sábado, 1 de maio de 2010

DÊ TEMPO AO TEMPO


Mesmo dizendo que não falaria de eleição, Lula defendeu a continuidade de seu governo. "Não é possível resolver o problema de 500 anos em oito. É preciso um sequenciamento. Dilma, você ouviu o que eu disse? Sequenciamento..."

Lula lembrou que a revista Time o colocou na lista das 25 pessoas mais influentes do mundo e que isso deixou a "elite brasileira" com inveja porque ele não sabe falar ingles.
"Daqui a pouco meu ego não vai caber nas minhas calças. Vou ter que ir a um alfaiate, porque o ego engorda", disse o presidente diante de um público de cerca de 10 mil pessoas.

"Quando eu deixar a Presidência vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política", disse, já chorando. "o que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer para ele 'bom dia, companheiro.'"

O presidente operário já começa a sentir os efeitos do fim do poder e não digo isso em tom irônico. Acontece com todo mundo.

Lula é realmente um fenômeno, oriundo da classe pobre chegou à presidencia de uma grande nação, quebrou um forte paradigma e até onde conseguiu, tentou fazer um bom governo. Limitado em tudo, a quebra de paradigma não garante competencia a ninguém, precisou de pessoas que o assessorassem e de alianças para governar, do contrário poderia até perder o mandato antes do fim.

Cercou-se de assessores e fez alianças que ao invés de lhe garantir, quase o levaram ao impeachement em 2005, só não aconteceu por timidez de uma oposição fraca. Recuperou-se, seguiu a linha de governo de Fernando Henrique e colheu um período de bonança economica plantada por seu antecessor.

Termina seu governo aos prantos, mas devia estar muito alegre com a sorte que teve. Ao invés de se dirigir ao que ele chama de 'elite brasileira" para se orgulhar de não saber ingles, Lula deveria ter agido diferente, teve tempo e oportunidade para isso.

Os trabalhadores brasileiros, aqueles que ele diz representar, são sedentos de aprendizado, que o diga o número de cursos oferecidos no horário de 23:00h até as 3:00h da manhã. Tem gente que só dorme 3 horas por dia, em função dos cursos que fazem nas madrugadas, sacrifício temporário, para garantir aprendizado e sucesso na profissão.

Mas Lula não, chegou ignorante na presidencia e preferiu continuar assim. Poderia ter aprendido ingles, ter feito um curso superior, tinha tempo para isso, aluguel, condução e roupa lavada, precisava só de vontade. Além de ser o presidente operário, poderia ter sido o exemplo do presidente que estuda e evoca todos os operários a estudar e melhorar o nível, com seu exemplo de aluno aplicado. E poderia dizer às "elites brasileiras", eu não sabia ingles, mas agora eu sei, "policy' não é polícia!

Fez a escolha de não aprender ingles e tudo o mais que poderia estudado e deixou de calar as vozes que o acusam disso.

Parece que ele acha que seu exemplo é admirado pelo trabalhador: não dar valor a livros e diplomas. Aí está seu engano, o trabalhador brasileiro quer mais do que isso e sabe que pode muito mais. A cada ano diminui a faixa de trabalhadores sem aprendizado, graças ao próprio esforço de cada um e pode ser que em 2014, quando muita água já tenha passado debaixo da ponte, a lembrança do líder operário descuidado com a educação já não desperte tanto interesse por uma classe trabalhadora cada vez mais educada.

Entendam, usei a palavra ignorante não no sentido pejorativo, mas no sentido de desconhecer determinado assunto, seja por falta de oportunidade ou simplesmente por falta de vontade de aprender. Eu mesmo sou ignorante em muita coisa, por falta de oportunidade.

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