segunda-feira, 28 de junho de 2010

CONFUSÃO DE ALIANÇAS


Em Minas Gerais, PT e PMDB, partidos da candidata de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, Dilma Rousseff, e de seu vice, deputado federal Michel Temer (SP), se aliaram na disputa pelo governo, mas muitas das outras legendas que apoiam a chapa petista ao Palácio do Planalto não fazem parte do palanque estadual. Caso do PSB, que apoia a candidatura de Dilma, mas que no estado está ao lado do candidato do PSDB ao governo mineiro, Antonio Anastasia. Apesar disso, não vai apoiar toda a chapa majoritária dos tucanos mineiros. No caso do Senado, o PSB vai de Fernando Pimentel, ex-prefeito de BH, indicado pelo PT para disputar uma das vagas da alta corte. A escolha do PSB é pragmática e aposta na popularidade dos maiores cabos eleitorais dessa disputa no estado: o presidente Lula e o ex-governador Aécio Neves, que também disputará uma vaga no Senado. Mesmo caso do PDT que nacionalmente apoia Dilma, mas na disputa local fechou aliança com o PSDB e avalia qual o melhor caminho seguir no caso das proporcionais, já que a principal preocupação da legenda é aumentar sua bancada de deputados.

Exemplos como o de Minas não faltam pelo país afora. Na sexta-feira mais uma capítulo dessa novela de traições e alianças esdrúxulas foi escrito. O PSDB anunciou que indicará o senador tucano Álvaro Dias (PR) para ser o candidato a vice na chapa presidencial de José Serra (PSDB), embolando de vez a disputa no Paraná. Lá o irmão de Álvaro Dias, o também senador Osmar Dias (PDT), ensaiava uma aliança com o PT e o PMDB na disputa pelo governo do estado. Agora pode desistir da candidatura ao governo e disputar mais um mandato no Senado, com o apoio do ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa, candidato do PSDB ao governo.

Até a senadora Marina Silva, candidata do PV, que deve disputar com chapa pura a Presidência da República, enfrenta traições e palanques duplos. No Rio de Janeiro, o candidato do PV ao governo, deputado federal Fernando Gabeira, tem como aliados os dois principais partidos que dão sustentação à candidatura de Serra, DEM e PPS, além do próprio PSDB. Na convenção do dia 19, que selou a aliança serrista de Gabeira, a foto de seu palanque era algo surreal. De um lado uma foto gigante de Marina Silva, do outro a de José Serra, no centro Gabeira discursava para a militância. Marina e Serra providencialmente se atrasaram para o evento e não chegaram a tempo de discursar nem dividir o mesmo palanque, muito menos tiveram de enfrentar tamanho constrangimento.

No Acre, a senadora também terá de dividir o palanque com a ex-ministra Dilma Rousseff. É que na terra natal de Marina o PV decidiu não lançar candidato ao governo do estado e sim apoiar a eleição do senador Tião Viana (PT), que foi companheiro de Marina de legenda e de lutas durante o tempo em que ela esteve filiada ao Partido dos Trabalhadores. Comandado nacionalmente pelo arqui-inimigo do governo Lula, o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) teve de enquadrar sua bancada para conseguir fechar uma aliança com o tucano José Serra, mas não escapou de dissidências. Em Alagoas, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB), candidato ao governo do estado, apoia a candidata de Lula, apesar de sua legenda integrar nacionalmente a aliança serrista. Dilma também contará com o palanque oficial de Ronaldo Lessa, que disputa o comando do estado pelo PDT, partido que nacionalmente integra a chapa da petista.

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