terça-feira, 7 de junho de 2011

OPOSIÇÃO NÃO VAI DEIXAR BARATO


Em resposta ao arquivamento dos pedidos de investigação criminal contra o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, no Ministério Público, a oposição prepara agora uma série de ações para aumentar a pressão sobre o ministro, sob risco de demissão.

Uma das primeiras medidas, acordadas nesta terça-feira (7) entre lideranças do PSDB, DEM e PPS no Congresso é ouvir o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que tomou a decisão na noite da segunda-feira (6). O plano é convidar Gurgel para depor na Câmara.

A suspeita da oposição é que Gurgel pode ter agido a favor de Palocci para ser reconduzido ao cargo, o mais alto da instituição, pela presidente Dilma Rousseff.

O plano B é pedir ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) para declarar suspeição sobre Gurgel. Isso seria feito caso o procurador-geral rejeite uma nova representação dos oposicionistas, a ser apresentada hoje.

Eles querem que o órgão investigue denúncia, publicada em reportagem da revista Veja, de que o apartamento alugado onde vive Palocci, em São Paulo, esteja em nome de um “laranja”, falso proprietário.

Os deputados e senadores querem ainda que a Procuradoria-Geral da República encaminhe ao Ministério Público do Distrito Federal as informações prestadas por Palocci para explicar seu enriquecimento nos últimos quatro anos, que provocou a atual crise no governo.

No MPDF, tramita outra investigação, no âmbito cível, que apura se Palocci cometeu improbidade administrativa, por dar consultoria a empresas e, ao mesmo tempo, exercer o mandato de deputado federal, entre 2006 e 2010.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), afirmou que o “engavetamento” da investigação por Gurgel não diminui a pressão sobre Palocci.

- A sociedade brasileira toda espera os esclarecimentos que até hoje não vieram. Continuam aumentando as nossas dúvidas e as suspeições que envolvem tráfico de influência ou uso de cargo público para obtenção de benefícios pessoais.

Outra ação já planejada são ações no STF (Supremo Tribunal Federal) para contestar a anulação da ida obrigatória do ministro à Câmara, aprovada na semana passada, para se explicar. A expectativa é que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS) derrube hoje a convocação, sob alegação de que a votação na Comissão de Agricultura foi arbitrária.

Se isso ocorrer, os deputados prometem obstruir todas as votações de propostas nas comissões e no Plenário. Seriam preservadas apenas as audiências públicas, que debatem os projetos.

O presidente do DEM, senador Agripino Maia (DEM-RN), falou em “frustração” da sociedade pela decisão de Gurgel. Questionado sobre uma eventual e iminente demissão do ministro, ele disse que, se isso ocorresse, a crise sairia do governo.

- O Palocci teria contas a prestar na Justiça comum. Agora, hoje, a crise Palocci é uma crise do governo.

CPI

No Senado, os líderes do PSDB e do DEM ainda buscam as 27 assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI. Ontem, a senadora Ana Amélia (PP-RS) foi a 20ª a concordar. Os próximos alvos são os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS), além do senador Clésio Andrade (PR-MG), que havia retirado a assinatura.

Há pouco mais de 20 dias, foi revelado que o patrimônio de Palocci foi multiplicado por 20 nesse período e que só no ano passado, sua empresa de consultoria, a Projeto, teria faturado R$ 20 milhões, quando Palocci coordenava a campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Lideranças oposicionistas têm mostrado insatisfação com as explicações até agora dadas por Palocci em entrevistas na última sexta-feira (3), quando não revelou sobre que tipo de serviço prestava, quanto cobrava e quais eram os clientes.

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