Anselmo Carvalho Pinto, O Globo
Ministério Público Federal em Cuiabá pediu ontem à Polícia Federal (PF) que investigue as declarações de Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil e atual secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal (SDE), segundo as quais o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT), foi o mentor e seria o principal beneficiário do escândalo do dossiê dos aloprados.
Mercadante também teria ajudado a arrecadar parte do R$ 1,7 milhão apreendidos em 2006 pela PF, o que ele nega. Na época, o hoje ministro era candidato do PT ao governo de São Paulo e perdeu a disputa para o tucano José Serra.
O petista não foi investigado por falta de provas. Com a novidade, o inquérito sobre o caso, que estava parado na Justiça Federal, volta a andar.
A nova informação, divulgada pela "Veja" no fim de semana, também deve afetar Hamilton Lacerda, que coordenou a campanha de Mercadante em 2006. Lacerda voltou ao PT ano passado e anunciou que pretende se eleger vereador em São Caetano do Sul, no ABC.
De acordo com a revista, Mercadante teria um pacto com o peemedebista Orestes Quércia para, com o falso dossiê, levar a eleição para o segundo turno. Ambos teriam financiado a compra do falso dossiê.
Inquérito está sem acompanhamento do MP.
Em entrevista semana passada, Lacerda disse estar pronto para reingressar na política e esclarecer o episódio. Ontem, não retornou os recados do GLOBO em seu celular. Lacerda seria integrante do núcleo de inteligência que plantaria a denúncia contra Serra na imprensa, conforme ele próprio já admitiu:
— Eu estava desempenhando uma atividade com companheiros do partido. Em um determinado momento, avaliou-se que a denúncia poderia ter um resultado político positivo para nós, e entrei nessa história com o objetivo de encontrar quem fizesse a denúncia — disse Lacerda, em entrevista ao jornal "ABCD Maior" publicada em 12 de junho.
— Não me arrependo do que fiz, porque não cometi nenhum crime e nenhum ato ilícito. Mas acho que foi um erro político.
O inquérito foi aberto em 15 setembro de 2006, com a prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos com R$ 1,7 milhão, num hotel de São Paulo. A PF indiciou sete pessoas, incluindo Mercadante. Mas o STF anulou seu indiciamento.
Sem avançar na investigação sobre a origem do dinheiro, o então procurador da República em Cuiabá, Mário Lúcio Avelar, não ofereceu denúncia.
Este ano, Avelar foi transferido para Goiânia. Desde então, o inquérito está na Justiça Federal, sem acompanhamento do Ministério Público. Quando voltar ao MPF, será distribuído por sorteio a outro procurador.
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