domingo, 12 de dezembro de 2010

TOMA, QUE O FILHO É TEU

Quando receber a faixa presidencial, no dia 1º de janeiro, a presidente eleita, Dilma Rousseff, não herdará do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, somente a redução da pobreza, a estabilidade econômica e o aumento do poder aquisitivo da população. Ela também terá pela frente alguns desafios que Lula não conseguiu vencer, embora tenham sido promessas de campanha em 2002 e 2006.


Os maiores gargalos estão no planejamento do país a médio e longo prazo e na baixa qualidade da educação, apontam os especialistas.


Nas duas eleições em que saiu vencedor, o então candidato Lula prometeu preparar o país para o futuro, por meio de obras de infraestrutura. Em 2006, o presidente assegurou que o país daria "um verdadeiro salto de qualidade" e investiria "em capacitação tecnológica e infraestrutura voltada para o escoamento da produção". Diretamente ligado ao setor, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, está longe de ser concluído.


Estudo do banco norte-americano Morgan Stanley aponta uma realidade preocupante para os brasileiros. O levantamento mostra que o país precisará dobrar o volume de investimentos em infraestrutura se quiser manter um crescimento sustentável de 5% ao ano na próxima década.
Significa dizer que o avanço do país poderá ser barrado se a energia, os portos, as ferrovias e rodovias e os aeroportos não receberem investimentos.


"De que adianta ter mercado querendo comprar nossos produtos e não termos condição de entregar?", questiona o professor Hélvio de Avelar, do departamento de Administração da PUC Minas.


"A minha perspectiva do Brasil, a médio prazo, é muito ruim. É muito preocupante", sentencia o cientista político Gilberto José de Barros.


A julgar pelo orçamento de 2011, preparado pela equipe de Lula e a ser executado por Dilma, os investimentos em infraestrutura continuarão em baixa. Na casa dos R$ 48 bilhões, os valores não representarão mais que 1,33% do Produto Interno Bruto (PIB). Os números se tornam ainda mais reduzidos quando levadas em consideração a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, eventos a serem sediados pelo país.


VIOLÊNCIA. Em 2002, Lula também prometeu combater a violência, em um esforço concentrado com governadores, e cuidar das fronteiras do país. Em campanha, o então candidato chegou a afirmar que havia uma "nuvem ameaçadora" e defendeu uma "política de segurança pública muito mais vigorosa e eficiente".


Entretanto, Gilberto José de Barros aponta que as promessas não foram colocadas em prática. "Não só não existe uma política nacional de combate à violência, como também não houve investimentos na inteligência da Polícia Federal, no que se refere à segurança da fronteira. Armas e drogas continuam entrando, além dos produtos piratas", critica.


CUSTO DE VIDA. Recentemente, o próprio Lula fez uma espécie de "mea-culpa", ao se admitir frustrado com o preço do gás de cozinha. "Vou sair com uma dívida e é importante a imprensa publicar: desde 2004, eu gostaria que a gente tivesse reduzido o preço do gás de cozinha", afirmou Lula, culpando a Petrobras pelo insucesso.


O governo também tentou, mas não conseguir vencer as empresas de telefonia, na luta para diminuir o valor da conta mensal do telefone fixo.
Embora o reconhecimento dos avanços do governo Lula no campo social seja quase unânime, o presidente ainda não conseguiu acabar com uma realidade: a miséria. Tanto que o tema foi promessa de campanha de Dilma Rousseff.

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