Numa votação marcada pelo tumulto e obstrução que durou o dia inteiro a oposição conseguiu impor duas derrotas ao governo, impedindo a votação de duas medidas provisorias que tinha prazo final de votaçao até a meia- noite desta quarta-feira e acabaram perdendo a validade.
Os senadores da oposição se revezaram na tribuna repetidas vezes nos processos de encaminhamento de votação da urgência e relevância e de mérito das MPs 520, que cria a Empresa Brasileira de Serviços hospitalares e a 521, que amplia o valor da bolsa de médicos residentes.
Quando se aproximava da meia-noite, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que presidia a sessão, tentou impedir que os senadores encaminhassem um requerimento e cassou a palavra dos inscritos. Sob vaia e muitos gritos de xingamento no plenário conflagrado, Marta gritava para tentar ler o requerimento e colocar em votação sem encaminhamento.
Mas debaixo de xingamentos e gritos dos senadores, que diziam que ela não ia votar na marra, o lider do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), pediu a suspensão da sessão por cinco minutos para acalmar os ânimos. Mas voltaram sem acordo e Marta não conseguiu segurar e garantir a votação da MP 520.
- O que aconteceu aqui hoje foi uma vergonha. O Senado tem que ser respeitado. Foi um espetáculo deprimente - reagiu o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
- O que falta agora? Vamos nos digladiar e sair nos tapas para sermos respeitados? - completou o senador Demóstenes Torres(DEM-GO), líder do Democratas na Casa.
A Oposição aceitou votar por acordo a MP 521, que resolveria o probelma de 27 mil médicos residentes em greve há dois meses, mas o requerimento de inversão de pauta encaminhado pela senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), a pedido da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que passou o dia articulando a votação no Senado, não foi aceito pelo PT e pela senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), relatora da MP 520.
- É uma escolha de Sofia, mas temos que garantir a votação da MP 520, porque depois a oposição vai obstruir e impedir sua votação se votarmos primeiro a 521 - disse Gleisi.
Ao final da votação, Jandira Feghali ficou revoltada e chamou de intransigente a decisão de Gleisi Hoffmann.
- O Senado não levaria cinco minutos para votar a MP 521, que resolveria um problema dramático dos médicos residentes que dão sustentaçao ao atendimento nos hospitais. Mas por vaidade pessoal a senadora Gleisi e o PT não aceitaram o acordo para inversão de pauta. Foi uma avaliaçao errada que prejudicou toda uma categoria. Uma irresponsabilidade pública, porque a oposição ia obstruir a 520 de qualquer jeito, antes ou depois - criticou Feghali.
Agora a validade das duas MPs fica nula a partir de hoje
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