O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu nesta sexta-feira, 7, que a Comissão da Verdade, destinada a apurar violações aos direitos humanos ocorridas durante o regime militar, investigue não só as ações patrocinadas pela ditadura, mas também a atuação de grupos da esquerda armada que tentavam derrubar o regime. A declaração dele alimenta a tensão no governo por atingir, potencialmente, a própria atuação na época da hoje presidente Dilma Rousseff, que foi guerrilheira.
"Houve uma divergência inicial com o então secretário Paulo Vanucchi sobre a natureza do projeto. O projeto pretendido por ele era unilateral, pretendia fazer uma análise da memória apenas por um lado da história. Nós queríamos que fosse feita uma visão completa do tema, ou seja, as ações desenvolvidas não só pelas Forças Armadas à época como também pelos movimentos guerrilheiros", declarou, em entrevista ao programa Bom dia Ministro, veiculado pela estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A criação da Comissão da Verdade desencadeou uma pequena crise no Planalto logo no início do governo. Na segunda-feira, em sua posse, o general José Elito de Carvalho Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que não era motivo de "vergonha" para o País o desaparecimento de presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985).
Irritada, Dilma repreendeu o general, que pediu desculpas à presidente pela manifestação polêmica. A declaração de Elito ocorreu horas depois da posse da nova secretária de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário.
Torturada na época da ditadura, Dilma fez um discurso, no dia da posse, em que afirmou não ter ressentimentos nem rancores. Antes mesmo de assumir, ela chamou os comandantes das Forças Armadas para dizer que não haveria "revanchismo" e pedir que não houvesse por parte dos militares "glorificação" do golpe de 31 de março de 1964, que implantou uma ditadura de 21 anos no País.
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