Maílson da Nóbrega ocupou há 20 anos a cadeira que hoje é de Guido Mantega em Brasília e conhece como poucos as dificuldades de quem está a frente do Ministério da Fazenda. Mesmo assim, não poupa críticas ao atual ministro. Maílson condenou a postura adotada por Mantega horas antes, em uma palestra para empresários em São Paulo.
“Boca calada é o melhor para ele. Mas parece que ele tem uma compulsão por ficar falando sobre estas questões de juros.” Maílson se referia aos comentários feitos por Mantega durante o evento, quando afirmou aos jornalistas que não há necessidade de aumento de juro neste momento. Segundo Maílson, Mantega corre o risco de ficar desmoralizado se a taxa Selic subir, o que, na avaliação dele, deve ocorrer no máximo até setembro.
Sobre o presidente Lula, Maílson da Nóbrega foi enfático. “Ele teve a sensibilidade de perceber a relação entre a estabilidade de preços e sua popularidade.” O ex-ministro, no entanto, fez ressalvas. “O governo Lula está deixando uma herança fiscal muito ruim para quem vem lá na frente. O próximo presidente terá que fazer uma reforma fiscal para restabelecer a capacidade de investimentos no setor público e colocar fim na expansão exagerada dos gastos correntes.”
Maílson da Nóbrega afirmou ainda que uma ala antiga do PT ia mudar o partido para pior, mas Lula não deixou. Segundo o ex-ministro, Lula foi conservador na área econômica, onde obteve sucesso, mas entregou à esquerda do partido a política externa e a reforma agrária. “Nestes casos, acumulou derrotas.”
Sobre eventuais mudanças na política econômica do Brasil após as eleições presidenciais, Maílson da Nóbrega mostrou-se tranqüilo. “Minha avaliação é de que a política econômica não será alterada, seja pelo Serra, seja pela Dilma.”
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