domingo, 8 de novembro de 2009

LIBERDADE DE IMPRENSA
























O jornal "O Estado de São Paulo" completou 100 dias sob censura. A situação da liberdade de imprensa na América Latina piora a cada dia.

Dos países latino-americanos, somente o Haiti subiu no ranking da Repórteres Sem Fronteiras entre o primeiro e o mais recente levantamento feito pela organização. Para atribuir a posição de cada país, a entidade leva em conta episódios de violência contra jornalistas (como ameaças, detenções, agressões físicas e assassinatos) e órgãos de imprensa (censura, assédio governamental, pressões econômicas). São levados em conta não apenas abusos atribuídos a agentes do Estado, mas também a milícias armadas, organizações clandestinas e grupos de pressão.

Cinco dos sete maiores tombos no ranking ocorreram em países marcados pela influência de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, país que caiu 47 posições desde 2002.

"Não é nada bom o caminho que as Américas estão seguindo", disse Robert Rivard, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), ao comentar o grau de tensão entre imprensa e governos. Rivard também citou países sob a órbita chavista, como Bolívia, Nicarágua e Equador, como focos de preocupação. A situação de Honduras, que já era vista pela SIP como problemática quando Manuel Zelaya - um aliado de Chávez - estava no poder, piorou após o golpe que derrubou o presidente.

Mas o dirigente da SIP também destaca o agravamento da situação no México, por conta da corrupção e da violência do crime organizado, e na Argentina, país-sede da assembleia que a SIP promove até a próxima terça-feira.

A relação entre o governo argentino e o grupo midiático Clarín é marcada por ataques mútuos desde 2008, quando o casal Cristina e Néstor Kirchner - presidente e ex-presidente, respectivamente -, acusou a imprensa de favorecer os fazendeiros que promoviam greve contra um aumento de impostos.

Na Bolívia e no Equador, como na Venezuela, o tom beligerante dos governantes em relação à imprensa é usual. O presidente equatoriano, Rafael Correa, já chamou uma jornalista de "gordinha horrorosa" durante um evento público. Correa também provocou polêmica ao propor uma lei para regulamentar a imprensa. Após protestos de entidades internacionais, o governo admitiu submeter o projeto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O boliviano Evo Morales disse, no final do ano passado, que "só 10% dos jornalistas são dignos". Morales acusa a imprensa de estar a serviço das "oligarquias". Mas as reações a seus métodos não vêm apenas dos setores empresariais. "Depois de resistir a tentativas de controle por parte da direita, agora vemos com pesar que um partido que chegou ao poder encarnando as aspirações de setores populares utilize os mesmos métodos e argumentos do fascismo para tentar domesticar os trabalhadores da imprensa", declarou, em manifesto lançado em março, o principal sindicato de jornalistas da Bolívia.

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