domingo, 14 de agosto de 2011

QUEM VAI PARA ROSSI?


Aberta há pouco mais de um ano, firma no interior de SP é uma das dez que mais receberam verbas da pasta em 2011

Um dos sócios, que vive na periferia de BH, nega ser laranja; dirigente da Conab afirma que não existe irregularidade

Breno Costa, Folha de S. Paulo

O Ministério da Agricultura pagou R$ 6,5 milhões neste ano para uma empresa registrada em nome de laranjas e com sede de fachada.

Com um ano e dois meses de atividade, a Commerce Comércio de Grãos Ltda. está entre as dez empresas que mais receberam dinheiro do ministério em 2011, ficando atrás apenas de gigantes do setor de alimentos como a Bunge, Cargill e Amaggi.

Os pagamentos foram feitos entre fevereiro e maio como prêmio pela compra de milho de produtores rurais feita pela Commerce.

Esse é um incentivo dado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por meio de leilões, para evitar o acúmulo de estoques quando o preço de mercado está abaixo do mínimo definido pelo governo.

O responsável pela liberação do pagamento é o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, funcionário de carreira do órgão e içado ao posto quando o hoje ministro Wagner Rossi (PMDB) presidia a Conab.

Moraes Filho virou homem de confiança de Rossi, a ponto de seu nome ter sido defendido pelo ministro, este ano, para ocupar cargo estratégico de secretário de Política Agrícola da pasta.

Um dos sócios da Commerce Comércio de Grãos, Ivanilson de Carvalho Rufino, disse que os R$ 6,5 milhões recebidos do Ministério da Agricultura foram "um achado de Deus", obtidos pelos méritos da empresa, "com luta, com trabalho".

"Faço negócios com eles [irmãos Stein Pena], só negócios", disse à Folha. "Quem dera [ser laranja]. Eles são ricos, eu sou pobre."

Rufino se recusou a dar detalhes sobre a Commerce.

Questionado se ele era dono ou apenas funcionário da empresa, respondeu: "Isso não é da sua conta".

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