quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O QUE VAI SER DO FUTURO DA HUMANIDADE?


A água que gasta no banho, a comida que põe no prato e até o tempo em que deixa a luz acesa. O consumo de recursos naturais de uma pessoa pode ser convertido em área. Cálculos internacionais indicam que, para sustentar seu estilo de vida, o brasileiro precisa em média do equivalente a três Maracanãs por ano – área usada, por exemplo, para cultivar alimentos, gerar energia e construir infraestrutura urbana.

Esse cálculo é conhecido como pegada ecológica, termo criado em 1990 pelos pesquisadores americanos Mathis Wackernagel e William Rees. A pegada usa como unidade o hectare global, que, como o hectare normal, tem 10 mil metros quadrados, mas mede a capacidade de produção de recursos naturais de toda a superfície terrestre – o que inclui áreas de cultivo, florestas, rios e mares, mas não desertos e geleiras. O cálculo pode ser tachado de arbitrário, mas é uma forma de dimensionar o impacto que cada pessoa causa sobre o planeta.

No mês passado, a ONG americana Global Footprint Network divulgou um índice atualizado com a pegada ecológica do Brasil e de outros 150 países, baseado em dados das Nações Unidas de 2006. De acordo com ele, cada brasileiro tem um pegada de 2,25 hectares globais, ou seja, a produção de tudo o que consome precisa de 22,5 mil metros quadrados.

A média brasileira é um pouco menor que a mundial, segundo a qual cada pessoa na Terra consome 2,6 hectares globais por ano. Mas, e aí está o problema, a Global Footprint calcula que o total disponível de área produtiva no mundo, a chamada biocapacidade, é de apenas 1,8 hectare global por pessoa. Além disso, a biocapacidade vem diminuindo – seja pelo aumento da população ou pela degradação de solos e mares.

Isso significa que os 6,6 bilhões de habitantes do mundo consomem juntos quase 1,5 planeta Terra por ano, com base nos dados de 2006. Ou seja: a população hoje usa em 1 ano recursos que o planeta só consegue repor em 18 meses. No relatório de 2008, baseado em dados da ONU de 2003, a humanidade consumia 1,3 planeta.

Segundo a pesquisa da Global Footprint, se nenhuma mudança for feita na velocidade do consumo e na taxa de crescimento da população, a escassez de recursos naturais pode se tornar realidade antes de 2050.

Apenas dez países são responsáveis por 50% da pegada ecológica mundial, e o Brasil está entre eles. No topo da tabela estão Emirados Árabes e Qatar. “Os dois são grandes exportadores de petróleo por um lado e, por outro, importam praticamente tudo o que consomem, porque tem uma área pequena e pouco produtiva para dar conta do seu consumo interno”, explica a diretora de Estratégias da Global Footprint, Jennifer Mitchell. Isso faz com que cada morador desses países tenha pegadas ecológicas próximas de 10 hectares globais.

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