domingo, 22 de agosto de 2010

HUMOR SEM CENSURA, VIDA SEM CENSURA




Bruno Mazzeo, Sabrina Sato, Danilo Gentili e outros humoristas famosos se reuniram neste domingo (22) para protestar contra a lei que proíbe os programas de humor de satirizar os candidatos políticos da próxima eleição brasileira, realizada no próximo mês de outubro. A passeata "Humor Sem Censura", aconteceu na orla do Rio de Janeiro, e contou com a apresença de uma multidão de pessoas.

Unidos pela primeira vez, os programas de televisão "Pânico na TV!", "Casseta e Planeta Urgente" e "CQC" marcaram presença no evento e vestiram a camisa da passeata, que estampava um "palhaço mudo".

É interessante que essa proibição só vem a calhar para os maus políticos, porque a sátira também promove, desde que o político não seja um ficha suja. Prevalece aquela máxima: quem não deve, não teme!

Se beneficia também o governo Lula, que fica protegido das críticas ao seu desempenho e apesar de deixar a "canela exposta' a todo momento para a crítica humorística, isso não pode ser aproveitado, por causa da censura.


O grupo Casseta e Planeta reclama de censura "velada" de Lula através de "recadinhos" tipo: "olha, a Marisa não gostou..."


Maria Adelaide Amaral, autora do remake TITI, da Globo, desabafou, nessa semana, contra a censura, inclusive dizendo que no governo corrupto de Collor se podia falar o que quisesse, diferente do atual governo. Ela diz que nesse governo, as pessoas se movem como em areia movediça, sujeita a processos e censura, citando o caso do jornal O Estado de São Paulo que continua sob censura.


Disse também, que um remake de "Que Rei Sou Eu?", seria impossível de fazer hoje, por essa situação de censura velada e por causa das "carapuças' que iam encaixar na cabeça de muitos políticos, além do fato da rede Globo sempre estar na mira do governo, não toparia fazer esse remake.


Maria Adelaide disse que adoraria fazer um remake de "Que Rei Sou Eu?" porque estamos vivendo um tempo de corrupção e de cinismo, impemsável, e a censura vem na forma de proteção à moral, aos bons costumes, quando na verdade quer encobrir a realidade.

Citou o poema atribuido a Maiakovski:
“Na primeira noite eles se aproximam / roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem : / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./ Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não dizemos nada.”

Maria Adelaide se diz apreensiva com o que pode vir pela frente. Pode vir coisa muito pior que a censura da ditadura, porque será censura misturada com cinismo, diz a autora. Recomenda que só se confie em Deus, e que está rezando todos os dias, porque é a única coisa que sobrou para nos apegarmos.

Repetiu que tem as piores perspectivas quanto ao futuro da liberdade de expressão, dizendo que é no sentido das mesmas coisas que nos levaram às ruas para lutar contra a ditadura, pode estar vindo coisa pior, patrocinada por pessoas consideradas da vanguarda política de antigamente, mas que agora não parecem preocupadas com a liberdade.

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