O Foro tem o propósito declarado de discutir alternativas populares e democráticas às políticas descritas pelo grupo como neoliberais e dominantes na América Latina da década de 1990 e promover a integração econômica, política e cultural da região.
Segundo a organização, atualmente mais de 100 partidos e organizações políticas participam dos encontros. As posições políticas variam dentro de um largo espectro, que inclui partidos social-democratas, organizações comunitárias, sindicais e sociais inspirados pela Igreja Católica, grupos étnicos e ambientalistas, organizações nacionalistas, partidos comunistas e grupos guerrilheiros. Esses últimas, porém, a exemplo das FARC, embora não tenham sido formalmente banidos do Foro,[1] têm tido seu acesso eventualmente dificultado.[2]
O Forum foi criado em 1990 pelo Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, onde a reunião realizou pela primeira vez. Desde então, o FSP tem acontecido a cada um ou dois anos, em diferentes cidades: Manágua (1992), Havana (1993), Montevidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Alegre (1997), México (1998), Manágua (2000), Havana (2001), Antígua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005), San Salvador (2007) e Montevidéu (2008).
A ideia do Foro de São Paulo surgiu em julho de 1990, durante uma visita feita por Fidel Castro ao Presidente Lula, em São Bernardo do Campo, e foi formalizada quando 48 organizações, partidos e frentes de esquerda da América Latina e do Caribe, atendendo a convite do Partido dos Trabalhadores, reuniram-se na cidade de São Paulo visando debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim (1989), elaborar estratégias para fazer face ao embargo dos Estados Unidos a Cuba e unir as forças de esquerda latino-americanas no debate das conseqüências da adoção de políticas neoliberais pela maioria dos governos latino-americanos da época.[3]
No encontro seguinte, realizado na Cidade do México, em 1991, com a participação de 68 organizações e partidos políticos de 22 países, examinou-se a situação e a perspectiva da América Latina e do Caribe frente à reestructuração hegemônica internacional. Na ocasião, consagrou-se o nome "Foro de São Paulo".[4]
O Foro funcionou sem um grupo executivo apenas na sua primeira edição. No segundo encontro, realizado na cidade do México, em 1991, foi criado" um grupo de trabalho encarregado de "consultar e promover estudos e ações unitárias em torno dos acordos do Foro". Já na reunião realizada em Montevidéu (1995), foi criado o Secretariado Permanente do FSB. Essas instâncias têm sua composição decidida a cada encontro e já foram integradas por organizações como: Partido dos Trabalhadores; FARC (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia–Ejército del Pueblo); Izquierda Unida (Peru); Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador); Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua); Partido Comunista de Cuba; Frente Ampla do Uruguai; Partido da Revolução Democrática (México); Movimiento Lavalás (Haiti) e Movimiento Bolivia Libre.
Os objetivos iniciais do FSP estão expressos na "Declaração de São Paulo",[7] documento final que foi aprovado no primeiro encontro, na cidade de São Paulo, em 1990. Os participantes manifestaram a "vontade comum de renovar o pensamento de esquerda e o socialismo, de reafirmar seu caráter emancipador, corrigir concepções errôneas, superar toda expressão de burocratismo e toda ausência de uma verdadeira democracia social e de massas."
A declaração afirmou, também, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Sandinista e apoiou as tentativas de desmilitarização e de solução política da guerra civil de El Salvador, além de se solidarizar com os povos andinos.
O texto definiu, adicionalmente, as bases de um "novo conceito de unidade e integração continental", que supõe: "defender o patrimônio latino-americano, pôr fim à fuga e exportação de capitais do sub-continente, encarar conjunta e unitariamente o flagelo da impagável dívida externa e a adoção de políticas econômicas em benefício das maiorias, capazes de combater a situação de miséria em que vivem milhões de latino-americanos."
A Declaração manifestou "compromisso ativo com a vigência dos direitos humanos e com a democracia e a soberania popular como valores estratégicos, colocando as forças de esquerda, socialistas e progressistas frente ao desafio de renovar constantemente seu pensamento e sua ação".
No II Encontro (México, 1991), surgiu a ideia de o FSB trabalhar também por maior integração continental, por meio do intercâmbio de experiências, da discussão das diferenças e da busca de consenso para ação entre as esquerdas. Os encontros seguintes reafirmam esta disposição para o diálogo entre as esquerdas, ao mesmo tempo em que — no cenário continental — cresceu a influência dos partidos participantes do Foro de São Paulo na política latino-americana, uma vez que houve a eleição de presidentes afinados com suas visões em vários países.
Atualmente, Lula se afastou da direção do Foro de São Paulo. Por outro lado, cresceu muito a liderança de Hugo Chávez.
Não há uma oposição organizada na América Latina ao Foro de São Paulo, apenas pequenos grupos de exilados e intelectuais liberais, tais como Unamerica, liderado por Alejandro Peña Esclusa, engenheiro venezuelano ligado à TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização católica politicamente conservadora, e o controverso movimento LaRouche, ligado à direita norte-americana. Peña Esclusa foi preso, acusado de terrorismo, em 13 de julho de 2010[8]. Em 1998, Peña Esclusa foi candidato à presidência da Venezuela, obtendo 0,04% dos votos, isto é, 2.424 votos sobre mais de 16 milhões[9][10]
A oposição ao Foro de São Paulo denuncia principalmente o narcotráfico praticado pelas FARC,[1][2] tendo ocorrido frequentes prisões de chefes das Farc pela DEA, a agência de combate ao tráfico de drogas dos Eua, como a ocorrida em 14 de abril de 2010, com a prisão, em Nova Iorque, dos guerrilheiros das FARC: Juan José Martinez-Vega, (o "Chiguiro)" e Erminso Cuevas Cabrera ( o "Mincho"),[11][12] e a prisão em Manaus, no Brasil, em 7 de maio de 2010, do segundo homem das Farc, José Sanchez, conhecido como Tatareto, com outras oito pessoas e portanto 45 quilos de cocaína.[13]
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