quinta-feira, 15 de julho de 2010

"NÃO SOMOS CRIMINOSOS DE SÃO PAULO", disseram os cubanos

Os dissidentes cubanos que chegaram à Espanha falaram nesta quinta-feira com a imprensa e relataram os maus tratos sofridos durante os sete anos de prisão.

Seis dos onze ex-presos políticos contaram que as celas eram imundas e infestadas de ratos. Disseram que se consideram refugiados políticos, porque precisam de permissão do governo cubano para voltar à ilha.

Um deles, Omar Rodriguez, questionou as razões de o presidente Lula não interferir para evitar a morte do preso político Orlando Zapata, em fevereiro. Zapata morreu horas antes de Lula chegar a Cuba, depois de 85 dias de greve de fome. À época, Lula comparou os presos políticos cubanos aos presos comuns de São Paulo, condenou o uso da greve de fome e afirmou que era preciso respeitar a Justiça cubana.

"-Quando houve a tragédia de Orlando Zapata, Lula estava apertando a mão de Fidel e Raúl e não advogou nem levantou a voz para salvar a vida de Zapata. Aliou-se ao crime e não à Justiça. Orlando Zapata podia ter tido, mesmo que remotas, possibilidades de sobreviver se Lula tivesse intercedido pessoal e publicamente por ele. Diz que está feliz com a nossa liberação, mas nós estaríamos felizes se tivesse advogado por Orlando Zapata Tamayo", disse Omar Rodríguez Saludes.

Lula também foi acusado de manter um discurso populista, estar pensando na eleição e ser parcial por causa de sua amizade com o ex-líder cubano Fidel Castro.

- Não podemos esquecer que Lula continua com o discurso populista para a continuidade de seu partido no poder. Também não podemos esquecer que Lula sempre foi amigo de Fidel Castro. O que podemos esperar de Lula? Lula não tinha que criticar nem felicitar, e sim colocar-se à disposição da solidariedade, como a que recebemos de diversas organizações brasileiras, de direitos humanos e direitos civis, e apoiar a liberdade e a democracia em Cuba - disse Julio César Gálvez.

Ricardo González Alfonso acrescentou que 'é óbvio é que não somos criminosos de São Paulo nem viemos por uma situação econômica difícil de nosso país'.

- É preciso ter em conta que estamos sendo perseguidos por nossas opiniões que discrepam com o governo de Havana.

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