de Augusto Nunes
Agora que Dilma Rousseff já renovou o contrato de arrendamento do Ministério do Esporte ao PCdoB, entregou a chave do cofre a Aldo Rebelo, decidiu que “Orlando Silva fez um excepcional trabalho, foi incansável para a preparação do Brasil para os grandes eventos esportivos que sediaremos” e infiltrou na discurseira uma ameaçadora metáfora futebolística: “Hoje colocamos a bola no chão, reiniciamos o jogo e vamos para o ataque”;
Agora que o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, já aproveitou a troca da guarda do cofre para promover uma festinha íntima dos comunistas do Brasil, aquecida pela descoberta de que “o partido sai engrandecido desses últimos acontecimentos”;
Agora que Orlando Silva já jurou incontáveis vezes que é inocente e vai vingar-se dos misteriosos carrascos, sempre caprichando na voz embargada e na lágrima furtiva que engrossava a cada buquê de flores entregue à companheira;
Agora que Aldo Rebelo, olhos nos olhos do antecessor, já resumiu numa frase besuntada de açúcar e de afeto (“Mais do que inocente, o senhor é vítima”) a beleza da camaradagem delinquente;
Agora que acabaram as comemorações da turma que tungou até o dinheiro das crianças, enfim, está mais que na hora de o Tribunal de Contas da União, a polícia, o Ministério Público e o Judiciário tratarem de entrar em campo para completar o serviço que a imprensa começou e o governo pretende encerrar com a mudança que deixa tudo como está. Demissão é ato administrativo. Não é o fim, mas a primeira etapa da história. Chegou o momento da aplicação dos códigos legais. Só cadeia não basta. O país decente também exige a devolução do dinheiro roubado.
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