Mais de cem naves já foram à Lua, inclusive seis levando astronautas dos EUA, mas uma importante informação sobre o satélite natural da Terra continua faltando o que existe dentro dele.
Aprender sobre o interior da Lua é o objetivo primordial da nova missão da Nasa, chamada Laboratório de Recuperação da Gravidade e Interior (Grail, na sigla em inglês, que também significa "graal"). O lançamento está previsto para quinta-feira, às 8h37 (9h37 pelo horário de Brasília), na Base Aérea do Cabo Canaveral.
A bordo do foguete United Launch Alliance Delta 2 viajam dois satélites idênticos, projetados para revelar os altos e baixos do campo gravitacional lunar, o que dará aos cientistas pistas sobre seu interior.
Em geral, a Lua tem cerca de um sexto da gravidade da Terra, mas tal força não é distribuída de forma homogênea. Na Lua, uma montanha na verdade pode ser oca, gravitacionalmente falando.
"Às vezes a gente vê uma montanha grande e espera um sinal gravitacional forte, mas na verdade não tem nenhum sinal gravitacional (adicional)", disse Sami Asmar, cientista-adjunto do projeto no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.
Da mesma forma, mapas gravitacionais das planícies lunares mostram bolsões inexplicáveis de gravidade extra, o que indica depósitos ou estruturas subterrâneas. Conhecer a estrutura interior da Lua é visto como algo crucial para remontar a história do que aconteceu por lá desde a formação do satélite, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Os cientistas acreditam que a Lua foi "construída" com enormes pedaços de material expelidos da Terra após uma colisão com um objeto que poderia ser tão grande quanto Marte. Além de desvendar a história lunar, os cientistas do Grail pretendem extrapolar suas conclusões para outros corpos rochosos, tanto no nosso Sistema Solar quanto eventualmente além dele.
As duas sondas farão uma lenta viagem até a Lua, chegando lá na virada do ano. Após alguns meses de manobras para entrar na órbita adequada, eles passarão 82 dias sobrevoando os polos lunares, comunicando-se por rádio.
Quando uma das sondas passar sobre uma região com gravidade maior, ela irá se acelerar momentaneamente, distanciando-se da sua "irmã". De forma análoga, regiões menos densas também afetarão a posição dos satélites. Usando as ondas de rádio como régua, alterações de apenas um mícron (um milésimo de milímetro) podem ser detectadas.
De posse dos mapas gravitacionais, os cientistas poderão usar modelos computadorizados e dados de missões anteriores para determinar se o núcleo da Lua é sólido, líquido ou uma combinação de ambas as coisas, e quais elementos ela contém.
"Na verdade acho que nos próximos cinco anos iremos re-escrever os livros relacionados à nossa compreensão dos planetas rochosos", disse Maria Zuber, cientista-chefe do Grail, ligada ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
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