O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, negou ontem qualquer vínculo com a tentativa de compra de um dossiê contra o ex-governador José Serra (PSDB) em 2006, caso conhecido como o escândalo dos aloprados.
No depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Mercadante usou como principal peça de defesa o parecer em que o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza pediu a exclusão de seu nome do inquérito sobre o caso no Supremo Tribunal Federal.
Mercadante não respondeu, no entanto, por que a cúpula do PT não pediu qualquer punição para o secretário adjunto de Desenvolvimento do Distrito Federal, Expedito Veloso, autor de parte das denúncias contra ele.
Militante histórico do PT, Veloso foi um dos investigados por suposto envolvimento na frustrada tentativa de compra do dossiê. Segundo a revista "Veja", ele teria dito que a operação de compra do dossiê teve o conhecimento prévio de Mercadante.
Coube ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ) mandar um recado duro ao ministro. Apesar de integrar a base governista, o senador lembrou que ali na comissão não trataria o ministro como o próprio Mercadante fez no passado ao defender punição contra colegas do Senado com base em reportagens publicadas na imprensa. Era uma referência à crise envolvendo os atos secretos e o presidente do Senado José Sarney. Dornelles afirmou que o caso dos aloprados era assunto da Polícia, do Ministério Público e da Justiça
— Nada melhor do que um dia depois do outro — ironizou Dornelles.
Mercadante classificou de fantasiosas as acusações de que teria se associado ao ex-governador já falecido Orestes Quércia, adversário político, para comprar o dossiê de R$ 1,7 milhão contra Serra nas eleições para o governo de São Paulo, em 2006.
Insatisfeito com as explicações, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que encaminharia à comissão pedidos de convocação da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de Veloso e da ex-senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).
Dias defendeu a convocação de Mercadante pela Comissão de Segurança da Câmara.
— O Quércia era aliado do PSDB em São Paulo. Jamais foi meu aliado. Então não faz sentido vir com uma história fantasiosa como essa. Essa denúncia está sendo feita agora porque o Quércia está morto — disse Mercadante.
Pela denúncia, Mercadante teria pedido a Quércia parte do R$ 1,7 milhão para pagar o dossiê. Em troca, Quércia teria participação no governo, caso Mercadante vencesse a disputa.
O ministro disse ainda que essa acusação surgiu na campanha de 2006 e também teria sido rebatida pelo ex-governador. Segundo Dias, Mercadante deveria responder diretamente às acusações de Veloso em vez de transferir o foco para Quércia.
— O depoimento (com as acusações contra Mercadante) é de um alto militante do PT, hoje ocupando um cargo relevante no governo do PT no DF. Que razão teria para envolver seu companheiro Aloizio Mercadante? — provocou o senador.
Dias ainda quis saber se Mercadante iria processar Veloso e se o colega sofreria algum tipo de punição do partido. Mercadante disse que iria pedir à "Veja" a íntegra da entrevista de Veloso para analisar as declarações e, só então, decidir se tomaria alguma medida judicial. Ele não explicou por qual razão o PT não tomou uma providência para esclarecer o caso.
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