quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O MAIS MINEIRO DOS PAULISTAS


Em visita à Belo Horizonte, terra natal da adversária Dilma Rousseff (PT), na tarde desta quinta-feira, o candidato à presidência José Serra (PSDB) tentou vincular sua vida pessoal e política ao estado. Serra luta para reverter um quadro favorável à Dilma em Minas e particularmente na capital, cidade onde o candidato foi o terceiro mais votado no primeiro turno, atrás de Dilma e de Marina Silva (PV). O paulista disse que aprendeu a fazer política em Minas e lembrou de figurões mineiros, desde Juscelino Kubitschek até Carlos Drummond de Andrade. Serra esteve na capital mineira para um encontro com prefeitos e militantes do partido e, em seu discurso, disse que, apesar de ser paulista, aprendeu a fazer política em Minas Gerais, na Bahia e no Rio de Janeiro. Na ocasião, recebeu o apoio formal de Maristela Kubitscheck, filha do ex-presidente JK, e disse que o ''grande salto econômico de São Paulo foi dado com a condução de um mineiro'', relembrando a industrialização promovida por JK na década de 50. Durante seu discurso, Serra disse que pretende governar sendo 'o mais paulista dos mineiros e o mais mineiro dos paulistas'.

O candidato discursou envolto na bandeira de Minas Gerais, que recebeu, no palco, dos companheiros de legenda. O tucano também lembrou de Minas ao falar de sua formação literária.''O primeiro poeta que eu li foi um mineiro, Carlos Drummond de Andrade'' disse, citando também Guimarães Rosa, autor nascido em Cordisburgo.

Promessas

Durante o encontro, Serra aproveitou para prometer resolver as demandas mais aguardadas pelos mineiros. Disse que pretende fazer investimentos na BR-381 - que qualificou como ''estrada da morte'' - resolver a questão do metrô de Belo Horizonte, ampliar os aeroportos de Confins e da Pampulha e construir o Rodoanel. No entanto, ele não entrou em detalhes sobre como pretende sanar essas demandas.

Afago aos prefeitos

Com a presença de centenas de prefeitos no local - o candidato disse que eram cerca de 400, mas a organização do evento estima que foram 273 - José Serra prometeu realizar uma política municipalista, caso eleito, e afagou os prefeitos mineiros. O tucano foi acompanhado do trio vencedor das eleições em Minas - os senadores eleitos Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) e o governador eleito Antonio Anastasia (PSDB) - e discursou em favor de propostas reivindicadas pelos prefeitos, como a regulamentação da Emenda 29. O candidato acusou o governo federal de conceder isenções fiscais justamente aos impostos cuja renda é destinadas aos municípios. ''O executivo e o Congresso tomaram decisões que foram boas para a população, mas a conta quem paga são os municípios'', afirmou. Serra prometeu criar uma lei que vai promover o ressarcimento automático dos cofres municipais sempre que o governo federal conceder incentivos fiscais, proposta que foi aplaudida pelos participantes do encontro. ''Obra não se constrói com saliva, lançamento de pedra fundamental e de reinaugurações'', afirmou o tucano, sem citar nominalmente as ações do governo Lula.

Em seu discurso, Serra também prometeu desafogar o orçamento dos municípios na área da saúde, principalmente através da regulamentação da Emenda 29, que define as atribuições da União, estados e municípios nos investimentos na área de saúde. O candidato responsabilizou o governo federal pelas mazelas na área da saúde afirmando que, mesmo com maioria no Congresso, a base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não regulamentou a Emenda 29 e jogou para a oposição a culpa pelo fim da CPMF. ''O governo diz que a culpa da saúde é da oposição, da CPMF, mas a CPMF nem estava indo para a saúde. O governo tinha maioria e nunca mandou emenda nenhuma para o Congresso'', disparou.

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