domingo, 14 de novembro de 2010

BILHÕES PARA LÁ, BILHÕES PARA ACOLÁ


Claudio J. D. Sales, do Instituto Acende Brasil, denuncia em artigo no Estadão, a injeção de dinheiro público federal na Celg, estatal elétrica de Goiás, que possivelmente nunca será mais recuperado.

Expõe, na sua crueza, uma das mazelas do setor, aquele que é acompanhado de perto pela “Mãe do Brasil” e do qual, informa-se na imprensa, ela pretende continuar cuidando pessoalmente.

De saída, vocês notarão o seguinte: o fato de a Celg, a empresa goiana de distribuição de energia, ser uma estatal custou aos brasileiros, numa penada só, a bagatela de quase R$ 4 bilhões!

Gastança de milhões é coisa do velho Brasil. No novo, tudo se mede aos bilhões.O busílis é o seguinte: o governo federal resolveu salvar a estatal Celg com um empréstimo da Caixa Econômica Federal ao estado de Goiás no valor de R$ 3,7 bilhões. Um troço, assim, mamão com açúcar: juro de 6% ao ano, 20 anos de prazo para pagar e dois anos de carência.

Desse total, R$ 1,7 bilhão servirá para quitar dívida do estado com a empresa, e R$ 2 bilhões entram no caixa da estatal como aporte de capital. A Eletrobras meterá outros R$ 140 milhões na companhia, elevando a sua atual participação, que hoje é de 6%, e ganhando um assento na diretoria. O acordo foi feito na boca da urna, e tanto Dilma como o candidato do Planalto ao governo do Estado, Iris Rezende, receberam o apoio do atual governador, Alcides Rodrigues.

Não adiantou: elegeu-se o tucano Marconi Perillo.Alguma coisa contra Goiás? Ao contrário! Tudo a favor. A questão é saber o que levou a Celg a necessitar da dinheirama.

A resposta, numa empresa que fornece esse tipo de serviço, é uma só: gestão desastrosa em razão da politicagem. E é para isso que serve boa parte das estatais. Não se trata aqui de debater o caso da empresa goiana em particular. Até porque, de fato, não é a única. Sales lembra: “As distribuidoras de energia elétrica geridas pela Eletrobrás (Amazonas Energia, Ceron, Eletroacre, Ceal, Cepisa e Boa Vista) são alvos históricos de interferência política e estão entre as que apresentam o pior desempenho no setor elétrico. Os seus custos operacionais superam em 36% o valor que a Aneel estabelece como razoável. E a rentabilidade dessas empresas, entre as mais baixas do setor, ameaça a própria sustentabilidade das concessionárias.”

A partir de 1º de janeiro, Marconi Perillo (PSDB), que o Planalto tentou derrotar, assume o governo do Estado. Pode, em tese, interferir para mudar o rumo e o destino da Celg.

Mas também ele chega com tais e tantas obrigações políticas, porque é essa a natureza do jogo. Havendo amparo legal para isso, deveria fazer uma licitação, concorrência ou sei lá o quê para tentar dar uma gestão profissionalizada à empresa, tirando-a da barafunda em que se encontra.

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