terça-feira, 6 de outubro de 2009
CINEMA: "A Vida Secreta das Abelhas"
A vida secreta das abelhas, filme dirigido por Gina Prince-Bythewood e inspirado no romance homônimo de Sue Monk Kidd, é bom exemplo de como a questão racial continua passível de debate mesmo em tempos de aparente caminhada rumo à tolerância como os nossos.
Em A vida secreta das abelhas, Lily (Dakota Fanning, ainda a melhor jovem promessa da interpretação cinematográfica americana nos dias de hoje) é uma menina que vive apenas com o pai, anos depois da morte da mãe. A ação se ambienta nos anos 1960, o presidente americano Lyndon B. Johnson garantiu igualdade legal aos negros nos Estados Unidos, mas os setores conservadores da sociedade branca lutam, a qualquer preço, para impedir o exercício efetivo desta igualdade. Lily foge da agressividade de seu pai, ao lado de Rosaleen, a empregada negra que foge da violência social, e encontram refúgio com as irmãs May, June e August Boatwright (a última é interpretada por Queen Latifah, outra que brilha nas imagens do filme), onde vão adquirir os instrumentos para lutar pelo amor e contra a injustiça – e descobrir, também a verdade sobre os pais da menina.
É enredo típico de drama. A diretora encontra a dose certa, em parte graças à postura narrativa mencionada acima. Do choque entre o aspecto emocionante do drama e o caráter épico da narrativa, surge um conjunto que reforça a intenção política da obra: A vida secreta das abelhas, ao promover o choque entre estas duas dimensões possíveis ao enredo, acaba colocando o espectador na posição de juiz das ações a que assiste, em vez de deixá-lo simplesmente como personagem que vive, pela identificação, os sentimentos das personagens. Assim como veremos as heroínas transitarem da passividade à ação, realizaremos, num plano intelectual, processo semelhante.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário