terça-feira, 2 de agosto de 2011

EMPURRADA PELA IMPRENSA


Merval Pereira, O Globo

A presidente Dilma começou a utilizar os mesmos métodos que o seu tutor, o ex-presidente Lula, usava quando não queria resolver os problemas. Quando recebeu a denúncia da existência do mensalão, feita pessoalmente pelo então líder do PTB, Roberto Jefferson, o presidente Lula, em vez de acionar a Polícia Federal ou mandar abrir uma investigação através da Corregedoria Geral da União (CGI), pediu que o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia, e o ministro das Relações Institucionais, Aldo Rebelo, do PCdoB, investigassem o assunto.

Como era de se esperar, os dois não encontraram qualquer indício do fato, e o assunto morreu até que Roberto Jefferson denunciasse o esquema em uma entrevista à "Folha de S.Paulo".

No caso do Ministério da Agricultura, feudo do PMDB, onde haveria uma "central de negócios" montada sob a chefia do ministro Wagner Rossi, a mudança de estilo em relação às atitudes que tomou contra a "central de negócios" montada pelo PR no Ministério dos Transportes foi significativa.

Até o momento, a presidente Dilma Rousseff vinha sendo mais diligente com as denúncias de corrupção: prometeu uma faxina "sem limites" no Ministério dos Transportes, dominado pelo PR, e garantiu que qualquer denúncia seria rigorosamente apurada.

É verdade que nenhum dos casos envolvendo corrupção naquele ministério foi descoberto pelos órgãos fiscalizadores do governo, embora a Polícia Federal viesse tratando do assunto há muitos meses, já no governo Lula, quando o esquema dos Transportes foi montado.

A inépcia do governo chegou ao ponto de nomear Marcelino Augusto Rosa para coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ele que já respondia a processo disciplinar da Controladoria Geral da União (CGU), acusado de favorecimento de empreiteiras, e cuja mulher, Sônia Lado Duarte Rosa, representava empreiteiras em grandes obras.

Os dois eram conhecidos em Brasília como "casal Dnit", mas foi preciso que O GLOBO denunciasse o escândalo dentro do escândalo para que Marcelino fosse demitido horas depois de ter sido nomeado.

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