quinta-feira, 28 de julho de 2011

E AGORA?


de Augusto Nunes

Abstraídos os comparsas, os parentes e os patrocinadores oficiais, desta vez ninguém se atreveu a afrontar a inteligência dos brasileiros decentes com a reapresentação do ato mais surrado do espetáculo do cinismo.

Nem a tropa de choque do Senado, a tropa do cheque da Câmara e a diretoria do grande clube dos cafajestes irromperam no palco para a lengalenga costurada em torno da inocência até prova em contrário, do direito de ampla defesa, do devido processo legal.

Nem mesmo Lula suou a camisa no palanque em defesa dos quadrilheiros que agiram durante oito anos e meio no Ministério dos Transportes, sob as bênçãos do Padroeiro dos Companheiros Pecadores.

A presidente Dilma Rousseff precipitou o despejo dos chefões do bando, iniciado logo depois das revelações feitas por VEJA, para não reeditar a exasperante agonia do ex-ministro Antonio Palocci.

Ampliou a lista dos demitidos ao constatar, em pesquisas encomendadas pelo Planalto, a exaustão de milhões de brasileiros com as dimensões da roubalheira.

Dilma foi longe demais: os quadrilheiros já não podem reivindicar a prescrição do crime por perda de emprego. A malandragem não é aplicável a quem embolsou quantias de deixar ruborizados até o asfalto que se desmancha nas estradas do Dnit, é coisa de empalidecer de espanto até os trilhos inexistentes da Valec. Ao afastar os bandidos, o governo não fez mais que a obrigação. É quase nada.

E será rigorosamente nada se parar por aqui o castigo que mal começou. É preciso recuperar ao menos parte da imensidão de dinheiro roubado pela organização criminosa formada por donos de órgãos públicos com orçamentos obesos, empreiteiras, consultorias e outras abjeções.

É preciso enquadrar os meliantes nos numerosos artigos legais que violaram. É preciso mostrar ao Brasil que algo mudou ─ se é que algo tenha mudado.

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