nunca antes, pois agora o ex-presidente inconformado protagonizou mais uma palhaçada no seu currículo.

O ex-presidente Lula foi neste domingo ao Estádio Municipal Primeiro de Maio, conhecido como Primeirão, localizado na Vila Euclides, em São Bernardo, região do ABC paulista. Acompanhado do prefeito de São Bernardo, Luis Marinho, do vice-prefeito Frank Aguiar, e do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Lula participou da cerimônia de entrega das obras de ampliação do estádio, onde o São Bernardo manda os seus jogos.

E como na sua gestão presidencial, inaugurou um estádio inacabado!

Vestido com uma camisa que ostentava as cores e escudos do São Bernardo de um lado e do outro as doCorinthians, Lula descerrou a placa de entrega da obra, que ampliou a capacidade do estádio de 13 mil para 15,8 mil lugares. Do lado externo do estádio, no entanto, ainda podem ser vistos muito entulho e sobras de material de construção, e o próprio gramado do campo está longe das condições ideais.

Depois de receber um absurdo título de Doutor Honoris Causa, da Universidade Federal de Viçosa, MG, o ex-presidente que é um analfabeto funcional continua dando vexames. Alguém precisa dizer a ele que: "Já era, meu!'

AEROMOÇA DE TUPOLEV

A foto mostra a serra de Friburgo depois da tragédia. O governo federal não conseguiu prever um desastre dessa magnitude. O Brasil está indefeso?
de Augusto Nunes
Dilma esquece a contagem dos mortos para contar vantagem e troca a carranca de luto pelo sorriso de aeromoça de Tupolev.

Quem ensinou a Dilma Rousseff que sisudez não rima com política precisa explicar-lhe urgentemente que, em certas ocasiões, a mostra de todos os dentes pode ser mais perturbadora qu
...e a carranca de bedel da escolinha de ministros. Foi assim na visita ao túmulo de Tancredo Neves, quando a candidata em campanha resolveu estrear num cemitério o sorriso de aeromoça de Tupolev. Foi assim na quinta-feira, quando reprisou a alegria fora de hora na visita ao Centro de Operações do Rio.

Enquanto prossegue a contagem dos mortos na Região Serrana, a presidente, escoltada pelo também sorridente Sérgio Cabral, gastou o dia contando vantagem em parceria com Eduardo Paes. Teve de conter a euforia ao ouvir do prefeito que a cidade será monitorada 24 horas por dia pelo centro, concebido para identificar a tempo quaisquer perigos que possam resultar em situações de crise e exigir medidas de emergência. Desastres naturais semelhantes ao que devastou a Região Serrana, por exemplo, serão detectados com dois dias de antecedência.

“Aqui estamos vendo o futuro: vocês estão um passo à frente do Brasil”, festejou Dilma Rousseff. É outro palavrório cretino, mas não deixa de fazer sentido. Por estarem um passo à frente do resto do país, os cariocas terão 48 horas para tentar salvar-se por conta própria, simultaneamente, do dilúvio e da incompetência dos pais-da-pátria — uma associação letal cujo poder de destruição os habitantes da Região Serrana descobriram tarde demais.

Agora o país inteiro sabe que é inútil pedir socorro ao governo. Melhor rezar para não chover. O Sistema Nacional de Defesa Civil inventado por Lula só existe na papelada registrada em cartório que descreve um país do faz-de-conta. O Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais prometido há dias por Dilma vai demorar pelo menos quatro anos. Se o Centro de Operações do Rio localizar uma tragédia em gestação, o governo federal não fará mais que antecipar os votos de solidariedade às famílias atingidas pela inclemência da natureza. O massacre ocorrido na Região Serrana foi anunciado não com dois dias de antecedência, mas quase mil. Nenhum dos governantes fez algo além de promessas.

Na quinta-feira, Dilma, Cabral e Paes estavam sem tempo para os mortos deste janeiro. (Eram 847 no fim da tarde de sexta-feira. Logo passarão de mil). A festinha no Centro de Operações foi armada para mostrar aos cartolas muito vivos da Fifa e do Comitê Olímpico que a cidade mais bela do mundo é também a mais segura. Está pronta para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Com chuva ou sem chuva.

O espetáculo do cinismo e da ganância não pode parar. O sorriso da turma ajuda a compor a expressão beatífica de quem sonha com verdes campos de dólares ou descansa à sombra das licitações em flor.

PAGA DILMA!


Um fantasma de R$ 390,8 bilhões assombra o governo Dilma Rousseff.

A cifra representa a soma das principais ações que tramitam na Justiça contra a União e que podem, num cenário pessimista, gerar novos esqueletos a serem bancados pelos cofres públicos.

A Advocacia-Geral da União (AGU), responsável pela defesa do governo nos tribunais, mantém um acompanhamento sistemático sobre as ações que representam "riscos fiscais", como elas são classificadas.

Apesar das vitórias obtidas em casos emblemáticos, como do crédito-prêmio do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) em 2009, há situações nas quais as derrotas têm se acumulado.

Um exemplo disso é o embate com empresas e associações do setor de açúcar e álcool sobre indenizações por conta do congelamento de preços praticado ainda no governo Sarney (1985-1990). Já foram identificadas mais de 150 ações tratando do tema. O valor dos pedidos pode bater os R$ 50 bilhões.

"Estão sendo obtidas vitórias pontuais, reduzindo consideravelmente o valor das indenizações pretendidas, mas a União foi vencida na maioria das ações", afirmam os técnicos da Procuradoria-Geral da União.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O BRASIL REGISTRADO EM CARTÓRIO POR LULA


de Augusto Nunes

A leitura da certidão de nascimento do Brasil Maravilha, registrada em cartório no dia 15 de dezembro, informa que a tragédia na Região Serrana do Rio só assumiu dimensões apocalípticas porque os brasileiros teimam em morar no país real presidido por Dilma Rousseff. Se vivessem no colosso que Lula inventou, estariam todos na praia ou numa quadra de escola de samba. As tempestades de janeiro não teriam feito mais estragos que uma velha garoa paulistana, as águas dos rios não se atreveriam a abandonar o leito, o mais frágil dos barracos seguiria ancorado na encosta do morro, os mortos seriam contados nos dedos das mãos e os flagelados caberiam numa creche do PAC.

É o que garante a página 278 do segundo dos seis volumes que agrupam os prodígios e milagres colecionados pelo maior dos governantes desde Tomé de Souza. Depois de localizar o trecho que descreve o que Lula fez para mostrar que sabe até domar a natureza, o repórter Bruno Abbud constatou que Dilma anda prometendo coisas que já existem. Há 10 dias, por exemplo, prometeu montar em quatro anos o Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais. Não precisa. No país do cartório, o Sistema Nacional de Defesa Civil esbanja eficiência desde 17 de fevereiro de 2005.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

FMI SOBRE BRASIL: "RELAXADO E EXCESSOS DE GASTOS"


O Fundo Monetário Internacional divulgou nesta quinta-feira, em Washington, um relatório reprovando as contas públicas do Brasil. "Espera-se agora que o governo não alcance sua meta fiscal (superavit primário da ordem de 3% do Produto Interno Bruto, PIB) por ampla margem", diz o documento 'Monitor de finanças públicas', que detalha projeções para 14 países.

No relatório, o FMI critica a política fiscal adotada pelo governo brasileiro, considerada muito 'relaxada' e com 'excesso de gastos', que acabam pressionando a inflação. Para contornar o problema de preços elevados, o gpverno acaba adotando a política monetária - leia-se aumento de juros.

O alerta acontece na semana posterior à decisão do Banco Central (BC) de elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia, de 10,75% para 11,25% ao ano.

Uma das consequências do juro mais alto, diz o relatório, é a forte atração de capital externo, que leva à valorização do real e, portanto, prejudica as exportações do país.

O Fundo afirma que muitos mercados emergentes devem constituir reservas fiscais maiores, sobretudo diante das entradas de capital, do risco de superaquecimento da economia e da possibilidade de contágio dos países avançados. "Devem resistir às pressões de gastos e economizar os excedentes fiscais em sua totalidade", diz o relatório.

Contas negativas - O Fundo estimulou ainda s esforços empregados por países europeus para reduzir seus déficits, e reprovou a situação dos Estados Unidos, do Japão e do Brasil. Três países da Zona do Euro (Alemanha, Espanha e França) e o Reino Unido foram apontados pelo Fundo como os que registraram mais progressos em seu plano de redução do déficit.

"Os maiores países europeus vão reequilibrar seus orçamentos em 2011", devendo ainda "melhorar sua situação fiscal em 2012", destacou. Para estes países, o déficit deverá ser reduzido em 2011 de um a três pontos do Produto Interno Bruto, em relação ao de 2010. "O encolhimento do orçamento na Alemanha e na França, conjugado a medidas discricionárias e a uma aceleração do crescimento, contribuirá para reduzir notavelmente o déficit", explicou.

"A redução do déficit na Espanha será o mais pronunciado entre os grandes países europeus" e o governo britânico "anunciou medidas detalhadas visando a reduzir as despesas", acrescentou a instituição.

Na contramão, os Estados Unidos e o Japão seguem uma má tendência. "Os Estados Unidos serão o único grande país avançado a realizar uma política orçamentária procíclica [de retomada] este ano", revelou o Fundo. Seu déficit deverá afundar em 2011. "No Japão, a redução já modesta do déficit global prevista para 2011 foi incrementada" com um aumento suplementar de gastos aprovado pelos deputados em novembro, lamentou o FMI no documento.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

REFRIGERANTE DE MACONHA


Um refrigerante de maconha, o "Canna Cola", estará nas lojas do Estado americano de Colorado em fevereiro. Cada garrafa custará entre US$ 10 e US$ 15 e terá entre 35 e 65 miligramas de THC (tetrahidrocanabinol), o principal ingrediente psicoativo do cannabis, o gênero botânico utilizado para produzir haxixe e maconha.

As informações foram publicadas na revista americana "Time".

São 15 os Estados americanos onde o uso da maconha para fins medicinais é legal. No entanto, as condições para sua legalidade mudam de um lugar para o outro, e maconha, independentemente do propósito, continua sendo ilegal pelas leis federais.

Há um projeto de lei no Congresso assinado pela senadora Dianne Feinstein, conhecido como "Brownie Law", aprovado pelo Senado no ano passado. A proposta é aumentar as penas para os que fazem produtos que misturem maconha com "algo doce".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RISCO DE EPIDEMIA


Um estudo feito por um especialista da Uerj e divulgado domingo pelo "Fantástico", da TV Globo, constatou que a água de um rio, a lama e o ar de Nova Friburgo, a cidade mais atingida pela enxurrada, estão altamente contaminados e oferecem risco à população.

Mais de uma semana após a tragédia, Gandhi Giordano viajou ao município para apontar as principais doenças a que os moradores estão expostos. O primeiro item testado foi a água do Rio Bengalas, que corta o município.

- Na água, analisamos a concentração de Escherichia coli, bactéria presente no intestino das pessoas. O limite dela permitido é de 800 unidades por cem mililitros, que é um copo pequeno de água. Lá, há 68 mil unidades - diz o professor.

O número encontrado é 85 vezes maior que o limite. Amostras de lama e poeira também foram coletadas para teste, além da água fornecida pela rede de abastecimento da cidade.

Na lama, foram encontrados 92 mil coliformes fecais a cada cem mililitros: 115 vezes mais que o tolerado. No ar, havia mais de duas mil bactérias por metro cúbico. Uma pessoa respira dois metros cúbicos de ar por hora. Dessa forma, os moradores de Nova Friburgo estão inspirando cerca de quatro mil bactérias e quatro mil fungos por hora.

ALERTA DA CRUZ VERMELHA

da Cruz Vermelha Brasileira

"Vocês nunca tiveram oportunidade de testemunhar catástrofes mundiais e por isso é natural que sejam incapazes de avaliar a extensão dos danos aqui ocorridos. Devido a décadas de experiência de campo e de levantamento de áreas de desastre, posso seguramente, afirmar que somente aqui no município de Teresópolis o número de mortos soterrados de longe ultrapassa a casa dos 6.000. Na região serrana ao todo o número de mortos deve facilmente chegar a mais de 12.000 pessoas.

No Brasil, vocês nunca lidaram com catástrofes naturais de grandes dimensões, daí a falta de preparo e de noção do que realmente se passa. Pelo quadro vigente no Haiti, vocês podem contabilizar as milhares de pessoas que já morreram de febre tifóide. Não importa se sejam os brancos loiros de olhos azuis da Bósnia-Herzegovina ou os negros suados do Haiti ou os habitantes de Teresópolis. Todos os corpos que necropsio fedem e estão imundos. Morto não tem raça, ou status social. Todos os corpos apodrecem e se decompõem. São mais de 6.000 corpos nos leitos dos rios, nos mananciais e nas suas margens, enterrados a vários metros de profundidade.

Haverá inúmeras epidemias daqui há algumas semanas surgindo primeiramente de forma discreta e depois se alastrando pelas cidades supridas por essas águas. A falta de experiência do Brasil e dos brasileiros em termos de dimensões de catástrofes levam a estas estimativas ingênuas do que realmente aconteceu. Em qualquer outro país civilizado, o procedimento correto seria o de declarar lei marcial e exigir intervenção federal nesta situação. A própria viabilidade e existência destas cidades será posta à prova nos meses que virão na medida em que a população começar a adoecer."

domingo, 23 de janeiro de 2011

BRONCA


Por Jorge Serrão

Sexta-feira passada, a Presidenta Dilma Rousseff comprovou que seu estilo de governar não poupa sequer os aliados ou amiguinhos. Por telefone, Dilma quase reduziu a pó o governador Sérgio Cabral. No momento mais tenso da conversa entre ambos, Dilma chegou a gritar que Cabral devia ter vergonha e renunciar. A bronca de Dilma em Cabralzinho foi presenciada por amigos dela.

Dilma recomendou que Cabral pare de reclamar por verbas. Lembrou que, desde 2008, o governador fluminense já fora alertado pelo governo federal de que as chuvas poderiam causar uma tragédia no Estado. Dilma concluiu que a administração de seu aliado pouco fez para evitar os efeitos das chuvas que produziram centenas de mortes.

Dilma também criticou Cabral por se ausentar do Rio de Janeiro, em períodos críticos, como os de começo de ano. A Presidenta ponderou que pega muito mal, em toda catástrofe, o vice-governador Luiz Fernando Pezão sempre aparecer, primeiro, como a voz oficial, enquanto o governador tira férias.

Quem ouviu a conversa no viva voz jura que Cabralzinho chegou a chorar com as duras críticas da Mãe Dilma. A mídia amestrada dará uma linha sequer sobre a bronca privada de Dilma em Cabralzinho. O assunto "não interessa" no momento de exploração jornalística da desgraça de milhares de pessoas.

sábado, 22 de janeiro de 2011

IDIOTAS POR TODA PARTE

Augusto Nunes

Nelson Rodrigues acordou especialmente inspirado em 20 de maio de 1969. “Nada mais XIX que o século XX”, descobriu já na primeira linha da coluna que O Globo publicaria no dia seguinte. Abstraídas “a praia e as medidas masculinas dos quadris femininos”, não havia nada que permitisse distinguir uma época de outra. Em contrapartida, escancaravam-se as incontáveis semelhanças, começando pela consolidação do fenômeno que, segundo o cronista genial, configurou a mais notável singularidade do século XIX: “a ascensão espantosa e fulminante do idiota”.

Até então, os integrantes da tribo se haviam limitado a babar na gravata. “O idiota era apenas o idiota e como tal se comportava”, explicou Nelson Rodrigues. “O primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar uma cadeira do lugar. Nunca um idiota tentou questionar os valores da vida”. Como ocorrera desde o começo dos tempos, decidiam pelos idiotas os que tinham cabeça para pensar e sabiam o que faziam. Os rumos eram ditados pelos melhores.

As coisas mudaram dramaticamente quando a imensidão de cretinos fundamentais se descobriu majoritária. “Houve, por toda parte, a explosão de idiotas”, avisou a crônica que, escrita há quase 42 anos, hoje tem cara de profecia. Neste começo de milênio, a praga que afligiu o século XIX e consolidou-se no século XX assumiu, em território brasileiro, dimensões amazônicas. Em suas infinitas variações ─ o espertalhão, o otário, o vigarista, o fanático, o farsante, o bobo alegre, o cafajeste, o prepotente, o gatuno ─, os idiotas estão por toda parte.

No oitavo ano da Era da Mediocridade, espécie em acelerada expansão está representada no governo e nos partidos da oposição, no Ministério e no segundo escalão, no Congresso e nos tribunais, na imprensa, na plateia que assiste à passagem do cortejo ou nos andores da procissão de espantos que começou há oito anos, não foi interrompida sequer pelas festas de fim de ano e seguiu seu curso no primeiro mês do governo de Dilma Rousseff. O viveiro de cérebros baldios não se assusta com nada.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

INCÚRIA, NO "MINHA CASA, MINHA VIDA"


No Residencial Nova Conceição, em Feira de Santana, comércio ilegal de apartamentos e abandono das unidades por falta de pagamento das prestações de R$ 50 põem em xeque o programa xodó da presidente Dilma Rousseff.

Apenas seis meses depois de entregues as chaves, o primeiro empreendimento do Programa Minha Casa, Minha Vida para famílias de baixa renda tornou-se uma espécie de assentamento urbano com comércio ilegal de apartamentos e abandono dos imóveis por falta de pagamento das prestações de R$ 50, colocando em xeque o programa xodó da presidente Dilma Rousseff.

O Residencial Nova Conceição, em Feira de Santana (BA), foi o primeiro empreendimento para famílias com renda de até R$ 1.395 entregue no País e recebeu duas visitas do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na campanha presidencial, Dilma levou ao ar no horário eleitoral gratuito o condomínio como exemplo bem-sucedido de política pública para os mais pobres.

De lá para cá, desligadas as câmeras da campanha, o "condomínio" apresenta personagens com dramas reais. O presidente da Associação de Moradores do Residencial Nova Conceição, Edson dos Santos Marques, 27 anos, diz que o calote tem aumentado no empreendimento porque boa parte dos moradores tem como renda apenas o benefício do Bolsa Família.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

INCÚRIA NA EDUCAÇÃO


O Globo

Se a incúria do poder público foi a protagonista da tragédia na Região Serrana, ela também patrocina, quase ao mesmo tempo, mais uma ação para o desmonte do Enem, um dos melhores instrumentos criados para substituir o vestibular como porta de entrada na universidade.

Infelizmente, a credibilidade do Exame Nacional do Ensino Médio vem sendo destroçada a golpes sucessivos de inépcia desfechados pelo Ministério da Educação (MEC) e seu Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela aplicação do teste, já utilizado por várias universidades, no processo de seleção de vestibulandos.


As constantes e graves falhas na condução do exame explicitam algumas das clássicas deficiências do serviço público brasileiro, convertido de vez numa casta por forças políticas que há alguns anos mantêm o poder em Brasília.

Protegido contra qualquer sistema comezinho de cobrança de eficiência, embora com salários muitas vezes acima dos pagos no mercado para as mesmas funções, o funcionalismo federal custa muito ao contribuinte e não dá um retorno compatível com o peso dos impostos cobrados à sociedade. Pelo contrário, tem gerado sérios problemas, como os do Enem.

Provas já foram furtadas por deficiência no sistema de vigilância contratado; folhas de testes terminaram sendo distribuídas com páginas de gabarito trocadas; e, agora, como se fosse para completar o calvário de centenas de milhares de estudantes, o acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para o candidato escolher as opções de cursos, tem sido, no mínimo, problemático. Devido ao previsível grande volume de acesso — surpreendente apenas para o MEC/Inep —, muitos estudantes não conseguiram entrar no sistema.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

LE MONDE: TRAGÉDIA É CULPA DE DESCASO DO GOVERNO BRASILEIRO


Na coluna publicada na edição desta quinta-feira do jornal Le Monde, o correspondente Jean-Pierre Langellier não poupa o descaso das autoridades brasileiras e critica a falta da implantação de uma política de prevenção das enchentes. A mais recente, que já provocou a morte de 677 pessoas, segundo o último balanço oficial, já é considerada uma das maiores catástrofes da história do país.

O Le Monde lembra que o Brasil possui poucos radares capazes de antecipar o risco de fortes chuvas , e que, apesar da Defesa Civil ter alertado as prefeituras sobre o perigo de inundações, os dirigentes locais não se preocuparam em prevenir a população, com poucas exceções.


O correspondente do Jornal Le Monde no Brasil critica em editorial de hoje a gestão das enchentes no Brasil.
RFI
O artigo do jornalista francês cita problemas estruturais de base, já conhecidos e analisados por especialistas e a imprensa brasileira, que impedem uma gestão eficaz das enchentes: crescimento urbano desordenado e construções de habitações em área de risco. Segundo dados oficiais, lembra o Le Monde, cinco milhões de pessoas vivem nessas regiões.

Na falta de uma rede de transporte coletivo eficiente, muitos trabalhadores se instalam como podem nas colinas, em barracos ou outros tipos de residências, perto do local de trabalho. O resultado é a destruição da mata ciliar, o acúmulo de esgoto e bueiros entupidos, que dificultam o escoamento da água e provocam as inundações.

Para o Le Monde, o governo foi negligente em todos os níveis: municipal, estadual e federal. "Por demagogia ou interesse eleitoral, as autoridades deixaram o concreto crescer nas colinas, e até mesmo estimularam a especulação imobiliária", diz o texto. O governo federal brasileiro, por sua vez, tem sua parcela de culpa por ter repassado aos municípios apenas 40% das verbas destinadas aos programas de prevenção de catástrofes naturais.

Em um documento enviado à ONU, o governo brasileiro admite, segundo o jornal francês, não ter implantado nenhuma medida para informar, educar ou alertar as comunidades em situação de risco. O consultor da ONU Guha Sapir, citado na coluna, afirma que Brasil não é capaz de administrar o único risco natural em seu território. "Imagine se existisse terremotos ou erupções vulcânicas no país?", questiona Sapir, resumindo seu raciocínio: "O Brasil não é Bangladesh. Não há desculpa."

INCOMPETENCIA GOVERNAMENTAL

O Estado de S.Paulo

No terceiro ano do governo Lula, em 2005, o Brasil foi um dos 168 países a se comprometer com as Nações Unidas a elaborar um plano de defesa prévia das populações na iminência de uma catástrofe ambiental - como o tsunami asiático daquele ano, que deu origem à iniciativa. Para dar tempo aos países mais desvalidos, fixou-se em 10 anos o prazo máximo para a implantação das medidas.

Na segunda-feira, quando chegava a 665 o número de mortos da tragédia na região serrana do Rio, o governo anunciou a criação de um Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais do País. Foram, portanto, seis anos desperdiçados.

Costuma-se dizer que, nas grandes burocracias, a mão esquerda não sabe o que faz a direita, e vice-versa. Mas o Planalto sabia que não tinha feito quase nada para cumprir o acordo que assinara - e admitiu a desídia em documento remetido à ONU, revelado domingo por este jornal. Instituiu-se um Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, que ainda não viu a cor dos míseros R$ 3 milhões que deveria ter recebido a contar de 2008.

Agora, como se fosse uma proeza, o governo alardeia que, graças ao novo sistema - que parece ser pouco mais do que um ajuntamento de palavras -, será possível reduzir em 80% o total de vítimas nas áreas por ele cobertas em caso de calamidades. Quando? Até o final do mandato da presidente Dilma Rousseff.

Os brasileiros sabem que, em matéria de promessas oficiais, "até o final" costuma significar "no final" - e isso, na melhor das hipóteses. No caso da tragédia fluminense, o prazo é "assustador", avalia a consultora da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres, Debarati Guha-Sapir. "Não entendo a razão de um país levar quatro anos para ter um sistema de alerta em funcionamento", espanta-se.

Para o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, os primeiros efeitos do plano se farão sentir já no próximo verão. Mas será preciso começar de muito baixo. Segundo dados oficiais, apenas 426 dos 5.565 municípios brasileiros têm órgãos de Defesa Civil minimamente estruturados. "O sistema tem se revelado frágil", constata o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ADIÓS MUCHACHO!

Ferreira Gullar *

Talvez seja esta a última vez que escreva sobre o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil. Com alívio o vi terminar o seu mandato, pois não terei mais que aturá-lo a esbravejar, dia e noite, na televisão, nem que ouvir coisas como esta: "Ele é tão inteligente que fala todas as línguas sem ter aprendido nenhuma". Pois é, pena que não fale tão bem português quanto fala russo.

É verdade que tivemos, ainda, que aturá-lo nos três últimos dias do mandato, quando "inaugurou" obras inexistentes e fez tudo para ofuscar a presidente que chegava.

Depois de passar a faixa, foi para um comício em São Bernardo, onde, até as 23h, continuava berrando no palanque, do qual nunca saíra desde 2002.

Aproveitou as últimas chances para exibir toda a sua pobreza intelectual, dizendo-se feliz por deixar o governo no momento em que os Estados Unidos, a Europa e o Japão estão em crise.

Alguém precisa alertá-lo para o fato de que a crise, naqueles países, atinge, sobretudo, os trabalhadores. Destituído de senso crítico, atribui a si mesmo ("um torneiro mecânico") o mérito de ter evitado que a crise atingisse o Brasil. Sabe que é mentira mas o diz porque confia no que a maioria da população, desinformada, acreditará.

Isso dá para entender, mas e aqueles que, sem viverem do Bolsa Família nem do empréstimo consignado, veem nele um estadista exemplar, que mudou o Brasil? É incontestável que, durante o seu governo, a economia se expandiu e muita gente pobre melhorou de vida. Mas foi apenas porque ele o quis, ou também porque as condições econômicas o permitiram?

Vamos aos fatos: até a criação do Plano Real, a economia brasileira sofria de inflação crônica, que consumia os salários. Qual foi a atitude de Lula ante o Plano Real? Combateu-o ferozmente, afirmando que se tratava de uma medida eleitoreira para durar três meses.

À outra medida, que veio consolidar o equilíbrio de nossa economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lula e seu partido se opuseram radicalmente, a ponto de entrarem com uma ação no Supremo para revogá-la. Do mesmo modo, Lula se opôs à política de juros do Banco Central e ao superávit primário, providências que complementaram o combate à inflação e garantiram o equilíbrio econômico. Essas medidas, sim, mudaram o Brasil, preservando o valor do salário e conquistando a confiança internacional.

Lembro-me do tempo em que o preço do pão e do leite subia de três em três dias.

Quem tinha grana, aplicava-a no overnight e enriquecia; quem vivia de salário comia menos a cada semana.

Se dependesse de Lula e seu partido, nenhuma daquelas medidas teria sido aplicada, e o Brasil -que ele viria a presidir- seria o da inflação galopante e do desequilíbrio financeiro. Teria, então, achado fácil governar?

Após três tentativas frustradas de eleger-se presidente, abandonou o discurso radical e virou Lulinha paz e amor. Ao deixar o governo, com mais de 80% de aprovação, afirmou que "é fácil governar o Brasil, basta fazer o óbvio". Claro, quem encontra a comida pronta e a mesa posta, é só sentar-se e comer o almoço que os outros prepararam.

A verdade é que Lula não introduziu nenhuma reforma na estrutura econômica e social do país, mas teve o bom senso de dar prosseguimento ao que os governos anteriores implantaram. A melhoria da sociedade é um processo longo, nenhum governo faz tudo. Inteligente, mas avesso aos estudos, valeu-se de sua sagacidade, já que é impossível conhecer a fundo os problemas de um país sem ler um livro; quem os conhece apenas por ouvir dizer não pode governar.

Por isso acho que quem governou foi sua equipe técnica, não ele, que raramente parava em Brasília. Atuou como líder político, não como governante, e, se Dilma fizer certas mudanças, pouco lhe importará, pois nem sabe ao certo do que se trata. Para fugir a perguntas embaraçosas, jamais deu uma entrevista coletiva.

Afinal, ninguém, honestamente, acredita que com programas assistencialistas e aumento do salário mínimo se muda o Brasil.

O tempo se encarregará de pôr as coisas em seu devido lugar. O presidente Emílio Garrastazu Médici também obteve, em 1974, 82% de aprovação.

* FOLHA DE SÃO PAULO - 16/01/11

DESGOVERNO DO BRASIL


Recebo o e-mail de um conhecido economista que tem casa no Vale do Cuiabá, em Petrópolis. Ele revela como anda a assistência aos desabrigados na região serrana do Rio. A casa dele não foi atingida pela catástrofe. Ele procura ajudar como pode. O relato impressiona.
Dá para escrever uma peça teatral de tragicomédia com o que vivi nos últimos dias e horas.
Não há comando. Hoje cedo, o padre da igreja me liga fazendo um apelo para tentar conversar com a secretaria de saúde, que passou ontem lá para vacinar o povo. A primeira visita desde que aconteceu a tragédia. Ficaram apenas 40 minutos e em uma única igreja - as quatro têm desabrigados. Era meio da tarde, e vacinaram poucos. Fosse à noite ou na hora do almoço, pegava o pessoal que dorme na igreja. No meio da tarde, as pessoas estão tentando resgatar algo de seu, procurando parentes etc.
Prometeram voltar hoje. Aí os líderes locais pediram para definir uma hora aproximada, que espalhariam a notícia na região, avisando a população local. Sabe qual foi a resposta? “Manda todo mundo ficar dentro da igreja o dia todo, não sair em hipótese alguma, porque, em algum momento do dia, nós passamos”. Não é para prender o imbecil que fala uma coisa dessas?
Como havia saques na região, que só tem uma entrada e uma saída, a PM fechou com pelotão de choque. Eu contei quatro carros n o sábado, às 12h, onde precisava de apenas um. Às 22h, sabe quantos tinha? Zero. Foram embora todos e voltaram no domingo, às 8h da manhã. Como se vê, saque é proibido só em horário comercial, como a vacinação - e na hora que o médico decidir aparecer.
A resposta econômica não fica atrás. Vão dar cheque do aluguel social onde não tem casa para alugar - só sobraram a minha e outras mansões - aliás, a maioria repleta de desabrigados amigos dos caseiros; eu tinha até grávida na minha casa. O governo do estado deu isenção de IPVA em Petrópolis - só que, no bairro, ninguém mais tem carro. Adiaram pagamento de contas de luz e de água - só que os atingidos não têm mais casa. Sabe quem foi beneficiado? Eu. Minhas casa está intacta, e certamente não sou pobre e nem desabrigado.

É um absurdo o que está acontecendo.

Tenho inúmeras outras histórias para contar em poucos dias. Para resumir, acho que as Forças Armadas deveriam assumir o comando, mandar e desmandar, hierarquia, ordem etc. Aliás, quem está pedindo isso são os próprios desabrigados.

Por Reinaldo Azevedo

SHELTERBOX E ROTARY DOAM 2.000 BARRACAS AOS DESABRIGADOS DA REGIÃO SERRANA DO RIO



As milhares de pessoas que perderam suas casas após a tragédia na Região Serrana do Rio receberão, a partir desta semana, tendas como as que foram usadas após o tsunami na Indonésia e o terremoto no Haiti. Cada barraca tem capacidade para dez pessoas e possui equipamentos de sobrevivência, cozinha separada, fogareiro, panelas, talheres, pratos, cobertor, purificador e armazenador de água. Elas serão doadas pela ONG inglesa Shelterbox, que trabalha em parceria com o Rotary Internacional.

O presidente da ONG no Brasil, Conrado Orsatti, estima que cerca de duas mil tendas chegarão, nos próximos dias, da Inglaterra aos municípios prejudicados pela chuva. Desde terça-feira (11), mais de 600 mortos foram resgatados na Região Serrana. Segundo Orsatti, a cidade com os trabalhos mais avançados é Teresópolis, onde um empresário que prefere não se identificar doou um terreno de sua fazenda para a instalação das barracas.

O presidente da ONG no Brasil informou que cerca de 56 barracas, que já estavam no país, deverão chegar até quarta-feira (19) à Serra.

“As equipes vão acompanhar o trabalho do começo ao fim, para se certificarem de que a tenda vai chegar para quem precisa, para não haver nenhum desvio”, contou Conrado. Ele também explicou que toda a ação é realizada através de voluntários, além das prefeituras. “Hoje começou a limpeza dos terrenos e os primeiros que estiverem prontos vamos instalar as tendas”, afirmou.

As tendas são projetadas para suportar temperaturas extremas, fortes ventos e temporais. Além da estrutura básica, a barraca também possui livros infantis de desenho, lápis e canetas, para as crianças que perderam seus bens. Os kits incluem cobertores térmicos, isolamento impermeável de solo e mosquiteiros, além de martelo, machado, serra, pá de escavação, cabeça da enxada, alicates e cortadores de fio.

A caixa que transporta todo o material da tenda - inclusive a barraca - é leve e impermeável. Segundo a ONG, ela também é usada para armazenamento de água e alimentos ou até como berço de bebê.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

FUNASA, BURACO SEM FUNDO!


Auditorias concluídas nos últimos quatro anos pela CGU (Controladoria Geral da União) revelam que a Funasa foi vítima de desvios que podem ultrapassar a cifra de meio bilhão de reais.

O órgão está sob comando do PMDB desde 2005 e é o principal alvo do partido na guerra por cargos no segundo escalão do governo Dilma.

Levantamento feito pela Folha mostra que a CGU pediu a devolução de R$ 488,5 milhões aos cofres da Funasa entre 2007 e 2010. O prejuízo ainda deve subir após novos cálculos do TCU (Tribunal de Contas da União), que atualiza os valores ao julgar cada processo.

De acordo com os relatórios, o dinheiro teria sumido entre convênios irregulares, contratações viciadas e repasses a Estados e prefeituras sem a prestação de contas exigida por lei.

A pesquisa somou as quantias cobradas em 948 tomadas de contas especiais instauradas nos últimos quatro anos. As investigações começaram no Ministério da Saúde, ao qual a Funasa é subordinada, e foram referendadas pela CGU.

O volume de irregularidades que se repetem atrasa a tentativa de recuperar o dinheiro, e os processos não têm prazo para ser julgados pelos ministros do TCU.

Além das auditorias, balanço feito pela controladoria a pedido da reportagem aponta a existência de 62 processos simultâneos contra a direção da Funasa.

Outros seis apuram supostas irregularidades cometidas por dirigentes e servidores, e podem culminar em punições como a demissão e a proibição de exercer novos cargos públicos.

Em 2009, o ex-presidente Paulo Lustosa, o primeiro indicado ao cargo pelo PMDB, foi banido da administração federal por cinco anos.

A CGU o responsabilizou pelo superfaturamento de contratos de R$ 14,3 milhões da TV Funasa. Em parecer, ele foi acusado de exibir "verdadeiro desprezo e desapego" aos recursos públicos.

No mesmo ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Covil, contra pagamentos de propina em Tocantins, e a Operação Fumaça, que desarticulou um esquema de desvio de repasses da Funasa a prefeituras do Ceará. As investigações constataram desvios de R$ 6,2 milhões.

Apesar dos escândalos, os peemedebistas mantêm o controle sobre a Funasa. Em 2008, o então ministro José Gomes Temporão (Saúde) quase perdeu o cargo após apontar "corrupção" e "baixa qualidade" no órgão.

Ele tentou demitir o presidente Danilo Forte, mas reação comandada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), manteve Forte, que em abril de 2010 passou o cargo a Faustino Lins, outro afilhado de Alves, para se eleger deputado pelo PMDB-CE.

domingo, 16 de janeiro de 2011

DESLEIXO ASSASSINO DE LULA!


Eliane Cantanhêde, Folha de S. Paulo

Como mostrou ontem o repórter Evandro Spinelli na Folha, o risco de um desastre de grandes proporções na belíssima região de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo foi detectado há dois anos por um estudo técnico encomendado pelo próprio governo do Rio.

E o que o governo fez com o resultado? Largou às traças, deixou pegando poeira na burocracia, empurrou para a gaveta ou simplesmente jogou no lixo - junto com o dinheiro público que o pagou.

Horas antes, as autoridades tiveram nova chance de não dar asas ao azar: o novo radar da Prefeitura do Rio e o Instituto Nacional de Meteorologia identificaram previamente a formação da tempestade.

E o que foi feito? Nada. Os órgãos atuaram isoladamente, não como um sistema integrado, em que o alerta se reproduz entre as várias instâncias, tem consequências e salva vidas. Mas não. É como se o radar fosse de enfeite, e o Inmet, só para inglês ver.

Num ótimo artigo, o colega Marcos Sá Correa defendeu que o remédio é responsabilizar homens públicos -e não abstratamente o Estado - pelos crimes que cometem contra a vida. É crime dar levianamente alvará de construção e "habite-se" para imóveis em encostas, fechar os olhos para casas em áreas de risco, desprezar alertas de tempestades e de outras intempéries.

Para complementar a sugestão do Marcos, a Polícia Federal deveria investigar também esse tipo de crime que pode resultar em 500, 600 mortes, famílias inteiras destruídas, casas despedaçadas, bilhões de prejuízos aos bolsos particulares e aos cofres públicos.

Se não vai por bem, vai por mal - na base da ameaça. Mais ou menos como no caso do cinto de segurança: todo mundo só passou a usar depois de criada a multa.

No rastro da Satiagraha, da Sanguessuga, da Castelo de Areia, fica aí a sugestão para o novo diretor-geral da PF, Leandro Coimbra: a operação "Desleixo Assassino".

sábado, 15 de janeiro de 2011

LEÃO GUARDA SUA DONA


O cachorro Leão “guarda” o túmulo de sua tutora, Cristina Maria Cesário Santana, morta nas chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro nesta semana. Segundo a agência de notícias France Press, que registrou a imagem do cachorro neste sábado (15) no cemitério de Teresópolis, o animal está há dois dias no local onde sua tutora foi enterrada.

Essa imagem resume o quanto os cães, que são abandonados às centenas todos os dias, são fieis, leais, solidários, companheiros. Nós, animais humanos, temos muito a aprender com os animais.

Com certeza, os grandes responsáveis pela tragédia que vitimou centenas, inclusive a dona de Leão, não estão tocados como esse cachorro. A julgar pelo sorriso da presidente na reunião com seus ministros, pelo ataque de pânico do governador Cabral, assustado com uma queda de barreira e com medo de morrer como seus conterrâneos e a continuidade das férias, sem interrupção, de Lula, o maior responsável pela falta de prevenção de tragédias como essa.

O trio, Lula, Dilma e Cabral assumiram o risco de acontecer a catástrofe, com todas as suas consequencias, quando foram lenientes na prevenção. Quem tem responsabilidade legal de fazer e não faz, comete dolo e se há mortes, passa a ser crime doloso.

Seria interessante que milhares de pessoas atingidas, material e humanamente, entrassem com ação civil e criminal contra Lula, Dilma, Cabral e os prefeitos das cidades atingidas. O cidadão precisa compreender que os políticos são funcionários seus e portanto sujeitos a processo como qualquer outro brasileiro.


SORRIDENTES INCOMPETENTES!

Me causou espanto essa senhora presidente, comandar uma reunião de ministros, em plena catástrofe da região serrana do Rio, com esse sorriso estampado no rosto e igualmente seus ministros, todos sorridentes. Será que esse pessoal não se toca?

Se não tivesse a responsabilidade que tem na tragédia, junto com Lula e Cabral de não terem usados recursos necessários para prever o desastre, já seria um acinte, mas a senhora presidente é uma das autoridades que não cumpriram seu papel no governo anterior, desaguando literalmente nessa desgraça que se abate sobre o Rio de Janeiro.

Quando a vejo, junto com seus ministros, sorrindo assim diante de uma tragédia, me vem o adágio popular: "Quem nunca comeu mel..."

Dilma admitiu à Organização das Nações Unidas (ONU) que grande parte do sistema de defesa civil do País vive um 'despreparo' e que não tem condições sequer de verificar a eficiência de muitos dos serviços existentes. O Estado obteve um documento enviado em novembro de 2010 por Ivone Maria Valente, da Secretaria Nacional da Defesa Civil (Sedec), fazendo um raio X da implementação de um plano nacional de redução do impacto de desastres naturais. Suas conclusões mostram que a tragédia estava praticamente prevista pelas próprias autoridades.

O próprio governo também aponta suas limitações em criar um sistema para monitorar e disseminar dados sobre vulnerabilidade no território. O governo também reconhece que a situação é cada vez mais delicada para a população. 'A falta de planejamento da ocupação e/ou da utilização do espaço geográfico, desconsiderando as áreas de risco, somada à deficiência da fiscalização local, têm contribuído para aumentar a vulnerabilidade das comunidades locais urbanas e rurais, com um número crescente de perdas de vidas humanas e vultosos prejuízos econômicos e sociais', diz o documento assinado por Ivone Maria.

Consequência. 'A não implementação do Programa (de redução de riscos) contribuirá para o aumento da ocorrência dos desastres naturais, antropogênicos e mistos e para o despreparo dos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pela execução das ações preventivas de defesa civil, aumentando a insegurança das comunidades locais', afirmou o relatório.

Conclusão: Não espere nada de bom desse sorriso!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NÃO TEM DESCULPA


"O Brasil não é Bangladesh e não tem nenhuma desculpa para permitir, no século 21, que pessoas morram em deslizamentos de terras causados por chuva."

O alerta foi feito pela consultora externa da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres, Debarati Guha-Sapir. Conhecida como uma das maiores especialistas no mundo em desastres naturais e estratégias para dar respostas a crises, Debarati falou ao Estado e lançou duras críticas ao Brasil. Para ela, só um fator mata depois da chuva: "descaso político."

Como a senhora avalia o drama vivido no Brasil?

Não sei se os brasileiros já fizeram a conta, mas o País já viveu 37 enchentes, em apenas dez anos. É um número enorme e mostra que os problemas das chuvas estão se tornando cada vez mais frequentes no País.

O que vemos com o alto número de mortos é um resultado direto de fenômenos naturais?

Não, de forma alguma. As chuvas são fenômenos naturais. Mas essas pessoas morreram, porque não têm peso político algum e não há vontade política para resolver seus dramas, que se repetem ano após ano.

Custa caro se preparar?

Não. O Brasil é um país que já sabe que tem esse problema de forma recorrente. Portanto, não há desculpa para não se preparar ou se dizer surpreendido pela chuva. Além disso, o Brasil é um país que tem dinheiro, pelo menos para o que quer.

E como se preparar então?

Enchentes ocorrem sempre nos mesmo lugares, portanto, não são surpresas. O problema é que, se nada é feito, elas aparentemente só ficam mais violentas. A segunda grande vantagem de um país que apenas enfrenta enchentes é que a tecnologia para lidar com isso e para preparar áreas é barata e está disponível. O Brasil praticamente só tem um problema natural e não consegue lidar com ele. Imagine se tivesse terremoto, vulcão, furacões...

SORRISO FORA DE HORA


do Estadão
Desastres naturais de proporções assustadoras, como os que ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro, geralmente são causados por uma rara combinação de fatores, como uma chuva de intensidade anormal, a existência de solo encharcado e instável em decorrência de chuvas... anteriores, declives acentuados, falta de vegetação adequada, entre outros. Mas desastres como esses só se transformam em tragédias humanas porque, com a tolerância e até o estímulo irresponsável do poder público, áreas sob risco permanente de deslizamentos são ocupadas desordenadamente. Na região serrana fluminense, nas encostas e nas áreas devastadas pela avalanche de lama e pedras encontram-se desde favelas até residências de padrão elevado, sítios de lazer e hotéis de luxo.

A ocorrência, há décadas, de tragédias semelhantes à registrada agora em Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis e Sumidouro - os municípios mais afetados pelos deslizamentos que, além das centenas de mortes, provocaram o caos, com a interrupção dos serviços urbanos essenciais, o que dificultou ainda mais o socorro às vítimas - deveria ter servido de alerta às autoridades no sentido de adotar medidas preventivas para, pelo menos, reduzir os efeitos das tempestades de verão. Em 1967, a região de Petrópolis foi duramente castigada por um temporal que provocou a morte de 300 pessoas. No ano passado, deslizamento em Angra dos Reis matou 53 pessoas e desalojou outras 3.500. Em todo o Estado do Rio, desastres naturais decorrentes das chuvas provocaram a morte de 74 pessoas em 2010.

A liberação imediata de R$ 780 milhões do governo federal - por meio de medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff -, para auxiliar os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo e os municípios mais afetados pelas chuvas recentes, permitirá o início rápido de obras e serviços de recuperação da infraestrutura danificada ou destruída. O dinheiro se destinará também a socorrer as vítimas e, na medida do possível, restabelecer a normalidade nas localidades mais atingidas. Certamente essa verba é insuficiente para tudo isso, mas sua rápida liberação - da mesma forma que a liberação de 7 toneladas de remédios e materiais médicos e o envio de homens da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar no socorro às vítimas - autoriza a esperança de que as coisas mudem com o novo governo.

O que não houve, até agora, foi a decisão de impedir que as tempestades que açoitam a região serrana todos os verões produzam tragédias como a de quarta-feira. Desde sempre, as autoridades locais, às quais compete regulamentar e fiscalizar o uso do solo e impedir a construção de moradias em áreas de risco, como as encostas e as regiões sujeitas a inundações, assistiram impávidas à ocupação desordenada dessas áreas.

Na esfera federal, a verba reservada no orçamento do ano passado do Ministério da Integração Nacional para o Programa de Prevenção e Preparação para Emergência e Desastres era de R$ 425 milhões, mas apenas R$ 167,5 milhões foram aplicados, de acordo com levantamento da organização não governamental Contas Abertas, com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo.

Nenhum centavo dos R$ 450 mil previstos para "apoio a obras preventivas de desastres/contenção na estrada Cuiabá" (em Petrópolis, uma das áreas onde houve deslizamentos) foi aplicado. Nova Friburgo, que registrou o segundo maior número de mortes na quarta-feira, deveria receber R$ 21,5 milhões para "obras de pequeno vulto de macrodrenagem", mas nada recebeu, de acordo com reportagem do jornal O Globo.

Foi graças à imprevidência das autoridades - para não dizer descaso - que se repete em 2011 a tragédia de 1967. Além de afetar dolorosamente a vida das famílias, a falta de projetos e ações destinadas a evitar a ocorrência de desastres naturais em áreas ocupadas por residências tem um forte impacto financeiro. Por não aplicar o que pode em prevenção, o governo acaba tendo de gastar muito mais em obras de recuperação. Que a presidente Dilma aproveite este primeiro desafio a que é submetida para demonstrar que não veio apenas para continuar o que Lula fez.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

VISTORIAM, FALAM E NADA!


A presidente Dilma Rousseff e uma comitiva vistoriaram nesta quinta-feira os trabalhos de busca dos bombeiros nos destroços de um prédio que desabou na noite da última terça-feira no Centro de Nova Friburgo.

Depois da visita, a presidente seguiu para a prefeitura da cidade, acompanhada do governador Sérgio Cabral e de ministros, para tratar do plano de reconstrução da região.

Mais tarde, Dilma se reuniu com Cabral no Palácio Guanabara.

Na visita a Friburgo, Dilma, também acompanhada dos ministros Nelson Jobim (Defesa), Alexandre Padilha (Saúde) e José Eduardo Cardozo (Justiça), conversou com moradores na Rua Luiz Spinele.

A presidente e sua comitiva caminharam pela praça Getúlio Vargas, área central de Friburgo, para ver de perto os estragos causados pelas chuvas. Durante a visita, a presidente mostrou-se impressionada com os estragos, comentando sobre a situação das casas e afirmou:

- A população pode esperar ações firmes.

Na entrevista coletiva, a presidente Dilma Rousseff afirmou que as chuvas que mataram mais de 400 pessoas nos últimos dias no Estado do Rio de Janeiro trouxeram “um momento muito dramático” e "cenas fortes”.

Apesar disso, ela não fixou recursos e prazos para a reconstrução das áreas afetadas na Região Serrana - em especial nas cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo – as mais afetadas pela tragédia que já matou mais de 400 pessoas nos últimos dias.

Se for na batida do seu antecessor, Lula da Silva, o povo pode esperar sentado. As vítimas das enchentes de Alagoas e outros estados nordestinos, no ano passado, ainda esperam os recursos prometidos por Lula.


A CULPA É DO POVO, NÉ CABRAL?


O governador Sérgio Cabral afirmou que é preciso ter coragem para acabar com as ocupações irregulares, seja de pobres ou de ricos, em áreas de risco ou encostas, não só na Região Serrana, mas em todo o estado do Rio.

Em entrevista à Rádio CBN, ele disse que os prefeitos precisam ser mais rigorosos com a permissão para as construções de um modo geral e criticou os políticos que lutam contra as remoções dessas áreas.

“Tem sempre um vereador, tem sempre um deputado, tem sempre um demagogo que aparece para fazer uma graça e evitar a remoção. Mas temos de ter uma atuação firme”, disse o governador, destacando que só na cidade do Rio foram mapeadas 18 mil residências em área de risco que deverão ser removidas.

Para Cabral, a tragédia poderia ter sido bem menor se os prefeitos fossem mais rigorosos com as concessões de licenças para construções, principalmente, nas encostas.

“O volume de chuvas foi realmente muito grande na Região Serrana, foi uma situação atípica. Mas a ocupação irregular levou não só a perdas materiais, mas também a perda de vidas. As municipalidades têm de agir e impedir essas ocupações. Não dá para culpar governos anteriores, porque há décadas, infelizmente, existe a cultura de fechar os olhos para as ocupações. Se existisse um padrão mais rígido para essas ocupações, com certeza a situação seria melhor”, disse o governador.

Que não se culpem mudanças climáticas, alterações na temperatura do Pacífico ou outro fenômeno da natureza. As enchentes que a cada ano levam pavor, morte, prejuízos de toda ordem às duas maiores regiões metropolitanas do país e ao interior de respectivos estados, como nos últimos dias, são uma obra bem construída durante anos de incúria, demagogia e falta de planejamento do poder público e de certos políticos em particular.

Tão previsíveis quanto as chuvas de verão, autoridades se apressam a culpar exclusivamente o volume de água que desabou sobre seu colégio eleitoral. E também, em alguns casos, a prometer obras supostamente salvadoras, promessas esquecidas ao primeiro raio de sol após as tempestades. Para além de toda esta discurseira há o acúmulo de distorções históricas no crescimento das duas maiores cidades brasileiras — que se repetem país afora —, cujo resultado é o que se vê. Pior é que alguns dos erros continuam a ser cometidos por administradores.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

TEMPORÃO DE DENGUE


O número de casos de dengue no Brasil quase triplicou entre 2009 e 2010. Segundo o Ministério da Saúde, mais de um milhão de pessoas podem ter contraído a doença, contra 323.876 do ano anterior. O número de óbitos saltou de 298 para 592 no mesmo período. Para cada grupo de cem mil habitantes, o número de casos saltou de 170,8 para 489 pessoas.

Os números do Rio oferecem um panorama do ritmo avassalador que a dengue imprimiu no Sudeste em 2010. Até 16 de outubro do ano passado, 18,8 mil casos foram notificados pela Secretaria de Saúde do Rio, contra 6,01 mil do ano anterior. A incidência entre cada cem mil habitantes passou de 37,9 para 117,9, no mesmo período.

Nos quatro estados do Sudeste, o número de casos cresceu 364,3%. Minas Gerais registrou o maior volume de todo o Brasil (207.142), seguido de São Paulo (229.985).

No Centro-Oeste, a dengue avançou significativamente: de 70.132 casos em 2009, contra 203.490 no ano passado. No Sul, os 1.450 casos de dois anos atrás contrastaram com 42.041 de 2010. Um aumento de 2.799,3%.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, o principal fator para o salto dos casos foi o ressurgimento da dengue tipo 1, que infestou o Brasil nos anos de 1990, e contaminou milhares de pessoas que ainda não estavam imunizadas. Foi o que ocorreu no interior do Rio e de São Paulo.

NETO DE LULA, DE 4 MESES, TAMBÉM TEM PASSAPORTE DIPLOMÁTICO


Outros dois netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -um de nove anos e outro de quatro meses de idade - receberam passaportes diplomáticos, confirmou ontem o Itamaraty.

A Folha apurou que os documentos também foram concedidos pelo ex-ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) nos últimos dias da gestão do ex-presidente baseado no decreto que fala em casos excepcionais e onde há "interesse do país".

Entre filhos e netos, já são cinco os familiares do ex-mandatário que possuem o documento especial.

Após a revelação de que possuía o passaporte especial, um dos filhos de Lula, Marcos Cláudio, disse na semana passada, pelo Twitter, que iria devolver o documento. "Vou [devolver], aliás, nem vi... Devolvo o antigo também, sem nenhuma escrita nele, branco como chegou."

Segundo o Itamaraty, a devolução do passaporte ainda não ocorreu.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DINHEIRO EXTRA DO GOVERNO AJUDOU AUMENTAR INFLAÇÃO


Os alimentos e as commodities em geral não foram os únicos vilões da inflação em 2010 - que fechou o ano em 5,91% pelo IPCA, acima do centro da meta de 4,5% fixada para o período.

O próprio governo acabou por atiçar um de seus maiores algozes ao gastar mais do que estava previsto e inundar a economia com cerca de R$ 58 bilhões no ano passado.

Essa é a diferença entre o que a equipe econômica se propôs a economizar para o pagamento de juros da dívida pública (o chamado superávit fiscal primário), que era de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), e o que efetivamente conseguiu poupar: 1,6% do PIB, segundo cálculos do banco ABC Brasil.

No mercado, há quem diga que o governo teria feito um esforço fiscal ainda menor, de apenas 0,9% do PIB.

- Gastar mais é como emitir dinheiro na economia. Despesas maiores significam mais contratações, mais obras e mais renda. Tudo isso aumenta a demanda - afirma o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, que é ex-diretor do Banco Central (BC).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

DE PERNAS PARA O AR


Exército equipou forte onde Lula passa férias com secador de cabelo.Base militar em Guarujá também ganhou freezer duplex e panela de prata; custo foi de R$ 6.000

O Exército comprou artigos de luxo para equipar o Forte dos Andradas, em Guarujá (SP), às vésperas do local ser ocupado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares.

Freezer com porta de vidro antiembaçante, secador de cabelos, panela de prata, refrigerador duplex, aparelho de DVD e sanduicheira foram comprados para a base militar nos dias 29 e 30 de dezembro de 2010- cinco dias antes de Lula seguir para o local escolhido para suas férias depois de deixar o governo.

As compras somam cerca de R$ 6.000, segundo levantamento realizado pela ONG Contas Abertas. O freezer com portas reversíveis e vidro antiembaçante custou R$ 2.500. A panela de prata rechaud (para reaquecimento da comida na mesa) foi comprada por R$ 915.

O secretário-geral da ONG, Gil Castelo Branco, disse ser no mínimo "estranho" a aquisição de alguns artigos para uma base do Exército. A Folha não localizou a assessoria do Ministério do Exército ou da Defesa ontem para explicar as compras.

O forte abriga o Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército, base militar da força no litoral sul. Desde terça-feira Lula está no local em companhia de Marisa Letícia, filhos e netos, a convite de Nelson Jobim (Defesa).

domingo, 9 de janeiro de 2011

A PRESIDENTE DO BRASIL


de Ferreira Gullar, Folha de São Paulo
Olho para ela e pergunto: essa senhora é a presidente do Brasil ou se trata de personagem de novela?
Faz tempo que não toco, aqui, em assuntos políticos e, se volto ao tema hoje, é para refletir, junto com você, leitor, sobre um fato para mim inusitado. Certamente nem todos concordarão comigo ou simplesmente preferirão desconsiderar esse tipo de perplexidade. De qualquer modo, se eu estiver equivocado, peço-lhe desculpas, mas, sinceramente, neste caso, não opino, constato e com espanto. Constato o seguinte: a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República não me parece real.
Talvez não seja eu o único a pensar assim e que não só a mim a eleição dela pareça inusitada. Tendo a admitir que não. Pode ter ocorrido que, na tropelia da disputa política, meses de propaganda, declarações, acusações, desmentidos, as pessoas se deixaram levar pela paixão e não pararam para refletir sobre o que acontecia. Disputa seja na política seja no futebol, tende a nos cegar, a nos impedir de refletir e ponderar.
Não me excluo disso, tanto que só depois que a coisa se consumou, que os discursos cessaram, os debates acabaram e a Justiça Eleitoral a proclamou presidente eleita do Brasil é que me dei conta de quão surpreendente era tudo aquilo -isto é, de quão surpreendente é termos Dilma Rousseff como presidente do Brasil e que irá nos governar pelos próximos quatro anos.
Se quiser entender meu espanto, siga este raciocínio: Dilma Rousseff nunca pretendeu candidatar-se a nenhum cargo eletivo. Embora tenha entrado para a política muito jovem, na época da ditadura, e continuado sua militância após a volta da democracia, jamais disputou eleição alguma.
Isso não teria importância em alguém que sempre se manteve à margem da política, o que não é o caso dela; daí a conclusão de que, se nunca se candidatou, foi porque essa não era a sua praia. Em vez disso, estudou economia e se contentou em ocupar cargos oficiais na área de sua especialização, chegando a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Mas, de repente, essa pessoa que nunca disputou eleição nem para vereadora é lançada candidata à presidência da República. Acredita você que foi por vontade dela? Que um dia acordou e disse a si mesma: "Sabe de uma coisa, vou me candidatar a presidente do Brasil!". Você não acredita nisso, claro, nem eu tampouco. O que aconteceu então?
Todo mundo sabe o que aconteceu: foi Lula quem decidiu isso e impôs a ela a decisão. Como acha você que terá reagido Dilma, ao ouvir de Lula a ideia de candidatar-se ao mais alto cargo eletivo do país, ela, que nunca se candidatou a cargo algum? Estou certo de que pediu um tempo para pensar e mal conseguiu dormir aquela noite. "Lula pirou", terá dito ela a si mesma, imóvel na cama, olhando para o teto. "Eu, presidente do Brasil? É maluquice!"
Claro, estava perplexa, mas, certamente, fascinada pela ideia, como Cinderela ao ver que o sapato da princesa buscada poderia caber em seu pé. Mas tinha dúvida: "Caberá mesmo?". Aquilo mais parecia sonho que realidade.
O mesmo espanto senti eu e muita gente mais quando a coisa se revelou. Lula veio a público dizer que Dilma seria a candidata sua e do PT à Presidência da República. Não dava para acreditar. O PT também reagiu, tentou convencer Lula de que aquilo era um disparate, mas não conseguiu. Como sempre, prevaleceu a vontade do líder absoluto e incontestável.
Tudo isso se sabe, claro, mas pretendo é que avalie bem o que ocorreu. Vamos adiante: porque nunca disputara eleições, era natural que não tivesse eleitores, muito menos para ganhar um pleito presidencial -ou seja, conquistar os votos de mais da metade de 130 milhões de eleitores. E chegou lá graças a Lula, que, para elegê-la, usou toda a máquina estatal e desconsiderou a lei eleitoral.
O resultado é que temos, diante de nós, agora, uma presidente da República que é uma surpresa até para si mesma. Eleita sem ter votos! É quase como um suplente de senador.
Olho para ela e me pergunto: essa senhora é de fato a presidente do Brasil ou se trata de uma personagem de novela? Acredito até que ela, às vezes, se belisca para ver se é mesmo verdade. O que não significa que fatalmente fará um mau governo, já que tudo é possível neste mundo surrealista latino-americano. Desejo-lhe boa sorte.

sábado, 8 de janeiro de 2011

POUCA VERGONHA GERAL


dO Estado de S.Paulo

A regra para emissão de passaportes diplomáticos tem sido usada pelos deputados e parentes para conhecer o mundo e literalmente fazer turismo. Pelo menos dois terços desses passaportes especiais solicitados pela Câmara dos Deputados ao Itamaraty, entre esta sexta-feira, 7, e fevereiro de 2009, foram para mulheres, maridos e filhos dos parlamentares. E cerca de 87% dos vistos internacionais para esses documentos tiveram motivação turística, segundo dados da Segunda Secretaria da Câmara, responsável por essa tarefa.

O Estado teve acesso à relação de ofícios que tratam da emissão de passaportes diplomáticos e de vistos que passaram pelo órgão nos últimos dois anos. Os destinos das viagens, inclusive agora, em pleno recesso parlamentar, são os mais variados: Miami, Las Vegas, Nova York, Atlanta, Dubai, Vancouver, Buenos Aires, Austrália, Japão, entre outros lugares.

Filhos de deputados que vão passar um período de estudos no exterior também aproveitam para viajar com o passaporte especial.

Quem tem esse documento recebe privilégios em aeroportos, como filas e atendimentos especiais, prioridade em bagagens e, dependendo do país, fica até dispensado da necessidade de tirar visto.

Desde 2009, a Segunda Secretaria solicitou 662 vistos para viagens de deputados e parentes que têm o documento especial. Desses, 577 foram para "turismo". Apenas 69 cumpriam o objetivo de missão oficial, a trabalho.

O balanço da Câmara mostra que cerca de 360 passaportes diplomáticos foram emitidos nestes últimos dois anos. Esse número é parcial porque atinge metade do mandato do deputado. Desde que assume, o parlamentar já tem direito a solicitar o documento especial para ele e seus parentes. De acordo com os dados, pelo menos 125 passaportes foram emitidos para filhos e 110 para cônjuges.

COMISSÃO DA VERDADE TAMBÉM PARA OS TERRORISTAS


O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu nesta sexta-feira, 7, que a Comissão da Verdade, destinada a apurar violações aos direitos humanos ocorridas durante o regime militar, investigue não só as ações patrocinadas pela ditadura, mas também a atuação de grupos da esquerda armada que tentavam derrubar o regime. A declaração dele alimenta a tensão no governo por atingir, potencialmente, a própria atuação na época da hoje presidente Dilma Rousseff, que foi guerrilheira.

"Houve uma divergência inicial com o então secretário Paulo Vanucchi sobre a natureza do projeto. O projeto pretendido por ele era unilateral, pretendia fazer uma análise da memória apenas por um lado da história. Nós queríamos que fosse feita uma visão completa do tema, ou seja, as ações desenvolvidas não só pelas Forças Armadas à época como também pelos movimentos guerrilheiros", declarou, em entrevista ao programa Bom dia Ministro, veiculado pela estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A criação da Comissão da Verdade desencadeou uma pequena crise no Planalto logo no início do governo. Na segunda-feira, em sua posse, o general José Elito de Carvalho Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que não era motivo de "vergonha" para o País o desaparecimento de presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985).

Irritada, Dilma repreendeu o general, que pediu desculpas à presidente pela manifestação polêmica. A declaração de Elito ocorreu horas depois da posse da nova secretária de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário.

Torturada na época da ditadura, Dilma fez um discurso, no dia da posse, em que afirmou não ter ressentimentos nem rancores. Antes mesmo de assumir, ela chamou os comandantes das Forças Armadas para dizer que não haveria "revanchismo" e pedir que não houvesse por parte dos militares "glorificação" do golpe de 31 de março de 1964, que implantou uma ditadura de 21 anos no País.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FILHOS, NETOS, AMIGO DE AMIGO: PASSAPORTE PARA TODOS


da Folha de São Paulo

Um neto de 14 anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também recebeu passaporte diplomático no dia 29 de dezembro, a dois dias do fim do mandato do petista, o que contraria norma interna do Itamaraty.

Outro processo, a que a Folha teve acesso, garantiu o benefício ao bispo da Igreja Universal Romualdo Panceiro Filho. Ele foi emitido, também "em caráter excepcional", em fevereiro de 2010, válido por um ano.

Apontado como sucessor de Edir Macedo, Panceiro é o responsável pela congregação na América Latina.

A Folha apurou que o pedido veio do senador Marcelo Crivella, parlamentar da base aliada fiel nas votações de interesse do governo. Macedo apoiou Dilma Rousseff na última eleição.

Nem o neto do ex-presidente nem o bispo fazem parte da lista de autoridades listadas no decreto 5.978/ 2006, que prevê a concessão de passaporte especial a presidentes, vices, ministros de Estado, parlamentares, chefes de missões diplomáticas, ministros dos tribunais superiores e ex-presidentes.

A norma também cita os dependentes das autoridades, mas o neto de Lula não se encaixa nessa categoria.

A Folha revelou ontem que Marcos Cláudio Lula da Silva, 39, filho do primeiro casamento de Marisa Letícia, e o irmão dele, Luís Cláudio Lula da Silva, 25, receberam o documento, também contrariando entendimento do órgão, já que são maiores de idade e não são deficientes.

Responsável pelos benefícios, o ex-ministro das Relação Exteriores Celso Amorim recorreu, em todos os casos, ao parágrafo 3º do decreto que, no seu artigo 6º, dá poderes ao ocupante do cargo para emitir o documento, em caráter excepcional, se há "interesse do país".

No caso do Neto e dos filhos de Lula, a validade do passaporte é de quatro anos. Os benefícios são: acesso à fila de entrada separada e com tratamento menos rígido. Em alguns países que exigem visto, o passaporte diplomático o torna dispensável.

O documento é tirado sem custo. Um passaporte custa em torno de R$ 190.

Questionada pela Folha, a assessoria do Itamaraty confirmou que "parentes de Lula" receberam o benefício para "evitar problemas com autoridades de outros países". Sobre Panceiro, disse que recebeu "em caráter excepcional" por "interesse do país".

A assessoria do bispo afirmou que o "mais apropriado a responder é o próprio Itamaraty". A Folha não obteve resposta dos familiares e do próprio ex-presidente Lula. Já o gabinete do senador Crivella informou que ele estava em viagem ao exterior.



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

DICIONÁRIO PETISTA DE PRAZOS, INSPIRADO POR LULA


Para evitar que estrangeiros fiquem "pegando injustamente no nosso pé",está-se compilando o "Dicionário Petista de Prazos", que já deveria estar pronto, mas atrasou, por culpa do Lula, do qual foram extraídos os trechos a seguir:

DEPENDE: Envolve a conjunção de várias incógnitas, todas desfavoráveis. Em situações anormais, pode até significar sim, embora até hoje tal fenômeno só tenha sido registrado em testes teóricos de laboratório. O mais comum é que signifique diversos pretextos para dizer não. Presidente quando começa a Usina de Belo Monte?Sai ou não sai? "Só depende do Ibama agora, cumpanhêro!' Ou seja não saiu!

JÁ JÁ: Aos incautos, pode dar a impressão de ser duas vezes mais rápido do que já. Ledo engano; é muito mais lento. "Faço" já significa "passou a ser minha primeira prioridade". Exemplo: Lula, e a transposição do São Francisco? "faço já já" quer dizer apenas "assim que eu terminar a minha cachacinha, prometo que vou pensar a respeito."

LOGO: Logo é bem mais tempo do que dentro em breve e muito mais do que daqui a pouco. É tão indeterminado que pode até levar séculos. Logo o Trem Bala estará ligando São Paulo e Rio, por exemplo.
É preciso também tomar cuidado com a frase "Mas logo eu?", que quer dizer "tô fora!". Presidente, por lei, o senhor não pode hospedar de graça no Forte dos Andradas no Guarujá! "Mas logo eu, cumpanhêros!"

MÊS QUE VEM:
Parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que não entendeu.
Existem só três tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que já passaram e os que ainda estão por vir. Portanto, todos os meses, do próximo até o Apocalipse, são meses que vêm! Ferrovia norte sul, quando termina presidente? " mes que vem!"

NO MÁXIMO: Essa é fácil: quer dizer no mínimo. Exemplo:
" Entrego a refinaria do Ceará em 6 meses, no máximo." Significa que a única certeza é de que a coisa não será entregue antes de 6 meses.

PODE DEIXAR: Traduz-se como nunca. Presidente, quando Cesare Battisti será extraditado? "Pode deixar, pode deixar que vou decidir!"

POR VOLTA: Similar a no máximo. É uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior é claro, mas o superior é totalmente indefinido. "Alencar, por volta das 5h eu passo aí prá experimentar a Maria da Cruz", quer dizer a partir das 5 h.

SEM FALTA : É uma expressão que só se usa depois do terceiro atraso. Porque depois do primeiro atraso, o presidente diz: "fique tranqüilo que amanhã eu tomo providencia." E depois do segundo atraso, "relaxa, amanhã estará providenciado". Só aí é que vem o "amanhã, sem falta, ou eu não mando nessa merda!"

UM MINUTINHO: É um período de tempo incerto e não sabido,
que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura
menos que cinco minutos." Agora eu vou pedir um minutinho aos jornalistas para dar uma molhada na garganta!" Se não ficar de fogo, ele volta!

TÁ SAINDO: Ou seja: vai demorar. E muito. Não adianta bufar. Os dois verbos juntos indicam tempo contínuo. Não entendeu? É para continuar a esperar? Capisce! Understood? Comprendez-vous? Sacou? Mas não esquenta que já tá saindo..."Tô, saindo, mas tenho uma canetinha aqui que pode fazer muita merda ainda!"

VEJA BEM: É o Day after do depende. Significa "viu como pressionar não adianta?" É utilizado da seguinte maneira: "Mas presidente, o senhor não prometeu que não haveria mais filas nos aeroportos?" Resposta: "Veja bem..." Se dito neste tom, após a frase "não vou mais tolerar atrasos, OK?", exprime dó e piedade por tamanha ignorância sobre o "modus operandi" do governo.