por Reinaldo Azevedo
Todos já sabiam que Ideli Salvatti não reunia condições, digamos assim, intelectuais de ser a coordenadora política do governo. Sua inteligência política sempre foi correspondente à sua elegância em plenário, ao tempo em que funcionava como pit bull do lulismo para as tarefas mais escabrosas: melar a CPI do mensalão, defender José Sarney, alinhar-se com Renan Calheiros… Era passar a missão, e Ideli executava. Muito bem! A VEJA desta semana traz uma revelação escabrosa: ELA PARTICIPOU, COMO SENADORA E LÍDER DO PT, DE UMA REUNIÃO COM O ALTO COMANDO DOS ALOPRADOS NO GABINETE DE ALOIZIO MERCADANTE E FOI A PRIMEIRA A MOBILIZAR A IMPRENSA PARA FAZER A “DENÚNCIA”. MAIS: MANIPULOU OS DOCUMENTOS FALSOS DO CRIME. Aconteceu no dia 4 de fevereiro de 2006, 11 dias antes de estourar o imbróglio. Lá estavam, além dos atuais ministros, Expedito Veloso, Osvaldo Bargas e Jorge Lorenzetti. Leiam trecho da reportagem de Hugo Marques e Gustavo Ribeiro:
Logo depois do encontro, do gabinete da senadora foi iniciada a preparação do que deveria ser a etapa derradeira do plano - a publicação do falso dossiê. As negociações do PT com os empresários que atuariam na farsa já estavam acertadas. Os criminosos queriam 20 milhões de reais pelo serviço, mas acabaram aceitando o valor de 1,7 milhão de reais oferecido pelo partido, dinheiro que Mercadante se comprometeu a conseguir com a ajuda do ex-governador Orestes Quércia, segundo as revelações de um dos participantes da reunião, o bancário Expedito Veloso. Na reunião, os cinco - Mercadante, Ideli, Expedito. Lorenzetti e Bargas - manusearam uma lista com números de cheques e fotos de um empresário já falecido que, na montagem da história, seria apresentado como elo da quadrilha com os tucanos. Uma cópia do material foi deixada com a senadora. E ela deu início ao que deveria ser a apoteose do trabalho: procurou jornalistas interessados em divulgar o conteúdo, exibiu os papéis e disse que aquilo era apenas uma pequena amostra da munição que o PT tinha para fulminar os tucanos. Ela conhecia todos os detalhes do dossiê e deixou sua assessoria à disposição para ajudar no trabalho de divulgação. A senadora, aliás, não escondia os motivos de seu empenho: as revelações, segundo ela, atingiriam Serra e beneficiariam o PT na eleição em São Paulo, mas também repercutiriam na disputa presidencial em favor da reeleição do presidente Lula.
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