terça-feira, 6 de julho de 2010

"PRÉ-SAL? NÓS JÁ SABÍAMOS!"


Diante do maior desastre ecológico do mundo acontecendo no Golfo do México, onde um poço com apenas 2.000 m de profundidade desafia toda tecnologia disponível, hoje, para tapá-lo e interromper o derramamento de petróleo, uma carta enviada ao ex-presidente Itamar Franco pelo seu ex-ministro das Minas e Energia, em setembro de 2008, soa como pitoniza desse desastre ecológico, alerta e expõe a precipitação de Lula e Dilma, apressadinhos em colher sucesso a qualquer custo. Com vocês, Alexis Stepanenko e Itamar Franco:

Carta de Alexis Stepanenko, Ministro das Minas e Energia do Presidente Itamar Franco:

Caro Itamar Franco,

Tenho que tirar o chapéu para a capacidade do Presidente Lula em criar novidades sobre as coisas antigas.
Quando eu era o Ministro de Minas e Energia em seu Governo, a Petrobras já sabia da existência destas reservas que iam de Santos a Santa Catarina. O problema é que estão a mais de 2500m de profundidade e, hoje, foi comprovado que se encontram a mais de 3200m.

Qual era o problema?
Em 1993, não havia (nem hoje há), tecnologia para se chegar a essa profundidade. Apenas no ano passado conseguimos chegar a 2000m, a uma pressão dágua bárbara.
Comentei contigo que tínhamos reservas, mas não tecnologia para chegar lá, mas o CEMPES estava trabalhando para conseguir perfurar a essa profundidade.

Segundo os geólogos da Petrobras, nas priscas eras, os continentes da América do Sul e da África se separaram.
Nesta separação a costa ocidental da África (Nigéria, Angola, Guiné etc.) ficou com o petróleo mais perto da superfície e nós em águas profundas. Contudo, um dia chegaríamos a retirar petróleo destas nossas águas e o País seria independente.
Pois bem, ontem a Dilma anunciou essa 'grande descoberta', prevista para produzir petróleo daqui a 8 anos!
Essa profundidade, que nunca foi alcançada por ninguém, apresenta enormes desafios de engenharia para resolver a pressão dágua, a resistência de materiais, sondas adequadas etc. A engenharia da Petrobras tem trabalhado nestes problemas, mas não encontrou ainda todas as soluções. Contudo acho que estão prevendo que em 2015 terão desenvolvido e dominado a tecnologia para essa profundidade. Hoje, a Petrobrás não tem.
Estima-se que este petróleo deve ter um API de menos de 30°, talvez 25°. O que é isso? Petróleo muito pesado, parecido com o da Venezuela, mais custoso de refinar, pois rende 20% de combustíveis de cada barril extraído.
O custo médio atual no Brasil, desse petróleo, para a Petrobras deve estar por volta de US$12 a 13,00. O petróleo leve, como o encontrado no Oriente Médio, rende 50% de combustíveis e custa talvez US$1 a 2,00 o barril.
Onde se vê como é um negócio de grandes lucros movido por uma especulação desenfreada na economia globalizada.

Claro que ao preço do barril de petróleo a US$93 a 96,00 vale a pena extrair óleo até das areias de xisto como fazem agora os canadenses. A mídia e o povo com essa 'descoberta' estão euforicamente enganados.
Nem se fala mais no problema do gás. O Sauer, que era o Diretor de Gás da Petrobras, nunca gostou de gás por ser um especialista em hidroelétricas...
Em nossa época, tivemos o pudor de não anunciar algo que era impossível de extrair, da mesma forma que nunca falamos dos 2.000 pontos de ouro na superfície que poderiam ser encontrados na Amazônia etc. e tal. Questão de pudor e de seguir a sua orientação de não chutar a torto e a direita para não criar falsas esperanças e especulações nas bolsas de valores.
Não creio que os técnicos da Petrobras quisessem divulgar a 'descoberta.
Devem ter sido pressionados para dar uma noticia que acabasse com a 'crise do gás'.
E assim vamos, no vai da valsa...

Abraços,

Alexis Stepanenko

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