sexta-feira, 9 de julho de 2010

SEM TERRA BEM SUCEDIDO


Fundador do PT, o dirigente da Anara(Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária), Bruno Maranhão é um velho amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época da invasão ao Congresso em 2006, integrava a Executiva Nacional do partido. Hoje, ainda influencia no diretório regional em Pernambuco.
Usineiro, de família rica, Maranhão fundou o Movimento pela Libertação dos Sem-Terra em 1997, como dissidência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

O relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) em todos os convênios da Anara com o Incra, nos últimos cinco anos, revela que a entidade apresentou recibos e notas fiscais sem ligação com os projetos e transferiu recursos a mais de 80 pessoas físicas sem justificativas. "Esses gastos podem ter sido realizados em qualquer finalidade", dizem os auditores. "Não há informações que vincule os pagamentos realizados a quaisquer despesas, nem tampouco há documentação que comprove despesas em nome das pessoas", ressaltam.

Notas fiscais para alimentação, por exemplo, omitem o evento ao qual estariam relacionadas. Uma prática foi comum em todos os projetos: a Anara não entregou documentos que comprovem a realização de licitações para a escolha dos fornecedores. A investigação do TCU mostra ainda que a entidade fez saques num valor total de R$ 1,1 milhão com cheques avulsos, contrariando a regra de que qualquer transação bancária deve ser especificada.

Apesar do relatório do TCU, o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) nega que tenha repassado recursos este ano e em 2008 para entidades ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). Ao lado do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o ministério afirma que os convênios firmados com entidades ligadas ao movimento não financiaram as recentes invasões de terras no país realizadas por integrantes do MST.

O ministério afirma que repassou o total de R$ 22,5 milhões entre 2003 e 2008 para a Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), a Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil), o Iterra (Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária) e a Anara (Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária) --entidades ligadas ao MST. O valor representaria 0,92% do total dos recursos liberados para convênios firmados pelo MDA no período, que somam R$ 2,4 bilhões.

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