“É uma emoção enorme chegar a cavalo, depois de percorrer 640 quilômetros, aqui à praça da igreja da Pampulha, projetada pelo meu avô muitos anos atrás. Este lugar é o início de tudo.” Com voz rouca, embargada e olhos marejados, Carlos Oscar Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer, resumiu a sensação de chegar a Belo Horizonte, ontem. De chapéu, botinas e cinturão de coubói, ele comandou a tropa de 20 cavaleiros da Cavalgada Cultural Brasília 50 anos. Na bagagem das mulas, livros que foram ficando no meio do caminho.
O grupo saiu há 22 dias de Niterói (RJ), diante do Museu de Arte Contemporânea, outra obra do famoso arquiteto. A jornada será retomada em abril de 2010, daqui a Brasília, para chegar à capital federal a tempo das comemorações do cinquentenário da capital. No caminho, os cavaleiros distribuem os livros para escolas públicas e crianças das cidades do trajeto, atraídas pelo lúdico da tropa, que difunde conhecimento dessa maneira inusitada.
Até agora, foram entregues 60 mil exemplares, em 20 municípios. “A ideia foi do Oscar Niemeyer, que, quando soube que faríamos uma cavalgada para homenagear seu centenário, sugeriu que arrecadássemos doações de livros”, conta Carlos, lembrando que o avô acompanha de longe cada passo da jornada, via internet. O arquiteto completa 102 anos em dezembro, “lúcido e trabalhando”, na definição do neto.
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