quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A CULPA É DO POVO, NÉ CABRAL?


O governador Sérgio Cabral afirmou que é preciso ter coragem para acabar com as ocupações irregulares, seja de pobres ou de ricos, em áreas de risco ou encostas, não só na Região Serrana, mas em todo o estado do Rio.

Em entrevista à Rádio CBN, ele disse que os prefeitos precisam ser mais rigorosos com a permissão para as construções de um modo geral e criticou os políticos que lutam contra as remoções dessas áreas.

“Tem sempre um vereador, tem sempre um deputado, tem sempre um demagogo que aparece para fazer uma graça e evitar a remoção. Mas temos de ter uma atuação firme”, disse o governador, destacando que só na cidade do Rio foram mapeadas 18 mil residências em área de risco que deverão ser removidas.

Para Cabral, a tragédia poderia ter sido bem menor se os prefeitos fossem mais rigorosos com as concessões de licenças para construções, principalmente, nas encostas.

“O volume de chuvas foi realmente muito grande na Região Serrana, foi uma situação atípica. Mas a ocupação irregular levou não só a perdas materiais, mas também a perda de vidas. As municipalidades têm de agir e impedir essas ocupações. Não dá para culpar governos anteriores, porque há décadas, infelizmente, existe a cultura de fechar os olhos para as ocupações. Se existisse um padrão mais rígido para essas ocupações, com certeza a situação seria melhor”, disse o governador.

Que não se culpem mudanças climáticas, alterações na temperatura do Pacífico ou outro fenômeno da natureza. As enchentes que a cada ano levam pavor, morte, prejuízos de toda ordem às duas maiores regiões metropolitanas do país e ao interior de respectivos estados, como nos últimos dias, são uma obra bem construída durante anos de incúria, demagogia e falta de planejamento do poder público e de certos políticos em particular.

Tão previsíveis quanto as chuvas de verão, autoridades se apressam a culpar exclusivamente o volume de água que desabou sobre seu colégio eleitoral. E também, em alguns casos, a prometer obras supostamente salvadoras, promessas esquecidas ao primeiro raio de sol após as tempestades. Para além de toda esta discurseira há o acúmulo de distorções históricas no crescimento das duas maiores cidades brasileiras — que se repetem país afora —, cujo resultado é o que se vê. Pior é que alguns dos erros continuam a ser cometidos por administradores.

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