Fonte: Folha Online-Blog do Josias
Relatório do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) carboniza a versão oficial que atribuíra a raios o apagão do dia 10 de novembro.
Datado de quarta-feira (3), o documento do Inpe foi divulgado nesta sexta (4). Traz a palavra final e oficial do órgão.
Em essência, o instituto, que pende do organograma do Ministério da Ciência e Tecnologia, concluiu o seguinte:
1. Na tarde do dia 10 de novembro, “horas antes da interrupção do fornecimento de energia elétrica [...], as linhas de transmissão do sistema Itaipu foram atingidas diversas vezes por descargas atmosféricas com intensidades superiores a 50 kA”.
2. No horário do apagão, 22h13 da noite de 10 de novembro, “a atividade de descargas tinha diminuído consideravelmente em relação à atividade registrada ao longo do dia”. Os raios eram, então, mais fracos.
3. Minucioso, o relatório do Inpe analisa as condições atmosféricas na região da subestação de energia de Itaberá (SP) entre 22h12 e 22h14.
4. Informa que, entre o minuto que antecedeu o apagão e o minuto imediatamente posterior, havia em Itaberá “descargas de fraca intensidade (16 kA)”.
5. Além de anêmicos, os raios caíram a uma distância de “9,2 km de uma das linhas [de transmissão] de 600 kV e a mais de 30,5 km da subestação de Itaberá”.
6. O Inpe estimou “as probabilidades individuais de que uma descarga tenha atingido diretamente cada uma das cinco linhas de transmissão de Itaipu ou a subestação de Itaberá”.
7. O instituito informa: “Em todos os casos, as probabilidades individuais são baixas (inferiores a 15%) para descargas fracas, isto é, com intensidades inferiores a 25 kA. Para descargas com intensidade acima de 25 kA, as probabilidades são praticamente nulas”.
8. Quem lê o texto é conduzido a um veredicto incontornável: o curto-circuito em série que desligou da tomada 18 Estados brasileiros na noite de 10 de novembro não pode ter sido ocasionado por raios.
9. Por quê? Na tarde daquele dia, período em que os raios eram mais fortes –acima de 50 kA— e atingiram “diversas vezes” as linhas de tramissão de Itaipu, o sistema elétrico não caiu.
10. Menos razões haveria para ser desligado às 22h13, horário em que os raios, além de infinitamente mais fracos –16 kA—, passaram longe das linhas –9,2 km— e mais distantes ainda da subestação de Itaberá –30,5 km.
11. No dia seguinte à data do apagão, o Inpe já havia praticamente descartado a hipótese de que raios tivessem causado o breu, desdizendo o que dissera o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) na noite da véspera.
12. Lobão abespinhara-se: "O Inpe não discordou. Um pesquisador fez manifestações de natureza pessoal. O presidente do instituto divulgou uma nota dizendo que aquela não era a palavra do Inpe...”
“...O instituto está estudando o assunto para ter uma manifestação sobre fenômenos climáticos, não sobre questões energéticas. Não é atribuição do Inpe opinar sobre energia elétrica. Ele opina sobre fatos climáticos e nada mais".
13. De fato, a primeira valiação do Inpe era preliminar. O instituto prometera análise mais completa e definitiva. A palavra final consta do documento que veio à luz nesta sexta.
14. Nas pegadas do apagão, com a elocidade de um raio, Lobão e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) deram o caso por “encerrado”.
15. Decorridos 25 dias, o caso continua em aberto. Afora as conclusões do Inpe, que afastam a hipótese dos raios, o brasileiro ainda não foi apresentado a uma versão que se sustente em pé.
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