domingo, 7 de agosto de 2011

SEMANAS CADA VEZ MAIS LONGAS

Por Lauro Jardim

Foi uma semana longa para Dilma Rousseff, daquelas que não acabam mais. Começou já no sábado de manhã, quando VEJA chegou às bancas com a entrevista de Oscar Jucá (“”Ali na Conab só tem bandido”"). Três dias depois, o Senado aprovou uma CPI para investigar as encrencas rodoviárias do governo. E manteve-se em ponto de combustão com as incontinências verbais de Nelson Jobim. Na sexta-feira, a S&P deu um empurrão no pânico econômico global ao cravar que os EUA não são mais um país AAA. Parecia o gran finale. Mas novas revelações de VEJA, publicadas ontem, levaram o número dois do ministériio da Agricultura a pedir demissão. Agora, o imbróglio é no topo de um ministério comandado pelo PMDB – mais do que isso comandado por um dos melhores amigos de Michel Temer, Wagner Rossi.

Tudo isso somado já daria dor de cabeça sufuiciente para Dilma Rousseff. São encrencas dentro do governo, nas suas relações com o Congresso e na economia. Nos próximos dias, Dilma tentará equilibrar-se nesta corda bamba. Não é tarefa para qualquer um. Cada um desses pepinos tem vida própria e tende a continuar a perturbar o governo.

No Senado, por exemplo, mal conseguiu sepultar a CPI que investigaria as estrepolias nos Transportes – a um custo sempre grande, pois é obrigatório render-se aos pedidos não republicanos de alguns senadores – Dilma está diante de um fantasma com o mesmo poder de assustar. Trata-se de uma CPI destinada a investigar o BNDES.

Ou mais precisamente os empréstimos que o BNDES deu nos últimos anos para criar os chamados ‘campeões nacionais’ e as obras das grandes empreiteiras em cerca de 40 países latinoamericano e da África. Esta CPI já conta com 22 das 27 assinaturas necessárias para sua instalação. Quem conhece a alma do Senado avalia que as assinaturas que faltam devem aparecer nos próximos dias.

A partir daí, se a CPI nasce de fato dependerá da capacidade do governo de ceder. Os heterodoxos senadores só retirarão seus nomes dali se receberem algo em troca. Em resumo, num Senado onde tem, em tese, maioria fiolgada, o governo está tendo que ceder mais do que devia.

E olha que já cedeu na semana passada, quando autorizou o pagamento de 150 milhões de reais em emendas parlamentares de deputados e senadores. Cedeu também, desta vez sem alarde, nos Transportes: uma comissão de altíssimo nível, composta dos senadores Magno Malta, Clésio Andrade e Blairo Maggi está aceertando nomeações para o , veja sõ, ministério dos Transportes. O mesmo que acabou de passar por meia faxina. Dilma corre o risco de em breve precisar de mandar comprar mais desinfetante.

Tudo isso acontece em meio a um cenário global de crise. Ninguém pode precisar ao certo como o mundo amanhecerá na segunda-feira, o primeiro dias útil pós-rebaixamento dos EUA e com a possibiliodade do contágio da gripe europeia cjhegar a França e a Inglaterra. O que se sabe com certeza é que Dilma será obrigada a dividir seu tempo entre diminuir a chama da crise no governo, no Congresso e a da economia.

Na quarta-feira, será divulgada a pesquisa CNI/Ibope. Como foi a campo há duas semanas, num ambiente muito mais calmo e logo depois de o IBGE anunciar uma taxa recorde de empregos e que a renda do trabalhador continuava subindo, o resultado será um bálsamo para Dilma. Sua popularidade subirá em relação ao que foi registrado no final de março pela mesma CNI/Ibope. O governo poderá até marqueter esses números. Mas sabe que são percentuais que retratam outra realidade.

O quanto tudo isso já paralisa a máquina governamental não se sabe. Certamente, é cedo para medir a extensão de tanta confusão. Não é pouca coisa mudar o ministro da Casa Civil, o de Articulação Instituciional, de Transportes e o da Defesa em apenas sete meses de governo. (Por generosidade, não entra nesta conta a troca no inútil ministério da Pesca) Mas não é difícil se prever mais uma semana longa, daquelas que parecem não acabar mais para Dilma.

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