Em resposta ao arquivamento dos pedidos de investigação criminal contra o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, no Ministério Público, a oposição prepara agora uma série de ações para aumentar a pressão sobre o ministro, sob risco de demissão.
Uma das primeiras medidas, acordadas nesta terça-feira (7) entre lideranças do PSDB, DEM e PPS no Congresso é ouvir o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que tomou a decisão na noite da segunda-feira (6). O plano é convidar Gurgel para depor na Câmara.
A suspeita da oposição é que Gurgel pode ter agido a favor de Palocci para ser reconduzido ao cargo, o mais alto da instituição, pela presidente Dilma Rousseff.
O plano B é pedir ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) para declarar suspeição sobre Gurgel. Isso seria feito caso o procurador-geral rejeite uma nova representação dos oposicionistas, a ser apresentada hoje.
Eles querem que o órgão investigue denúncia, publicada em reportagem da revista Veja, de que o apartamento alugado onde vive Palocci, em São Paulo, esteja em nome de um “laranja”, falso proprietário.
No MPDF, tramita outra investigação, no âmbito cível, que apura se Palocci cometeu improbidade administrativa, por dar consultoria a empresas e, ao mesmo tempo, exercer o mandato de deputado federal, entre 2006 e 2010.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), afirmou que o “engavetamento” da investigação por Gurgel não diminui a pressão sobre Palocci.
- A sociedade brasileira toda espera os esclarecimentos que até hoje não vieram. Continuam aumentando as nossas dúvidas e as suspeições que envolvem tráfico de influência ou uso de cargo público para obtenção de benefícios pessoais.
Outra ação já planejada são ações no STF (Supremo Tribunal Federal) para contestar a anulação da ida obrigatória do ministro à Câmara, aprovada na semana passada, para se explicar. A expectativa é que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS) derrube hoje a convocação, sob alegação de que a votação na Comissão de Agricultura foi arbitrária.
Se isso ocorrer, os deputados prometem obstruir todas as votações de propostas nas comissões e no Plenário. Seriam preservadas apenas as audiências públicas, que debatem os projetos.
O presidente do DEM, senador Agripino Maia (DEM-RN), falou em “frustração” da sociedade pela decisão de Gurgel. Questionado sobre uma eventual e iminente demissão do ministro, ele disse que, se isso ocorresse, a crise sairia do governo.
- O Palocci teria contas a prestar na Justiça comum. Agora, hoje, a crise Palocci é uma crise do governo.
CPI
No Senado, os líderes do PSDB e do DEM ainda buscam as 27 assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI. Ontem, a senadora Ana Amélia (PP-RS) foi a 20ª a concordar. Os próximos alvos são os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS), além do senador Clésio Andrade (PR-MG), que havia retirado a assinatura.
Há pouco mais de 20 dias, foi revelado que o patrimônio de Palocci foi multiplicado por 20 nesse período e que só no ano passado, sua empresa de consultoria, a Projeto, teria faturado R$ 20 milhões, quando Palocci coordenava a campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Lideranças oposicionistas têm mostrado insatisfação com as explicações até agora dadas por Palocci em entrevistas na última sexta-feira (3), quando não revelou sobre que tipo de serviço prestava, quanto cobrava e quais eram os clientes.
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