de Ricardo Setti
O homem não tem mesmo jeito.
Vocês viram o ex-presidente Lula em Washington, onde foi proferir uma palestra a convite remunerado da Microsoft, deitando falação sobre o mensalão – ou seja, sobre algo que, segundo ele, nunca existiu, embora ele tenha se dito traído e pedido desculpas ao país?
Pois bem, como vocês já devem ter visto na TV, o ex-presidente previu o julgamento do caso – um caso que nunca existiu, não é mesmo? — pelo Supremo Tribunal Federal “por volta do ano 2050”, caso o relatório final da Polícia Federal vier a ser incorporado aos autos do processo por decisão do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
O relatório é duríssimo: diz, entre muitas outras coisas, que houve crime, que houve dinheiro público envolvido, e que o próprio santo-dos-santos do lulalato foi beneficiário do dinheiro sujo.
O homem, em Washington, do alto de sua infinita e reconhecida modéstia, ressalvou não ter lido o texto “por não ser advogado”.
E imediatamente, como é de seu feitio, começou a agir e a falar como se fosse, colocando dúvidas sobre o seguimento da ação.
– Não tem relatório final do mensalão – decretou o advogado Lula. — Tem uma peça que dizem que foi o relatório produzido pela Polícia Federal. Mas não se sabe se o ministro Joaquim vai receber ou não, se aquilo vai entrar nos autos do processo – explicou o causídico dr. Da Silva.
Continuando sua análise jurídica profunda, o ex-presidente doutor em Direito prosseguiu, impávido:
– Se entrar, todos os advogados de defesa vão pedir prazo para julgar. Então, vai ser julgado em 2050. Não sei se isso vai acontecer.
Agora eu pergunto a vocês: a previsão do doutor Lula é técnica, baseada em seus profundos conhecimentos jurídicos, ou se trataria de uma expressão de sua torcida para que o mensalão fique para as calendas gregas, e seja julgado quando todos os crimes apontados pelo procurador-geral da República estiverem prescritos, e os acusados já devidamente acomodados em seus postos no além?
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