quinta-feira, 3 de março de 2011

INFLAÇÃO


de José Paulo Kupfer

A decisão do Copom foi tão previsível quanto o Oscar deste ano. Só que o mesmo mercado financeiro que hoje acha pouco uma alta de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic), como a decidida na noite de quarta-feira, e vê risco de descontrole inflacionário tinha, há não mais do que míseros dois meses, uma visão bem mais branda sobre a evolução dos preços no País.

O último boletim Focus divulgado no ano passado (exatamente no dia 31 de dezembro) projetava uma inflação oficial, IPCA, de 5,32% para 2011. Algo acima da meta de 4,5%, mas ainda dentro do intervalo permitido e com algum conforto.

O Focus resulta de uma pesquisa do Banco Central (BC) com analistas do mercado para vários indicadores econômicos, da qual se publica a mediana das estimativas e projeções.

O calor foi aumentando e, no último Focus, da sexta-feira, 25 de fevereiro, a mediana das previsões para o IPCA em 2011 já avançara para 5,8%, quase meio ponto acima. Isso com uma alta de 0,5 ponto na Selic em janeiro e um anúncio, já detalhado, de cortes no orçamento do ano.

Pouquíssimos analistas, no momento, acompanham o otimismo do ministro Guido Mantega, na expectativa de que a inflação ao consumidor arrefeça mais ou menos rápido. Na verdade, a maioria acredita que os riscos de o IPCA superar o teto da meta raramente foram tão nítidos.

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